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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 10 - N° 510 - 2 de Abril de 2017

 
 

 

Mentiras, nunca mais!
 

Ricardo chegou da escola, jogou a mochila sobre uma cadeira e foi direto para a cozinha, onde sua mãe estava preparando o almoço.

— Oi, mãe!

— Olá, Ricardo! O que houve meu filho? — perguntou ao vê-lo, notando que algo não ia bem.

Com ar descontente, o garoto falou:

— Nada. Está tudo bem.

— Então por que essa carinha?

— É o Jorge, mamãe. Não aguento mais as mentiras dele!

— Tenha paciência, meu filho. Deixe que a própria vida ensine o Jorge que não deve mentir. A verdade sempre aparece.

— Eu sei, mamãe, mas não suporto mais ouvir tantas mentiras. Sabe o que ele disse hoje? A professora perguntou sobre as famílias dos alunos e ele contou que seu pai é um homem muito rico, que eles moram numa bela casa e que têm um carro último tipo! Mas sei que tudo isso é mentira! Tenho vontade de desmascará-lo perante a classe.

Dona Flora fitou o filho na sua indignação dos oito anos e afirmou:

— Mentir é muito feio, mas certamente o Jorge não faz por mal, meu filho. Além disso, ele não tem só defeitos. Todos nós temos qualidades e defeitos. Ele também deve ter qualidades, como todo mundo. Vamos ver: O que você acha que ele tem de bom?

Ricardo pensou... pensou... e respondeu, surpreso:

— Não sei. Nunca reparei!

— Aí está, meu filho. Você só viu o lado negativo do Jorge. Comece a observá-lo e descobrirá qualidades nele. Depois

voltaremos a conversar, está bem?  

O menino concordou.

No dia seguinte, lembrou-se do que conversara com a mãe e começou a prestar atenção no colega. Logo, na entrada, viu um garotinho que, apressado, derrubou todo o material no chão. Jorge correu e, abaixando-se, recolheu os objetos do menino.

“Ponto para o Jorge” — pensou Ricardo. Na hora do recreio, uma menina caiu e começou a chorar. Os colegas acharam graça e caíram na risada. Jorge, porém, aproximou-se e ajudou-a a se levantar, perguntando com delicadeza:

— Machucou? Venha. Vou levá-la para fazer um curativo.

— Não foi nada. Obrigada, Jorge.

Bateu o sinal e voltaram para a sala. Quando terminou a aula, Ricardo continuava observando o colega. Viu quando um garoto disse não ter entendido nada da aula de matemática. Jorge, prontamente, ofereceu-se para ajudá-lo.

— Mais tarde passo na sua casa e lhe explico a matéria. Verá como é fácil. Logo você estará entendendo tudo.

Ricardo estava cada vez mais surpreso. Chegou em casa e sua mãe perguntou:

— E então? Fez o que combinamos?

— Mamãe, você tinha razão! Ele é delicado, generoso, gentil, prestativo...
 

— Nossa! Tudo isso você percebeu num único dia?

— É. Como o julguei mal! Reconheço que estava errado.

E contou para a mãezinha tudo o que tinha visto durante aquele período na escola, e terminou dizendo:

— Sabe que até as mentiras dele nem me incomodam mais?

— Acredito, meu filho. É que o defeito da mentira tornou-se algo pequeno diante das qualidades dele. Só lamento porque, algum dia, ele vai sofrer por isso.

Uma semana depois, estavam na aula quando alguém bateu à porta. Era um homem simples, aparência de operário, com um embrulho pequeno nas mãos. Timidamente, pediu licença e entrou.

— Bom dia, professora. Sou o pai do Jorge. Estava atrasado para o serviço, mas percebi que ele tinha esquecido o lanche e vim trazê-lo. Aqui está.

Jorge, vermelho de vergonha, se encolhia na carteira tentando passar despercebido. Mas não teve jeito. Foi obrigado a levantar-se e ir buscar o lanche que o pai trouxera.

O homem agradeceu e despediu-se. Jorge não tinha nem coragem de olhar para os lados, humilhado, percebendo risadinhas abafadas.

Ricardo, condoído da situação do colega, virou-se para ele e disse, em voz alta:

— Gostei muito do seu pai, Jorge. Ele é muito simpático e demonstrou que se preocupa com você. Embora atrasado para o serviço, lembrou-se do filho. Parabéns!

Os demais, vendo a atitude de Ricardo, começaram a mudar de conduta, concordando com ele. Alguém perguntou:

— O que seu pai faz?

— Ele é pedreiro. Trabalha para uma grande construtora — respondeu Jorge, ainda envergonhado, porém agora mais à vontade.

— Pedreiro?!... É ele que ajuda a construir casas e aqueles prédios enormes? — indagou uma menina.

— É, sim. Meu pai muitas vezes trabalha lá no alto dos prédios. E não tem medo!

— Puxa! Mas então ele deve ser muito corajoso!

— Como ele é importante! — exclamou outro garoto, prosseguindo: — Sabe, professora, vi outro dia no jornal da televisão que caiu um prédio e muitas pessoas morreram e outras perderam tudo o que tinham. É preciso poder confiar nas pessoas que constroem os prédios!

— Isso mesmo. Todos têm que ter responsabilidade diante do que estão fazendo. Tanto os engenheiros que fazem as plantas, quanto os que trabalham na construção.

A conversa generalizou-se de forma amiga e agradável. Enquanto os outros conversavam, Jorge trocou com Ricardo um olhar agradecido.

Na saída, Jorge aproximou-se de Ricardo.

— Obrigado, amigo. Tirou-me de uma situação difícil. Porém hoje aprendi uma lição. Mentiras, nunca mais. Não vale a pena. Além disso, você me fez entender uma coisa importante.

— O quê?

— Que devo ter orgulho do meu pai.

— É isso aí! Amigos?

— Amigos!

— Aceita almoçar em casa hoje? Quero apresentá-lo à minha mãe. Ela tem muita vontade de conhecer você.

— Verdade? Por quê?

— Porque agora eu o admiro muito.

Emocionados, ambos se abraçaram como verdadeiros amigos.

                                                        TIA CÉLIA


                                                   
 


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