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Ano 10 - N° 505 - 26 de Fevereiro de 2017

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter92@gmail.com
Matão, SP (Brasil)

 

 
Leonardo Machado:

“Não somos autossuficientes; precisamos uns dos outros
para crescer”

As emoções negativas e positivas na visão de um
psiquiatra espírita

Natural de Recife (PE), onde também reside, Leonardo Machado (foto) é de família espírita e vincula-se à Federação Espírita Pernambucana, nas atividades de atendente fraterno e palestrante. Na área profissional, é médico psiquiatra e psicoterapeuta, preceptor da Residência de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade

Federal de Pernambuco (UFPE), instituição em que é professor efetivo. Leonardo concedeu-nos gentilmente a presente entrevista em que fala, entre outros assuntos, sobre o tema emoções negativas e positivas.

No campo das emoções, como administrá-las no cotidiano comum para focarmos nas positivas, visando à conquista da paz interior?  

Um ponto essencial é perceber as emoções como aliadas em nosso processo de descoberta íntima e de iluminação interior. Além disso, entender que não é possível e nem desejável interromper, como uma contenção ilimitada, as emoções que sentimos. É preciso manejá-las. Tanto as chamadas emoções positivas quanto as negativas estão postas em nós como funções alavancadoras de nosso amadurecimento psíquico-espiritual.  

Como lidar com emoções que ainda nos perturbam? 

Um dos pontos mais curiosos na dinâmica psíquica é que o primeiro passo para a modificação é a autoaceitação. Por incrível que pareça, aceitar-se realmente não é sinônimo de marasmo espiritual. Ao contrário, sem autoaceitação não é possível autodescobrimento, uma vez que se cai em um mecanismo de defesa de negação; e sem autodescobrimento não é viável a autoiluminação. Além disso, quando aceitamos e reconhecemos a realidade íntima já estamos nos modificando e nos liberando de ciclos viciosos mentais. Deste modo, parece-me que um ponto primordial para lidar de forma mais saudável com emoções/memórias/pensamentos/sentimentos que nos perturbam é vê-los como o vento: da mesma maneira que o vento vem, o vento passa e se vai; não é possível estocar o vento, tanto quanto não é possível barrar (ou brigar com) as emoções negativas sem gerar graves problemas íntimos.  

Para conquista das emoções positivas, com vistas ao equilíbrio e à saúde, qual delas é mais fácil de buscar e manter? 

Cada ser traz as suas características que podemos chamar de forças/virtudes/qualidades. De acordo com as características psicológicas individuais pode-se focar mais facilmente em uma ou em outra. Contudo, dois instrumentos que auxiliam o desenvolvimento das emoções positivas é o cultivo da gratidão (facilita o desenvolvimento de emoções positivas ligadas ao passado) e da apreciação (facilita o desenvolvimento das emoções positivas ligadas ao presente). 

Considerando as bagagens espirituais trazidas para a presente existência, existe um meio prático de observação daquelas que já estão em nós? 

Pode-se tentar a sugestão de Agostinho na questão 919 de O Livro dos Espíritos – analisar como foi o dia antes de dormir. Costumo fazer uma variação dessa sugestão, juntando-a com outras variações de outras técnicas do Mindfulness. Reservar 5 minutos diários, ficar sentado em posição confortável, fechar os olhos: 1) escutar os sons do ambiente (sem fazer julgamentos morais sobre outros pensamentos que surgirão, apenas voltar o foco da atenção para os sons); 2) semanas depois na mesma postura escutar uma música, de preferência instrumental, e agora perceber as emoções que surgem. Além de outras questões que podem ser trabalhadas com essas técnicas que uno, elas podem ajudar a treinar a postura de não julgamento (e assim a autoaceitação sem negação) e posteriormente a percepção dos conteúdos internos.  

Podemos investir nas positivas e combater as negativas? Existe uma dica bem didática? 

Pelo que já expus nas questões acima, prefiro focar nas emoções positivas ao invés de combater excessivamente as negativas. Uma técnica da psicologia positiva bem estudada em artigos científicos e mesmo sem os autores americanos saberem, muito alinhada com a proposta cristã-espírita é "contar as bênçãos". Durante 15 dias, anotar em uma folha de papel, à noite, três coisas boas que aconteceram nas últimas 24h. As coisas boas não precisam ser extraordinárias. Ao contrário, sugere-se uma busca ativa de pequenos acontecimentos que antes poderiam passar sem serem notados. Refletir sobre elas. Se for útil, continuar fazendo (mesmo que não se anote sempre).  

De sua experiência profissional, que gostaria de destacar para os leitores sobre o impacto das emoções na saúde? 

Tanto na prática, quanto nas pesquisas científicas, vê-se uma importante influência das emoções negativas no surgimento ou no agravamento de adoecimentos clínicos de várias especialidades. Porém, além disso, o que as ciências da saúde vêm descobrindo é que as emoções positivas exercem um impacto positivo na saúde, independente da ausência das emoções negativas.

Dos atendimentos clínicos, o que mais lhe chama atenção nos dramas humanos? 

A capacidade de o ser humano se reinventar.  

E de sua experiência espírita, que gostaria de dizer? 

Não percamos a essência de nossa Doutrina. Aqueles que ocupamos espaços de trabalho junto ao movimento não nos iludamos com pretensões de conseguir resolver todas as problemáticas ou todas as doenças humanas. Continuemos como um carteiro distribuindo as cartas do bem e do amor.  

Suas palavras finais. 

As várias formas de adoecimento nos passam várias mensagens. Uma delas é: - Não somos autossuficientes; precisamos uns dos outros para crescer. A doença nos traz esse ensinamento de modo muito forte. Enquanto não aprendermos isso, a doença ainda terá sua função na Terra.


 
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita