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Brasil
Ano 10 - N° 497 - 1° de Janeiro de 2017
PAULO SALERNO
pgfsalerno@gmail.com
Porto Alegre, RS (Brasil)
 

  

Divaldo Franco: “A paz desalgema e liberta”

 O estimado orador coordenou mais uma vez as atividades do Movimento Você e a Paz realizadas no mês passado em Salvador

 
O Movimento Você e a Paz, fundado em 1998 pelo incansável Professor Divaldo Pereira Franco, o Embaixador da Paz no Mundo, tem-se afirmado e apresenta um crescimento, tanto em qualidade, quanto em número de adeptos à ideia. Em sua XIX edição, com atividades em diversos municípios baianos ao longo do ano, apresentou-se em alguns bairros de Salvador, Bahia, no período de 11 a 19 de dezembro, alcançando sua culminância na Praça Dois de Julho, no Campo Grande.

11 de dezembro de 2016

O local selecionado para iniciar as atividades do MVP, no dia 11 de dezembro, foi a orla de Salvador, no Bairro Rio Vermelho, nas proximidades da Rua da Paciência. Tudo preparado com esmero, o público alegremente foi tomando conta da praça, demonstrando o desejo de contribuir para a conquista da paz, pacificando-se. O pôr do sol emoldurava a paisagem. A brisa acariciava as ondas mansas, em um intercâmbio de serenidade. Esta composição também era experimentada pelos indivíduos ali presentes, que sensibilizados, se mantinham em harmonia, desfrutando alegria e felicidade. Presente no palco, além dos expositores, o Presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção, Demétrio Lisboa e Sara Schlumpf, do Movimento Espírita de Zurique/Suíça, representando as caravanas presentes no evento.

Após bela apresentação musical realizada pela dupla Cássia Aguiar e Cléber Wilson, que encantou o público participativo, foi iniciada a fase dos pronunciamentos. Com destacada apresentação de João Araújo, mestre-de-cerimônias, o microfone foi franqueado para Ruth Brasil Mesquita que enfatizou o amor e o direito a vida, inclusive a pré-natal, incentivando as mulheres a não cometerem o aborto, sob pena de incriminarem-se por extinguir uma vida, haja vista que ela verdadeiramente existe no embrião. Em nome da paz, diga sim a vida, reverenciando-a, frisou a lúcida psicóloga.

Marcel Mariano, na sequência, apresentou dados sobre a vida de Maria da Penha e a sua tenaz persistência pela vida e pela paz. Embora paraplégica, após sofrer a terceira tentativa de homicídio, tomou a si a responsabilidade de mobilizar as autoridades legislativas a promoverem mudanças nas leis, propiciando uma proteção mais eficaz às mulheres que sofrem agressões. Maria da Penha não se calou ante a violência, principalmente a que ocorre dentro dos lares, com suas vítimas dolorosamente marcadas por toda a existência.
 

O momento, sempre muito aguardado, chegou. Divaldo Franco fez breve narrativa da experiência autobiográfica de Ruth Stout (1884-1980), escritora norte-americana, que aos quatro anos de idade presenciou seus irmãos chorando pela morte do cãozinho estimado. Triste, ela se solidarizou chorando. Seu avô, terno e amoroso, levou-a pela mão apresentando-lhe uma janela que permitia visualizar belíssimo roseiral florido produzindo perfume e beleza. Apreciando o panorama, de pronto sorriu. Então disse-lhe o

avô: - Ruth, na vida de cada indivíduo sempre existem duas janelas. Uma para a dor, o sofrimento, para a tristeza, e a outra para a alegria, o amor, a felicidade.

Reforçando a assertiva de Ruth Stout, Divaldo destacou, conforme a obra O Estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, ou O Médico e o Monstro na versão brasileira, de Robert Louis Stevenson (1850 – 1894), que para cada porta que se fecha há outras noventa e nove que se abrem. A verdadeira felicidade consiste em saber se movimentar de uma para outra janela. Estando na janela da tristeza, lembrar-se que está disponível a da felicidade e vice-versa. Pelo esforço próprio, cada indivíduo poderá mergulhar em seu mundo interior e buscar a janela que descortine a beleza da vida. O objetivo essencial da criatura humana é autorrevelar-se, sentenciou o preclaro orador espírita.

