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Crônicas e Artigos

Ano 11 - N° 511 - 9 de Abril de 2017

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS 
afv@uol.com.br 
São Paulo, SP (Brasil)

 



Quando o olho cresce


Em situações típicas de recessão como a que ora enfrentamos no Brasil, afloram mais acentuadamente certas características e comportamentos obscuros oriundos de não poucos agentes econômicos que tornam a vida, em geral, mais difícil. Em outras palavras, as provações coletivas tornam-se muito mais penosas. As crises, é verdade, são cíclicas e, desse modo, de tempos em tempos somos chacoalhados por uma onda de acontecimentos profundamente desestabilizadores que nos levam como uma enxurrada. Diante deles quase nada podemos fazer, tal o impacto que geram. A depressão econômica – fenômeno ao qual estão sujeitas praticamente todas as nações do planeta – é sempre devastadora para o bem-estar dos indivíduos e das famílias. Ainda não conseguimos criar sistemas imunes contra esse mal.

De um momento para o outro, o cidadão perde o seu emprego e, com ele, benefícios essenciais à sua existência. Aposentados enfrentam uma significativa redução do valor real (isto é, descontada a inflação) das suas já minguadas aposentadorias. Os pequenos empreendedores têm igualmente de lidar com a amarga redução dos seus negócios. De modo geral, a maioria sente, de uma forma ou de outra, os efeitos desarticuladores das crises quando elas assomam nas sociedades modernas. Eles trazem basicamente penúria e miséria em quase toda parte.

No entanto, há aqueles que buscam avidamente lucrar em meio à desgraça ou infortúnio alheio. Afinal de contas, quem nesse mundo já não passou pelo dissabor de ser achacado por algum, por exemplo, prestador de serviço numa hora de dificuldade? Quem já não percebeu que os aumentos de preços na feira nunca sofrem um movimento inverso, mesmo quando a safra ou a crise se esvai?

De maneira similar, quando a Petrobrás anuncia redução de preços na refinaria, o suposto benefício nunca alcança as bombas dos postos de combustíveis e, por extensão, os consumidores. Quem já não se sentiu lesado de alguma maneira na atualidade? Veio à tona muito recentemente a descoberta – embora, ainda não saibamos a extensão exata do delito – de que nós brasileiros temos consumido “carne podre” (em alguns casos, contaminadas pela bactéria salmonela) sob a complacência de fiscais corruptos. Fico sempre me perguntando se em outras nações desenvolvidas o valor do seguro de um automóvel também aumenta, mesmo quando o veículo envelhece e o seu valor de mercado se deprecia como ocorre aqui.

Enfim, foi com muito acerto que um recente editorial dessa revista observou: “O sentimento de tirar vantagem das situações, de cobiça, de subordinar o interesse alheio ao próprio interesse, é prática comum entre nós. Por incrível que pareça, é visto como virtude por muitas pessoas”. Infelizmente, os lobos do mundo são ovacionados em muitas instâncias. Em muitas ocasiões, os donos do capital e dos grandes empreendimentos empresariais são exaltados mesmo quando acumulam suas fortunas de forma nada elogiosa, para dizer o mínimo. 

Com efeito, não faz muito tempo que um determinado empresário brasileiro – considerado um verdadeiro Midas em certo momento – figurou como um dos homens mais ricos do mundo na revista Forbes. Lembro-me bem que o ufanismo nacional foi às alturas. O referido cidadão era tratado como uma celebridade nacional. Muitas pessoas faziam questão de fazer selfies com ele e assim por diante.

Ele chegou a escrever um livro com altíssima tiragem e deu palestras a multidões de pessoas ávidas por riqueza. Hoje se sabe que esse personagem não foi capaz de entregar o que prometia aos seus investidores e a sua “estrela” apagou. Pior ainda, descobriu-se que ele estava envolvido com políticos venais. Está agora confinado numa cela no estado do Rio de Janeiro com medo de ser morto. Não sai dela nem para tomar Sol. A triste história desse indivíduo fez-me recordar a advertência de Jesus: “Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? (Marcos 8: 34-36)”.

Já se identificou também que a outrora poderosa Construtora Odebrecht pagou, no período de 2006 a 2014, mais de 3,4 bilhões de dólares em propinas no Brasil e no exterior. Aliás, como estava certo o Mestre quando pronunciou: “[...] Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! 

Porque é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus (Lucas 18: 24-25)”. Políticos poderosos foram comprados aqui e lá fora, porque os seus “olhos cresceram” diante das oportunidades de riqueza fácil.

Vale frisar ainda o famigerado “jabá” que permeia todos os degraus da sociedade brasileira. Esse traço cultural abjeto – eminentemente imoral e dificílimo de dissipar – do caráter humano tem produzido esse mar de corrupção que aqui viceja. Em termos simples, o corrupto não aceita viver apenas com aquilo que Deus lhe reservou para a evolução do seu Espírito. O seu olhar ganancioso deseja mais e, ao satisfazer os caprichos espúrios que lhe brotam da alma desequilibrada, mais se afunda em torpezas.  

Nesse sentido, pondera o Espírito Emmanuel na obra Caminho, Verdade e Vida(psicografia de Francisco Cândido Xavier) que “Aqueles que exclusivamente acumulam vantagens transitórias, fora de sua alma, plenamente esquecidos da esfera interior, são dignos de piedade. Deixarão tudo, quase sempre, ao sabor da irresponsabilidade”. Por tudo isso, o momento presente incita-nos a profundas reflexões em torno dos bens materiais e de como os obtemos. Com efeito, há uma inquestionável necessidade de nos acautelarmos contra os males da avareza, já que “a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens (Lucas 12: 15)".

A transição planetária em andamento requer coragem e determinação de nossa parte para ajuntarmos, sim, “tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam” (Mateus 6: 20). Ao optar por viver da exploração dos semelhantes, em obter ganhos injustos pelo trabalho ou chafurdar nas riquezas passageiras conquistadas por meio de crimes ou ilicitudes, são criados fortes embaraços à real felicidade do indivíduo infrator.




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita