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Clássicos do Espiritismo
Ano 10 - N° 504 - 19 de Fevereiro de 2017
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

Comunicações mediúnicas entre vivos

 Ernesto Bozzano

 (Parte 14) 

Continuamos o estudo do livro Comunicações mediúnicas entre vivos, de autoria de Ernesto Bozzano, traduzido para o idioma português por J. Herculano Pires. 

Questões preliminares  

A. Em alguns casos de comunicação mediúnica entre vivos verifica-se, às vezes, um ou outro erro de transmissão em meio a uma mensagem autêntica e confirmada em todos os outros pontos. Que diz Bozzano a respeito disso?  

Bozzano entende que o erro de transmissão, interpolado no meio de tantas particularidades verídicas, não diminui, de modo algum, a importância teórica do fato. Tal erro, provavelmente, é consequência de um instante fugaz de interferência subconsciente. Não nos devemos esquecer de que o estado de recepção mediúnica é uma condição passiva e instável do Espírito humano, a qual tem afinidade, por natureza, com outra condição passiva e instável do próprio espírito, que é o estado onírico, isto é, o reino dos sonhos. Daí a extrema facilidade com que nas comunicações mediúnicas, sejam de vivos ou de mortos, tais elementos de sonho se interpolam nas comunicações verídicas e constituam sempre o grande obstáculo a que numerosos pesquisadores decidam aderir à hipótese espírita. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

B. Para muitos desses investigadores, o Espírito de um morto jamais deveria enganar-se ao transmitir o nome de um parente próximo ou ao referir-se a alguma particularidade importante de sua própria existência terrena. Como Bozzano analisa semelhante afirmação?  

Diz Bozzano que tal afirmação, aparentemente racional e incontestável, é na realidade completamente errada, porque os que assim pensam não levam em consideração as imperfeições inerentes ao instrumento onírico subconsciente de que se servem os mortos para se comunicarem com os vivos, instrumento que requer uma passividade absoluta da mente do médium, passividade em perpétua condição de equilíbrio instável. Como isso nem sempre é possível, é às frequentes infrações e irrupções ora oníricas, ora sonambúlicas, ora autossugestivas, que devemos imputar os erros, as contradições e as imperfeições encontradas em muitas comunicações dos chamados mortos. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

C. Quanto à comprovação da realidade das comunicações mediúnicas entre vivos, que importância tem a experiência narrada pela Srta. Goodrich-Freer, editora, na época, da revista The Borderland?  

O fato narrado pela Srta. Goodrich-Freer é realmente digno de nota. Sensitiva e dotada, de modo excepcional, da faculdade de “visão no cristal”, suas narrações sobre o assunto, publicadas nos Proceedings of the S. P. R., podem ser consideradas como clássicas na literatura do gênero. Ela procurou, então, verificar se as mensagens por ela transmitidas a um médium distante poderiam ser transmitidas também à sua própria consciência e, desse modo, vista por ela, graças à sua faculdade de “visão no cristal”. Bozzano relata neste livro como se deu a experiência, que resultou positiva. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

Texto para leitura 

200. De um longo artigo que William Stead publicou na edição de janeiro de 1909, de sua revista The Review of Reviews, extraio o seguinte episódio: 

Uma senhora amiga minha (tratava-se da Srta. Summers) que escreve de longe por minha mão com mais facilidade do que com a sua própria, passara o fim de semana em Halsmere, aldeia que fica a trinta milhas de Londres. Tinha ela de vir almoçar em minha casa na quarta-feira se já houvesse regressado à cidade. Segunda-feira à tarde quis informar-me a respeito e, colocando a pena sobre o papel, perguntei-lhe mentalmente se já se achava em casa e minha mão escreveu o seguinte: “Sinto muito ter de informar-lhe que fui vítima de um incidente bem deplorável e de que tenho vergonha de lhe contar. Parti de Halsmere às 2:27 da tarde num carro de segunda classe, no qual vinham outras duas senhoras e um homem. Na estação de Godalming desembarcaram as senhoras e eu continuei a viagem com o tal homem, o qual se levantou e veio sentar-se ao meu lado. Espantei-me e o repeli, porém ele não quis afastar-se e, em dado momento, tentou beijar-me. Fiquei furiosa e atracamo-nos em luta corporal. Na luta, tomei-lhe o guarda-chuva e dei-lhe repetidas pancadas, mas ele o quebrou e comecei a ter medo de ser vencida, quando o trem parou a alguma distância da estação de Cuildford. O homem ficou atemorizado e deixou-me livre, fugindo do carro antes que o trem chegasse à estação. Fiquei muito cansada mas não larguei o guarda-chuva.”

Mandei imediatamente meu secretário à casa dessa minha amiga, com um bilhete em que expressava o meu pesar pela agressão que ela sofrera, acrescentando por mim: “Acalme-se e na quarta-feira me traga o guarda-chuva pertencente ao homem.” Respondeu-me ela: “Sinto muito saber que o senhor está informado do que me aconteceu, porque estava decidida a não contá-lo a pessoa alguma, porém o guarda-chuva era meu e não dele.”