É tarefa de cada indivíduo construir o equilíbrio, desenvolvendo a resignação dinâmica trabalhando para uma vida harmônica, sem esmorecimento. A paz não é uma proposta tão desafiadora quanto parece, basta procurar viver em equilíbrio emocional, disse o médium e orador espírita. Trabalhando para construir uma cultura de paz, Divaldo Franco visitou vários presídios, no Brasil e no Exterior, destacando que em um deles, no Rio de Janeiro, encontrou um homicida que o convidou a voltar para outros encontros daquele jaez. Acolhido e incentivado, o prisioneiro sentenciado dedicou-se aos estudos, laureando-se em direito. Adquirindo paz, e tendo sua divida paga para com a justiça, constituiu um escritório dedicado a atender aos presos desassistidos nos presídios. É a força do amor reconduzindo à vida e à dignidade os equivocados.

A educação é a única forma de progresso. A vida possui um sentido, assim, vale a pena viver. Estão em paz todos os indivíduos que se transformam moralmente. As imperfeições humanas, os vícios de toda ordem são os adversários sutis, perversos, que necessitam serem vigiados com muita atenção. A humanidade vive dias de degradação moral, urge, portanto, que cada criatura humana se autoanalise, indagando-se sobre as suas metas, quais são os seus sentimentos, as suas emoções e paixões. É fundamental para a construção da paz não revidar o mal com o mal.

Construir a paz é fazer o bem indistintamente, principalmente aos invisíveis da sociedade humana, aqueles que olhos físicos veem, mas o coração não sente. Quem ama não pode se sentir em posição confortável ante o desafortunado, a caridade não pode ser discutida, pois que o socorro torna-se tardio. Todo o cristão deve lembrar-se dos ensinos do Mestre Nazareno, socorrendo e trabalhando em favor de todos, principalmente aos mais sofridos.

Com o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, Divaldo finalizou a sua conferência, quando, então, todos cantaram uníssonos a canção de Nando Cordel, Paz pela Paz. Com aplausos e queima de fogos de artifício, o emocionante evento foi encerrado.

12 de dezembro de 2016

A Praça Sérgio de Carvalho, no Parque São Brás, no Bairro da Federação, na capital baiana, foi palco para mais um magnífico evento de divulgação e conscientização sobre a paz. O público, na medida que chegava, foi recepcionado pela dupla Mary Vidal e André Luís que a todos encantaram com interpretações de belas melodias, recebendo muitos aplausos em reconhecimento. No ato, representando as caravanas presentes estava Nivalda Steffens, do Movimento Espírita do Rio Grande do Sul.

Sob a coordenação de João Araújo, os expositores foram se apresentando. Ruth Brasil Mesquita enalteceu o protagonismo da mulher em ações de construção da paz. Não deixando de considerar uma multidão de anônimas, destacou as ações empreendidas em prol da paz e da não-violência por Madre Teresa de Calcutá, sempre solícita, solidária, acolhedora, minorando a dor alheia, pacificando almas sofredoras. O papel feminino na sociedade humana é de grande importância para a consecução de uma paz permanente em a criatura humana. Paz que se instala pela educação, função precípua dos pais conscientes de suas altas responsabilidades, principalmente na preservação da vida.

Marcel Mariano fazendo um relato sobre a Segunda Guerra Mundial salientou os seus nefastos efeitos durante a ocorrência, os imediatos e os consequentes, com preocupantes desdobramentos possíveis, pelo domínio e largo emprego tecnológico do aparato bélico disponível na atualidade. As guerras atuais, diferentes das duas mundiais, são de caráter cirúrgico, pontuais, com efeitos altamente destruidores. Há, também, ocorrências bélicas, de âmbito celular que se manifestam em várias partes do planeta, protagonizadas por grupos guerrilheiros e paramilitares. Por outro lado, frisou, há inúmeras organizações envolvidas em favor da paz, do desarmamento, principalmente o nuclear.

