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Crônicas e Artigos

Ano 11 - N° 514 - 30 de Abril de 2017

CLÁUDIO BUENO DA SILVA 
Klardec1857@yahoo.com.br
Osasco, SP (Brasil) 

 

 

Falando do amor


 “As ideias do homem estão na razão do que sabe” ¹ - Allan Kardec
     
      

Encontrei, fortuitamente, uma conhecida a quem não via há muito tempo. Depois dos cumprimentos de praxe, conversamos um pouco e, numa empreitada que julguei oportuna e espirituosa no momento, convidei-a a juntar-se aos “Protetores dos Irmãos Menores”, de que faço parte. Ela me olhou desconfiada e imprimiu no rosto uma feição questionadora.

Antes que pairasse qualquer mal-entendido entre nós, apressei-me em explicar:

– Trata-se de um grupo de pessoas amigas protetoras dos animais e da natureza.

O que acabara de dizer só reforçou nela o semblante estranho e inquiridor. Parece que eu não tinha usado as palavras certas para me fazer entender. Compreendi que precisava estender-me um pouco mais na explicação:

– Veja, é simples. Há pessoas que têm afinidades umas com as outras. Isso as aproxima. São tendências, ideias, gostos, sentimentos similares que as fazem ser parecidas.

– No meu caso – continuei –, por gostar muito dos animais e me preocupar com questões que envolvem a vida na sua plenitude, busco conviver com pessoas que têm as mesmas preocupações. Quando soube desse grupo, aproximei-me e conheci o trabalho que realizava. Hoje sou um “protetor dos irmãos menores”, com várias tarefas na associação.

A jovem lançou-me um olhar de tal modo hebetado que, confesso, naquele instante, questionei a mim próprio se não estava a perder o meu tempo.

Contudo calculei, num relance, que minhas obrigações do dia podiam esperar um pouco. Calcei-me de indulgência e com um sorriso calmo e compreensivo me predispunha a ir mais fundo na orientação, quando ela, sem controle das travas da língua, despejou a opinião que tinha sobre o assunto:  

– Olhe aqui, amigo, eu o respeito bastante, mas que conversa fiada, hein! Onde já se viu perder tempo com animais?! Esse negócio de meio ambiente é coisa de estrangeiro!

Eu realmente não esperava, não estava preparado para aquele tipo de argumento, ainda mais assim, à queima-roupa. Esbocei reação, cortada energicamente pela minha interlocutora:

– Veja, há tanta coisa pra se fazer na vida, pessoas passando fome, gente doente, tragédia em todo canto, e você se preocupando com bicho, com plantinha! Este país não anda enquanto tiver gente pensando assim!

Do jeito que a coisa ia, ou vinha daquela boca a serviço de mente em desalinho, achei melhor aguardar que esgotasse a sua munição. Calei e arrumei-me na defensiva mental otimista.

Ela continuou elucidando suas razões práticas:

– Observe... Tem gente que não gosta de gente, vai gostar de animal?  Fala-se muito de poluição, desmatamento, coisas assim, mas como saber se é verdade? Tem muito dinheiro envolvido nisso... Não vale a pena, não! A vida é uma só e curta!

Pela respiração funda que ela deu, entendi que finalizara. Então, envolvi minha amiga num sorriso largo e sincero e fui me despedindo com um abraço, encerrando o rápido encontro. Aproveitei e lhe disse que gostei da sua franqueza, era a sua opinião e eu respeitava. E acrescentei meio de viés:

– Nosso caminho é ainda muito longo, temos muito que caminhar...

– Do que está falando?  – ela perguntou.

– Amor. Estou falando do amor – respondi.

E saímos, cada um numa direção.

 

    ¹ Revista Espírita, Allan Kardec, março de 1865, em “Onde é o céu?”.

    (Conto do livro Um sorriso como resposta, Mythos Books, 2011) 


 

 


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