Quando na quarta-feira ela veio ao almoço, confirmou a absoluta exatidão de todos os detalhes escritos pela minha mão sobre a aventura a ela sucedida e me mostrou o guarda-chuva, que era dela e não do agressor. Como se pôde dar aquele erro de transmissão? Eu o ignoro, mas talvez o erro tivesse sido retificado se eu houvesse pensado em pedir a revisão de todos os pormenores por mim escritos. É quase supérfluo advertir que eu não tinha a menor ideia da hora e do dia em que a minha amiga partira e nem sombra de suspeita sobre o deplorável incidente de que ela fora vítima. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

 

201. O fato exposto não cede, em valor teórico, ao precedente, porque na aventura sucedida à “correspondente espiritual” de William Stead fica mais claro do que nunca que em semelhante circunstância não podia tratar-se de informações colhidas por Stead na subconsciência da Srta. Summers e depois reorganizadas de modo a representarem uma falsa personificação da mesma, dando-lhe as informações mediunicamente, mas que, ao contrário, tratava-se de uma conversa verdadeira e própria entre duas personalidades espirituais subconscientes. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

202. O erro de transmissão, interpolado curiosamente no meio de tantas particularidades verídicas, não diminui, de modo algum, a importância teórica do fato. Tal erro, provavelmente, é consequência de um instante fugaz de interferência subconsciente. Não nos devemos esquecer de que o estado de recepção mediúnica é uma condição passiva e instável do espírito humano, a qual tem afinidade, por natureza, com outra condição passiva e instável do próprio espírito, que é o estado onírico, isto é, o reino dos sonhos. Daí a extrema facilidade com que nas comunicações mediúnicas, sejam de vivos ou de mortos, tais elementos de sonho se interpolam nas comunicações verídicas e constituam sempre o grande obstáculo a que numerosos pesquisadores decidam aderir à hipótese espírita. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

203. Para muitos desses investigadores, uma autêntica personalidade de morto nunca deveria enganar-se ao transmitir o nome de um seu parente próximo ou no fato de referir-se a alguma particularidade saliente de sua própria existência terrena. Tal afirmação, aparentemente racional e incontestável, na realidade é completamente errada porque não se levam em conta as imperfeições inerentes ao instrumento onírico subconsciente de que se servem os mortos para se comunicarem com os vivos, instrumento que requer uma passividade absoluta da mente do médium, passividade em perpétua condição de equilíbrio instável, com frequentes infrações e irrupções ora oníricas, ora sonambúlicas, ora autossugestivas, às quais devem ser imputados os erros, as contradições e as imperfeições que são encontradas em muitas comunicações de mortos. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

204. De tal ponto de vista, os erros, em tudo idênticos aos que se encontram nas comunicações de vivos, são preciosíssimos pela sua eloquência demonstrativa em favor da tese sustentada. Dessa forma, com base no caso exposto, devemos inferir que o fato de o erro haver-se interpolado no meio de tantas informações verídicas não impede que fique demonstrado que o complexo orgânico das mesmas informações seja de origem extrínseca, ou mais precisamente, a manifestação mediúnica de um vivo. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

205. Em consequência disso, os mesmos erros, quando se verificam nos casos de identificação espírita, não podem impedir que o complexo orgânico das informações verídicas fornecidas demonstrem a origem extrínseca das mesmas informações, ou mais precisamente, a sua natureza de manifestações mediúnicas de mortos. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

206. O tema é teoricamente muito importante e merece que se relatem outros erros de transmissão ocorridos nas experiências em exame. Stead as relata em sua revista e Myers as recolhe em seu trabalho publicado nos Proceedings of the S. P. R. (vol. IX, págs. 56-57). (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

207. Conta William Stead: 

(...) por duas ou três vezes interpolaram-se nas comunicações erros curiosos. Teoricamente, esses erros são tão importantes como as mensagens corretas. O primeiro erro ocorrido com a Srta. Summers foi a sua afirmativa de ter ido fazer um passeio no Regent Park, quando, na realidade, ela não havia saído de casa. Eu não saberia dizer de que modo se teria dado essa transmissão falsa. Penso, porém, que houve de minha parte  a suposição de que a Srta. Summers iria ao parque, todavia, mesmo que assim fosse, fica sempre certo de que houve uma transmissão falsa.

Em outra ocasião, deu-se um erro muito mais relevante. Eu me encontrava em Redcar e a minha mão transcreveu o diálogo que a Srta. Summers teria tido com certa pessoa que ela citou. Tratar-se-ia de uma entrevista degenerada em disputa e foi-me transmitida uma parte do vivíssimo diálogo verificado. Quando me encontrei com a Srta. Summers, confrontamos as notas que havíamos tomado e observei, com grande surpresa, que embora ela houvesse visitado naquele dia a pessoa indicada, a entrevista que se transformou em discussão absolutamente não foi com ela, nem com a pessoa que visitara, mas com uma amiga da Srta. Summers e outro interlocutor. Essa amiga da Srta. Summers fora à casa desta e lhe contara, com viva emoção, o doloroso incidente de que fora vítima e a minha mão transcrevera essa narrativa, exagerando-lhe a importância, e isso a uma distância de 350 milhas. Eu não conhecia pessoalmente a amiga da Srta. Summers, de modo que esta última ficou profundamente surpresa ao ver que a questão com a sua amiga fora transmitida com o seu próprio nome e havia sido interpolada em sua conversa verdadeira com outra pessoa de negócios. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)