O homem, apesar de ainda ser predador, tem convivido com seres eminentemente pacifistas, adeptos da não-violência. São os vultos que a História registra, e que deram suas vidas pelo esforço de construção da paz. Porém, acima de todos, paira Jesus, o baluarte do amor, pacífico por excelência, assinalando o caminho a ser trilhado ao apresentar o Sermão do Monte.

Divaldo Franco, dinâmico e vibrante, assomou à tribuna destacando o autoamor como terapia restauradora e curativa. O ser humano, exercendo a função sexual em desalinho, resvala para os vícios, os desvios de condutas, as aberrações, os crimes, tais como, a pedofilia, a agressão à mulher, a violação, o estupro, o aborto, a agressividade provocada pelo instinto não controlado. Basta um motivo justificador qualquer para o homem agir com violência.

O homem ainda é um ser que se relaciona pelas emoções básicas, - o medo, a ira e o amor – assim agindo, agride e fere-se, pois que o amor é confundido como a satisfação das paixões, quase sempre perturbadoras. O medo e a ira são ancestrais, já o amor surgiu como emoção no ser humano há cerca de duzentos mil anos. Essas emoções são os fundamentos de todas as demais do ser humano. Assim, é natural que o homem seja mais agressivo do que compassivo.

A paz se constrói com o desenvolvimento do controle dos instintos, transformando-os em emoções de caráter elevado. O amor é o sentimento que faz com que o homem seja terno, solidário, compreensivo. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. (...) - Jesus (João, 14:27). Essa é a paz do amor inconteste, a paz que não se perturba com o mal do outro, tanto quanto, o mal praticado pelo mau não provoca o mal no ser que é pacífico.

No mundo, destacou o ínclito orador, há dois tipos de criatura humana. Um é ponte, o outro é parede. O indivíduo ponte é solidário, prestativo, servil. Aquele denominado parede é egoísta, solitário, soberbo. O Semeador de Estrelas dando exemplo de um homem ponte, narrou uma história de um escocês que havia se perdido. Depois de muito perambular, exausto, com fome e sede, encontrou uma casa bela e grande. Foi atendido por formosa jovem a quem pediu um copo de água. Essa, percebendo-lhe a fome, ofereceu-lhe um copo de leite, um pedaço de pão e de queijo. Saciado, o homem agradecido, perguntou-lhe o nome e sobrenome. Satisfeito e localizado, retornou ao lar. Decorridos mais de vinte anos, aquele homem tornara-se hábil cirurgião em destacado hospital. Uma paciente, em estado gravíssimo, foi ali hospitalizada após percorrer outros estabelecimentos de saúde, tal era a gravidade que requeria acurado e delicado tratamento. O cirurgião, embora sabendo das poucas chances de recuperação, aceitou proceder a intervenção. Após três meses a paciente restabelecida recebeu alta hospitalar. A preocupação da paciente, agora, não era mais de ordem física, mas financeira. Sabedora dos elevados custos daquele hospital, receava não poder pagar as despesas contraídas. Na tesouraria lhe entregaram um envelope fechado. Nele um bilhete. Sua conta foi paga há muitos anos com um copo de leite, um pedaço de pão e de queijo. Obrigado. É o bem produzindo o bem. É a paz produzindo paz. A vida sempre responde conforme as ações, retornando aos protagonistas conforme tenham sido boas ou más.

Após narrar os episódios vividos por Jesus em Gadara, envolvendo um homem desvairado, os porcos e os gadarenos, Divaldo narrou episódio vivido por ele quando funcionário de uma repartição pública. Agredido, silenciou, encaminhando um propositura de solução à petição da senhora. Decorrido algum tempo foi visitado pela agressora que lhe pedia perdão. Por não se sentir ofendido, dizia-lhe estar impossibilitado de perdoar. Ouviu a sua história e condição de saúde. Recomendou que buscasse receber passes em uma instituição espírita. Assim o fez, recuperando-se parcialmente com a regressão da metástase. Desencarnada algum tempo depois, solicitou a Divaldo que vez ou outra contasse a sua história, lembrando-se dela, pois que o amor colocado em favor e a serviço do semelhante é bálsamo benfazejo. O público, tomado de emoção pelas duas narrativas, e expectantes, dava vazão aos sentimentos nobres, que se exteriorização pela emotividade estampada nas faces, alimentados por corações sensíveis e desejosos de paz.

