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Crônicas e Artigos

Ano 11 - N° 514 - 30 de Abril de 2017

ROGÉRIO MIGUEZ
rogmig55@gmail.com
São José dos Campos, SP (Brasil)

 



Há de fato uma moral espírita?
 

Está bem consolidada a visão de que a Doutrina espírita compreende aspectos científicos, filosóficos e morais, sendo o último basicamente desenvolvido em O Evangelho segundo o Espiritismo e na terceira parte de O Livro dos Espíritos.

Interessante notar, contudo, embora Allan Kardec tenha registrado inúmeras páginas explicando como funcionam os aspectos morais dentro do corpo doutrinário, exemplificando este entendimento de diversas formas, a rigor, o Codificador não criou uma moral espírita, ou por outra, uma moral elaborada especificamente para o Espiritismo. Todos os conceitos morais básicos descritos no Pentateuco espírita, sem exceção, não são novos, tampouco apresentam informações revolucionárias sobre o tema.

Muitos ainda não se deram conta desta realidade, pois desconhecem certas posições doutrinárias contempladas nas obras fundamentais, obras estas geralmente esquecidas pelos espíritas.

As leis morais hão de ter sido reveladas à Humanidade em todas as épocas, em muitas civilizações, por diversos mensageiros, iniciados ou missionários. Tome-se, por exemplo, estes conceitos emitidos por Jesus: Ele [Jesus] respondeu: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas (Mateus 22:37-40). Entretanto, estes dois significativos e fundamentais ensinos já haviam sido registrados há séculos atrás no Antigo Testamento:

1.           A instrução de amar a Deus está registrada no último livro do Pentateuco de Moisés – Portanto, amarás a Iahweh, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força - Deuteronômio 6:5;

2.           Enquanto o segundo mandamento vem de permeio a uma lista de orientações sobre condutas morais em sociedade - Não te vingarás e não guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou Iahweh - Levítico 19:18.

Como se observa nem mesmo conceitos consagrados emitidos por Jesus são originais, assim, não nos surpreendamos, pois não poderia ser diferente, porquanto, as leis divinas são únicas e imutáveis e foram divulgadas por emissários diversos em diferentes momentos, em diversas culturas, de maneira peculiar a cada grupo, é fato, às vezes também de forma parcial, mas a essência só poderia ser e foi realmente a mesma.

E foi o próprio mestre de Lyon quem por mais de uma vez confirmou esta realidade: Perguntam algumas pessoas: Ensinam os Espíritos qualquer moral nova, qualquer coisa superior ao que disse o Cristo? Se a moral deles não é senão a do Evangelho, de que serve o Espiritismo? [...] Não, o Espiritismo não traz moral diferente da de Jesus.1 (Negritamos.)

Mais à frente, na mesma referência, acrescenta: Jesus veio mostrar aos homens o caminho do verdadeiro bem. Por que, tendo-o enviado para fazer lembrada sua lei que estava esquecida, não havia Deus de enviar hoje os Espíritos, a fim de a lembrarem novamente aos homens, e com maior precisão, quando eles a olvidam, para tudo sacrificar ao orgulho e à cobiça?2(Negritamos.)


Observe-se nesta última passagem, Allan Kardec informando ter Jesus vindo para lembrar a lei divina, desta forma, só se pode concluir que ela já havia sido revelada no passado, senão não faria sentido dizer ser necessário recordá-la. E mais, esclarece que agora vem o Espiritismo para relembrar mais uma vez os conceitos divinos, através dos depoimentos e mensagens ditadas por uma multidão de Espíritos desencarnados, ou seja, pela voz dos chamados mortos.

Passaram-se oito anos, e o Codificador, agora em 1865, com conhecimentos ainda mais aprofundados sobre as leis de Deus, enfatiza na terceira obra do Pentateuco3: Jesus não veio destruir a lei, isto é, a Lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso é que se nos depara, nessa lei, o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, base da sua doutrina.

Complementando na mesma fonte4: O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos [...].

De fato, a Doutrina dos Espíritos foi ditada a Allan Kardec por Espíritos em sua grande maioria, ou talvez na totalidade, pertencentes à segunda classe da segunda ordem, a dos Espíritos superiores, conforme escala espírita contida em O Livro dos Espíritos, apenas uma classe antecedendo a dos Espíritos puros. Basta observar em Prolegômenos, segundo prefácio da abertura de O Livro dos Espíritos, quais entidades assinaram a comunicação registrada naquele introito.

Além disso, segundo o nosso entendimento e conhecimento, participou também da elaboração da obra um único Espírito puro, ou seja, o próprio Jesus, assim, nada a estranhar, porquanto estes Espíritos conheciam e conhecem perfeitamente as leis da vida, comunicando este cabedal de conhecimentos a Allan Kardec, e este, por sua vez, soube sabiamente bem registrar o que lhe foi revelado.

Contudo, de modo a não haver a menor sombra de dúvida sobre esta tese, pode-se relembrar de igual modo o que Allan Kardec escreveu, três anos mais tarde, em 1868, quando publicou a última obra fundamental: A moral que os Espíritos ensinam é a do Cristo, pela razão de que não há outra melhor.5

Vale observar também Allan Kardec, ao proferir a sua célebre máxima: Fora da caridade não há salvação, o fez quando desenvolvia o capítulo XV de O Evangelho segundo o Espiritismo, após comentar a Parábola do bom samaritano e o Mandamento maior, passagens da vida de Jesus onde o Nazareno esclareceu seus seguidores sobre a imperiosa necessidade do exercício da caridade, como prática única para se ter acesso ao reino de Deus. Além desta referência, usou também este lema em uma obra pouco conhecida, O que é o Espiritismo6, que foi publicada após o lançamento da pedra fundamental do Pentateuco espírita, O Livro dos Espíritos. Contudo, nesta outra citação faz menção direta ao Cristo, como sendo o inspirador da máxima: “eles [os Espíritos] não nos pregam que fora do Espiritismo não possa haver salvação, mas, sim, como o Cristo: Fora da caridade não há salvação.”

 

Referências:

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 93. ed. 2. imp. (Edição Histórica). Brasília: FEB, 2016. Conclusão VIII.

2 ____.____. Conclusão VIII.

3 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 97. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987. cap. 1, item 3, p. 57.

4 ____. ____. cap.1, item 9, p. 62.

5 ____. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. Caráter da revelação espírita, item 56.

6­­ ____. O que é o Espiritismo. Não consta o tradutor. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1973. cap. 1, Pequena conferência espírita – Terceiro diálogo – O padre.

Nota: As citações do Novo Testamento foram retiradas da Bíblia de Jerusalém. Trad. Gilberto da Silva Gorgulho et al. [6. imp.] São Paulo: Paulus Editora, 2010.



 


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