 

208. Assim relatou Stead. O primeiro caso de transmissão errada, por ele narrado, não precisa ser discutido, pois muito provavelmente a causa que lhe atribui Stead é a verdadeira. Quanto ao segundo é, indubitavelmente, bem extraordinário, fora do comum e enigmático. De qualquer modo, faz ele lembrar outro erro que já discutimos nos comentários ao Caso 10, em que o príncipe de Wittgenstein, desejando entrar em relação psíquica com a sua “correspondente espiritual”, orientou o seu próprio pensamento para a residência dela. Como, porém, a referida senhora se achava longe da casa, enquanto na mesma dormia a irmã, isto fez com que o príncipe, por efeito de “afinidade psíquica” entre as duas irmãs, entrasse em relação com a que se achava no mesmo ambiente. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

209. Seguiu-se daí que esta narrou ao príncipe um incidente de baile com ela própria acontecido; como, porém, ele acreditava achar-se em relação com a pessoa conhecida, verificou-se uma interferência por autossugestão que levou a mão do sensitivo a firmar erradamente a mensagem com o nome da irmã que ele julgava estar presente. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

210. Pois bem, tudo concorre para fazer-nos supor que igual interferência se tenha dado no caso de Stead e, do mesmo modo, se poderia inferir que o pensamento deste, achando-se dirigido para a residência de sua “correspondente espiritual” no instante em que esta conversava com a amiga e lhe contava com viva emoção os pormenores de sua questão, tivesse como consequência haver o estado emocional da amiga influído nas condições de relação psíquica que naquele momento existiam entre a Srta. Summers e Stead, determinando uma perturbação correspondente na transmissão da mensagem em curso. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

211. Essa mensagem, depois de ter sido começada normalmente com uma informação da Srta. Summers sobre o resultado de uma entrevista comercial que tivera com um senhor que ela então nomeava, inesperadamente se modificara, enquanto que as “ondas hertzianas da telegrafia sem fio”, pelas quais as suas personalidades espirituais estavam conversando, foram dominadas por outras “ondas hertzianas” mais poderosas que haviam chegado a sintonizar-se com as primeiras, por efeito da coexistência, no mesmo ambiente, das amigas em conversa, de sorte que esse segundo sistema de “ondas hertzianas”, com as notícias da disputa, se sobrepôs ao primeiro sistema com o qual se amoldou e confundiu. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

212. Relato, finalmente, um episódio muito complexo, narrado pela Srta. Goodrich-Freer, que foi editora, com Stead, da revista The Borderland. Como se sabe, ela era sensitiva, dotada, de modo excepcional, da faculdade de “visão no cristal” e suas narrações sobre o assunto, publicadas nos Proceedings of the S. P. R., podem ser consideradas como clássicas na literatura do gênero, tanto pelo valor intrínseco dos episódios narrados quanto pelo vigor científico com que são expostos e detalhados. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C) 

213. Em sua conferência na The London Spiritualist Alliance, publicada na Light(1895, 13 e 30 de abril), conta ela: 

O Sr. Stead mostrava-me, algumas vezes, longas mensagens que pareciam provindas de mim e que se referiam a incidentes particulares, verídicos, de que porém eu não tinha consciência de lhe haver transmitido mediunicamente coisa alguma, mensagens que talvez emanassem do eu subconsciente, de cujas ações não sou propriamente responsável... Pensei, portanto, que se o meu eu subconsciente possuía a faculdade de transmitir aos outros mensagens particulares, deveria poder referir o conteúdo de tais mensagens à minha consciência por meio da “visão no cristal”. Combinei, pois, com o Sr. Stead, que ele me avisasse quando houvesse recebido qualquer comunicação minha, a fim de que eu olhasse no cristal e pudesse verificar se o meu eusubconsciente teria alguma coisa a dizer também a mim.

Algum tempo depois, o Sr. Stead me disse que havia recebido o relatório de uma viagem que o meu eu subconsciente dizia ter feito para visitar certa pessoa. Apressei-me, portanto, a controlar a verdade do fato por meio da “visão no cristal”, onde vi a imagem da Sra. Piper sentada numa poltrona, vestida com um penteador leve e aparentando um aspecto de cansada e doente. Deve-se notar, a propósito, que durante a sua permanência na Inglaterra, a Sra. Piper usava habitualmente vestidos pretos e mostrava-se de excelente saúde.
Voltei-me para o Sr. Stead, dizendo: “Supondo que a minha visita seria à Sra. Piper.” “Justamente isto”, respondeu ele. (2ª Categoria: Mensagens mediúnicas entre vivos e à distância. Subgrupo C)  
(Continua no próximo número.)



 


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