Finalizando, Divaldo exortou à prática da oração, da paz, do silêncio interior, da gratidão a Deus, estimulando que cada um, ao voltar aos lares, dissesse o quanto amava aqueles que lá residem, sintonizando os pensamentos com as forças cósmicas. Recitando o Poema Meu Deus e Meu Senhor, de Amélia Rodrigues, Divaldo despertou o sentimento de gratidão à vida. Concluindo, todos os presentes cantaram vibrantemente, em uma só voz, a canção Paz pela Paz, de Nando Cordel, sob aplausos e queima de fogos.

14 de dezembro de 2016

No Dique do Tororó tudo estava preparado. Iluminação, palco, as águas engalanadas por luzes multicores. O conjunto emprestava sua beleza para compor uma harmonia ímpar. Respirava-se paz. Com o público chegando e se acomodando no gramado, o Coral Encontro de Luz, da Federação Espírita do Estado da Bahia, regido pelo Maestro Milton Cezar, foi dando o tom para a noite que começava a se fazer presente, preparando corações e mentes. Carla Vizi e Rudinei Monteiro, formando bela dupla, com excelentes interpretações, arrancaram muitos aplausos do público participativo, assim como o Coral.

Os pronunciamentos, sempre muito aguardados, foram iniciados por Ruth Brasil Mesquita que teceu comentários sobre o livro Eu Posso Falar, de Manuel David Coudris, destacando a vida inteligente e sensível existente ainda no ventre materno. Nesse caso específico, registrando os diálogos entre filho e mãe. Uma experiência excepcional e extraordinária vivida pela gestante, a sensitiva Mirabelle Coudris e seu filho não nascido, registradas durante a meditação na primavera de 1984, na Áustria. As informações daí advindas tiveram comprovações posteriores com o emprego de métodos sofisticados. Destacou, a oradora eloquente, que a vida deve ser preservada, e todos os que preservam a vida já se encontram em condições pacíficas, possuidoras de paz íntima. Ruth deixou sua mensagem em favor da vida, repudiando o aborto criminoso, assassinando no ventre materno aquele ser que não pode se defender.

Marcel Mariano sublinhou que os indivíduos da atualidade brasileira, em sua esmagadora maioria, percebem que o crime e os criminosos estão banalizados. Já não se surpreendem, ou se escandalizam, ante os crimes hediondos e bárbaros, numa clara demonstração de que os corações se encontram petrificados, agressivos. Não basta endurecer as leis, é necessário reestruturação do sistema prisional, humanizando as condições carcerárias, trabalhar as causas geradoras dos crimes, da violência. Levar em conta que o criminoso, o violento é um doente social. Toda uma assistência, por profissionais habilitados e capacitados, deve ser disponibilizada para auxiliar na recuperação dos violentos e criminosos. A educação, outro pilar que deve dar sustentação na construção de uma família, de uma sociedade pacífica, deve ser desde já planejada e posta em execução, oferecendo para as gerações futuras as condições para uma vida de paz e harmonia.

João Araújo, mestre-de-cerimônias, fazendo uma homenagem a Nilson de Souza Pereira, pacifista e pacificador por excelência, leu o Poema A Dádiva, do escritor libanês Gibran Khalil Gibran (1883 – 1931), que entre outros versos, destacamos: Há os que dão pouco do muito que possuem, e fazem-no para serem elogiados, e seu desejo secreto desvaloriza suas dádivas. Há os que pouco têm e dão-nos inteiramente. Esses confiam na vida e na generosidade da vida e seus cofres nunca se esvaziam. Há os que dão com alegria e essa alegria é sua recompensa. Há os que dão com pena, e essa pena é seu batismo. E há os que dão sem sentir pena, nem buscar alegria e sem pensar na virtude. Dão, como num vale o mirto espalha sua fragrância no espaço. Pelas mãos de tais pessoas Deus fala; e através de seus olhos Ele sorri para o mundo.

O idealizador do Movimento Você e a Paz, desencadeado em 1998, Divaldo Pereira Franco vem se destacando e sendo reconhecido como um verdadeiro pacifista. Seu pronunciamento foi um verdadeiro alerta, destacando, no caso abordado, o uso de drogas, que degrada o ser humano, desestrutura a família, corrompe a sociedade, destrói vidas, gerando, em continuum, violência crescente. A história real, acontecida em Nova Iorque, EUA, espelha com cruel realidade a experiência de inúmeras famílias. O pai, por injunções econômicas e sociais, tanto quanto a mãe, não possuíam tempo para seus filhos, para atender as suas necessidades afetivas, que imaginavam suprir dando coisas. Raríssimamente doando-se aos filhos.

O jovem adolescente em tela, na ânsia de saciar suas necessidades afetivas, busca nas drogas o amor que não lhe alcança. Se utilizando de mentiras e estratagemas, vai se perdendo no labirinto diabólico e perverso da drogadição e todos os demais componentes que formam esse séquito de horrores. Em uma discussão doméstica, filho e mãe vivem um dilema profundo, o pai intervém, e sentindo-se ameaçado por uma faca, atira no filho, matando-o.

Em seu julgamento, por júri popular, o pai é absolvido. Tem a liberdade, porém, a consciência é um juiz implacável que não dá tréguas. O pai atormentava-se perguntando para si e para quem pudesse ajudá-lo a encontrar uma resposta, uma razão, para aqueles fatos envolvendo sua família.

Como o pai havia concedido uma entrevista, e que foi publicada, Divaldo sentiu a necessidade de lhe escrever. Na missiva, afirmava que palidamente compreendia. Observou que na entrevista não havia falado sobre religião com o filho, sobre a presença de Deus na vida de cada um, que havia dado tudo o que o jovem necessitava. Orientava para que agisse diferente com o segundo filho, que desse menos coisas e doasse-se mais, que estivesse mais presente, que oferecesse assistência amorosa, segurança doméstica, exemplos de dignidade. Junto à carta, Divaldo enviou O Livro dos Espíritos. A carta jamais foi respondida.

No ano de 2000, a UNESCO diagnosticou que a guerra no mundo começa em cada indivíduo, e que a violência é uma doença social com sede no Espírito, segundo a Organização Mundial de Saúde. Neste mesmo ano, entre os dias 28 e 31 de agosto, em Nova Iorque, EUA, aconteceu o Primeiro Encontro Mundial de Líderes Religiosos, promovido pela Organização das Nações Unidas. Participaram representantes de 140 países e de 120 religiões, as mais diversas, desde as indígenas. As propostas ali estabelecidas deveriam ser analisadas após o transcurso de 20 anos. Estabeleceram seis regras para que fossem evitadas as guerras, como segue: 1º - Seja pacífico; 2º - Mantenha a ordem; 3º - Procure sempre fazer o melhor ao seu alcance; 4º - Ame a natureza; 5º - Ouça o outro para compreender; e 6º - Redescubra a solidariedade.

O emérito educador e orador espírita concitou a que cada um fosse mais mediador; a ser ponte, construindo soluções; a sentir prazer em servir; a doar; a construir o futuro através de famílias equilibradas; a sensibilizar corações em conflito; a ser mais compassivo, convidando a que cada indivíduo seja mais feliz, abrindo o coração à paz. A oração é poderosa impulsora da transformação moral, preparando os dias felizes do porvir. Jesus é a figura máxima do amor e da paz. Quem Lhe segue o exemplo, procede bem, age corretamente, sabe amar, desenvolve o sentimento da gratidão, tanto à vida, quanto a Deus.

Com o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, o extraordinário evento foi encerrado. Ato contínuo, foi cantada a canção Paz pela Paz, de Nando Cordel. O público, entusiasmado e imbuído de sentimento pacifista entoou junto, aplaudindo, abraçando-se, enquanto fogos de artifício eram lançados ao alto, saudando antecipadamente a celebração da paz mundial, que se avizinha. O público, como nos eventos precedentes, além dos presentes, foi formado pelos moradores da vizinhança, que de seus prédios, participavam ativamente.

16 de dezembro de 2016

O Farol da Barra, tradicional ponto turístico de Salvador/BA, transformou-se em 16 de dezembro em um palco a favor da paz. Ao entardecer, o largo do Farol foi completamente tomado pela população desejosa em ouvir a proposta de construção e disseminação da cultura da paz. Enquanto era aguardado o momento das reflexões em torno da paz, a soprano Vanda Otero, acompanhada da tecladista Débora Limeira, encantou os ouvintes com suas majestosas interpretações. No palco, representando as caravanas presentes estava Edith Burkhard, do Movimento Espírita da Suíça, Milciades Lezcano, da Federação Espírita do Paraguai, Demétrio Ataíde Lisboa, Presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção, e os expositores Ruth Brasil Mesquita, Marcel Mariano, Padre Olavo e Divaldo Franco.

Destacando o pensamento de Nilson de Souza Pereira – Tio Nilson, de saudosa memória, - Mantenhamos aceso o ideal da fraternidade e nunca nos arrependeremos de havermos sido gentis, cordatos, pacíficos e pacificadores. – Psicografado por Divaldo Franco, o mestre de cerimônia João Araújo divulgou que é crescente o número de pessoas que aderem às propostas de construção da paz, com adeptos em várias localidades do Brasil e do Exterior.

O primeiro a falar foi o Padre Emanuel Antonio Olavo Amarante, da Paróquia Sant’Ana, em São Paulo. Padre Olavo, impactado pela emoção, disse que se sentia honrado com o convite para falar sobre a paz. O amor e a sabedoria fazem com que o homem queira ascender às alturas espirituais, desfrutando da alegria de viver e da felicidade. Essas conquistas requerem esforço, dedicação, coragem, trabalho, luta, incessantemente, conscienciosamente. Para tal, todos os dias precisam ser santificados nas ações, nos pensamentos, buscando a paz, transformando-se moralmente. A medida que se humaniza, os indivíduos sentem a necessidade de estabelecer metas para a construção interior, ardorosamente conquistada. Salientou o poder da oração para angariar forças e sabedoria para os enfrentamentos naturais.

Ruth Brasil Mesquita destacou que a verdadeira paz se encontra e se expressa no meio do caos, da fúria, da luta. Somente o indivíduo pacífico consegue manter-se em paz, em harmonia ante a balburdia, seja ela qual for, não se deixando perturbar. Veemente defensora da vida, Ruth Mesquita comentou sobre os estudos da Dra. Alessandra Piontelli, italiana, que através de exames de ultrassonografia intrauterina, com gestações singular e gemelar, detectou atividades inteligentes nos fetos, seus comportamentos, com comprovação dos mesmos, nas crianças nascidas, por um período de cinco anos após os nascimentos. A vida merece todo o respeito. A vida merece a paz, não a violência.

Marcel Mariano enalteceu o trabalho abnegado em prol da caridade, e por conseguinte da paz exercida pela dedicada Zilda Arns, ganhadora do Troféu Você e a Paz. Ela se destacou fervorosa defensora do uso do soro caseiro, salvando crianças em estado de risco e vulnerabilidade, combatendo a desnutrição, salvando vidas infantis, principalmente. Vale a pena lutar pela vida, pela paz.

Após serem soltos no ar balões brancos, homenageando a paz e os pacíficos, o Movimento Você e a Paz reverenciou postumamente o destacado e conhecido propagador da paz, o pacifista Monsenhor Gaspar Sadoc, um dos maiores oradores sacros, desencarnado em 22 de setembro de 2016. Povo de Deus foi um de seus lemas utilizado para chamar a atenção de seus ouvintes.

Divaldo Pereira Franco, idealizador e o principal divulgador desse grandioso movimento, iniciou seu pronunciamento enaltecendo a realeza de Jesus, seus atos de acolhimento e de esclarecimento da sociedade humana, sendo destaque na obra de Ernest Renan (1823 – 1892). Em uma aula inaugural no Collège de France, em 22 de fevereiro de 1862, não obstante ateísta, Ernest Renan afirmou que Jesus é um Homem incomparável, e que dividiu a História em antes e depois Dele. Outros pesquisadores se sucederam traçando parâmetros semelhantes e aprofundados a respeito de Jesus. O pensamento de Jesus, como psicoterapeuta, é libertador da criatura humana, que assume a sua própria realidade e responsabilidade.

Jesus, em sendo um ser integral, é capaz de vencer as vicissitudes da vida. É portador de uma psicologia inigualável, o amor. A paz é um estado estoico e heroico. Confirmando essa assertiva, basta consultar a vida e a obra de Albert Schweitzer (1875-1965) o Profeta das Selvas, Prêmio Nobel da Paz em 1952, alguém que nunca perdeu o entusiasmo. Sua dedicação aos mais necessitados, principalmente em Lambaréné, no Gabão, Continente Africano. Ali construiu um reino de amor aos desafortunados, curando doentes, promovendo o ser humano, estabelecendo a paz em cada indivíduo, o respeito pela vida.

O orador e médium espírita apresentou três fórmulas para que os indivíduos possam encontrar a paz em si: 1º - abandonar o individualismo, adotar a solidariedade; 2º - substituir o sexismo pela ternura, pelo carinho amoroso; 3º - doar-se, em vez de consumir, coisas não são importantes, pessoas são. Quando se ama se possui paz. Deus habita no homem para que ele tenha vida, e que tenha sentido. Vale a pena lutar para ter paz, disseminando-a pelo mundo, tornando-o mais belo. É possível mudar o mundo, mudando a si mesmo, valorizando a maior riqueza que o homem dispõe: a vida.

Finalizando sua brilhante abordagem, o Embaixador da Paz no Mundo incentivou o emprego da gratidão, a agradecer o ar que respira, o corpo que possui, o alimento que lhe chega à mesa, e tudo o mais que possui. Ser grato pelas oportunidades e convivências. Com o Poema da Gratidão, Divaldo destacou esse sentimento - a gratidão -, ensinando a manter uma conexão com Deus. A canção Paz pela Paz, de Nando Cordel, foi entoada vibrantemente por todos os presentes, que de mãos dadas e abraçados, desejando mutuamente uma vida de paz.

19 de dezembro de 2016: o Magno Evento

O Movimento Você e a Paz, em sua 19ª edição, alcançou sua culminância na Praça Dois de Julho, no Campo Grande, em Salvador/BA. Com um público recorde, lotando a praça, ocupando todos os espaços, os soteropolitanos, visitantes, internautas e todos os que assistiram pela FEBTV, acrescidos dos expectadores domésticos instalados em suas janelas e sacadas dos prédios do entorno da Praça do Campo Grande, foram presenteados com um magnífico evento em favor da paz, da não-violência.

Este ano o Você e a Paz ganhou uma maior visibilidade com a inserção de vários comerciais produzidos pela TV Bahia, afilhada da Rede Globo e outras emissoras, veículos de comunicação social, inclusive com a divulgação no transporte coletivo. Divaldo foi entrevistado no Telejornal Bahia Meio Dia, quando comentou sobre a paz interior, o desenvolvimento da harmonia. Destacou o exemplo dado por Jesus, o Ser vivo que pulsa nos corações dos homens, sintetizado no verbo amar. Seja você, aquele que ama, que redescobre a solidariedade humana, que descobre os invisíveis da sociedade, isto é, os miseráveis esquecidos, estendendo a mão a quem necessita, a sorrir, e encontrará a plenitude em todos os momentos da vida.

A Praça Dois de Julho estava engalanada, ricamente decorada, acolhedora. Aguardando o desenrolar das atividades, o público foi contemplado com várias músicas interpretadas por Mary Vidal e André Luís; por Assis, de Bonito/MT; pelo Sexteto de cordas do NEOJIBA – Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia; pela banda da Polícia Militar do Estado da Bahia; e por Nando Cordel.

A Secretária de Políticas para as Mulheres, Olívia Santana, representando o Governador do Estado da Bahia, Rui Costa, destacou o crescimento do movimento. Para se alcançar a paz será necessário eliminar a intolerância religiosa, a violência contra as mulheres, construir relações civilizadas e humanizadas em todos os setores da sociedade humana. A violência não pode ser relativizada, com direitos iguais para todos. Desejando que a paz esteja entre as pessoas e as religiões, encerrou seu pronunciamento.

Foram agraciados com o Troféu Você e a Paz, na categoria Instituições que realizam, a organização Fraternidade Sem Fronteiras; o Instituto FATUMBI; e o Projeto Incluir. Na categoria Personalidade física que se doa, os homenageados foram: Sra. Conceição Macedo, do Instituto Beneficente Conceição Macedo; o Projeto Criar e Crescer – Grupo Guerreiros da Paz; e Ivete Sangalo, por ações culturais para arrecadar recursos destinados ao tratamento de crianças portadoras de câncer.

O Monsenhor Gaspar Sadoc, grande amigo e colaborador do Você e a Paz, foi homenageado postumamente. Sua última mensagem para o Movimento, do qual participou inúmeras vezes, foi de gratidão e ternura.

O Movimento Você e a Paz tem um caráter ecumênico, evidenciando que a paz é uma necessidade que o homem procura sanar onde quer que se encontre, professando diversificadas crenças ou religiões. Assim, alguns convidados fizeram seus pronunciamentos destacando que a paz é uma construção individual e que se exterioriza através de ações no bem, no acolhimento e na fraternidade, no perdão e na tolerância.

Destacando a construção da paz na humanidade, pronunciaram-se os seguintes líderes religiosos: Jamira Nery Ferreira, Diretora Executiva da Prosperidade da Seicho-No-Ie do Brasil; Sheikh Alhaji Abdul Hameed Ahmad, Líder Espiritual do Centro Cultural Islâmico da Bahia; Makota Valdina Pinto, Representante da Religiões Afro; Pastor Djalma Torres, Diretor do Centro de Pesquisa, Estudos e Serviço Cristão e Presidente da Igreja Evangélica de Antioquia – Tororó; e o Ministro Antônio Sérgio Araújo Cabral, representando a Igreja Messiânica Mundial do Brasil.

Divaldo Pereira Franco, líder desse grande empreendimento pacificador, Embaixador da Paz no Mundo, narrou comovedor episódio vivido por Gibran Khalil Gibran (1883-1931), escritor libanês, autor da obra O Profeta. Depois da fama, Khalil Gibran resolveu voltar ao seu país para analisar como estavam as relações entre o povo e seus governantes, a justiça e os réus. Esses apontamentos, que o chocaram profundamente, se encontram na obra Espíritos Rebeldes. Com essa publicação, entre outras, Gibran Khalil foi expulso do Líbano. Um dos contos retrata a crueldade, a hediondez com que o Emir, encarregado dos julgamentos e condenações, se comporta, apresentando uma justiça caótica, dos sem alma, dos que não sabem amar. Sem ouvir os réus, sentencia-os impiedosamente com base em relatos unilaterais e tendenciosos. A injustiça havia expulsado os justos, instalando-se a opressão sanguinária e fria. Onde há paz, quando a injustiça impera?

A criatura humana alcança o ápice quando ama indistintamente. O amor vai tomando os corações e começa a produzir paz. O maior inimigo do homem é o próprio homem. A necessidade de paz é igual a necessidade de pão. Em 6.680 anos de ética e de civilização, o homem somente teve 250 anos de paz. Na sua maioria, as guerras tiveram motivações religiosas. A paz, disse o ínclito orador, começa no indivíduo, se exterioriza no âmbito doméstico, estende-se pelas relações da vida animal, vegetal, humana e pela natureza como um todo. Os homens devem amar sem medo e com confiança.

Em sendo a voz dos invisíveis, dos esquecidos da sociedade humana, Divaldo coloca-se a serviço de Jesus, doando-se sem restrições aos seus irmãos desvalidos. O Cristo é a solução para os males da humanidade que se encontra, atualmente, em crise moral, de valores éticos escassos. Finalizou com a citação de João (14:27), quando Jesus ensinou: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

Recitando o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, Divaldo Franco, semeando estrelas, encerrou o magnífico evento. Com Nando Cordel e os demais que se encontravam no palco, e em coro com a multidão, foi cantada a Canção Paz Pela Paz. Com alegria esfuziante e calorosos abraços o povo foi deixando a praça com a certeza que a paz é possível e, que a violência é somente um grito de socorro dos que se encontram em desespero e sem um sentido para a vida. Roguemos a Deus que nos dê forças e coragem para pacificarmo-nos. 
 


Nota do autor:
 

As fotos desta reportagem são de autoria de Jorge Moehlecke.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita