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Brasil
Ano 10 - N° 494 - 4 de Dezembro de 2016
DJAIR DE SOUZA RIBEIRO
djribeiro@uol.com.br
Santo André, SP (Brasil)
 

  

Divaldo Franco: “O problema da criatura humana é a própria criatura humana”

O conhecido orador visitou as cidades paulistas de Sorocaba e
São Bernardo do Campo, onde falou a um público numeroso

 

O Clube União Recreativo, em sua sede campestre, em Sorocaba (SP), acolheu, na noite de 16 de novembro de 2016, cerca de 4.200 pessoas para ouvir Divaldo Franco. O evento foi organizado pela USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo) Intermunicipal Sorocaba.

Divaldo Franco deu início à palestra abordando as causas que

respondem pelo enorme sofrimento que envolve o comportamento humano da atualidade, onde o materialismo e o desprezo pelos valores morais e éticos, associados ao ateísmo,  tiranizam grande parte da sociedade pela imposição de seus valores transitórios e alienantes do sexismo, do individualismo e do consumismo.

Divaldo fez, então, uma sucinta, porém brilhante, incursão pela história da humanidade perpassando os eventos chaves que resultaram no fortalecimento da filosofia materialista e ateísta.

Divaldo relembrou o Iluminismo, movimento cultural no século XVIII, que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado da era medieval e revelar as inconsistências bíblicas.

A partir dos ideais iluministas e a par com uma severa crise, o povo revoltou-se e em 14 de julho de 1789, com a queda da Bastilha, teve início a Revolução Francesa.

Cansados e oprimidos pela intolerância religiosa e pelos privilégios do clero e em associação aos pensamentos filosóficos materialistas os revolucionários buscaram impor os seus pensamentos. Pierre Gaspard Chaumette (1763-1794), político francês e pertencente ao grupo dos ultrarrradicais fanáticos no período da Revolução Francesa, considerava ser a religião uma relíquia das superstições da era medieval, não mais correspondendo às conquistas intelectuais obtidas com o Iluminismo. 

Chaumette considerava a Igreja e os inimigos da Revolução Francesa como sendo a mesma coisa e, apoiado em seu fanatismo, iniciou o movimento de descristianização do povo francês.

O auge da imposição do pensamento materialista e ateísta ocorreu na catedral de Notre Dame de Paris no dia 10 de novembro de 1793, quando se deu a destruição do altar da catedral e a entronização da deusa Razão (representada pela atriz Mademoiselle Candeille) em substituição a Deus. A partir de então nesta data passou-se a comemorar o Festival da Razão. 

Sete razões por que acreditar em Deus 

Em 1801 Napoleão Bonaparte assina com o Papa Pio VII o acordo de restabelecimento da religião, trazendo de volta Deus para a França, o qual ficou conhecido por “Concordata de 1801”.

Em 1804, enquanto o imperador francês Napoleão Bonaparte invade outros países para impor sua dominação, nascia na histórica cidade de Lyon, na mesma França de Bonaparte, Hippolyte Léon Denizard Rivail – mais tarde Allan Kardec – representando uma luz na terrível noite a que se entregava a humanidade.

Enquanto as terríveis consequências das guerras napoleônicas prosseguiam  impondo sofrimento a tantos povos, o jovem Hippolyte  Denizard ingressava na escola fundada por Henrique Pestalozzi em Yverdon, na Suíça, construindo as bases da estrada de luz que viria em socorro da humanidade.

Divaldo segue ilustrando o caminho da filosofia materialista no século XIX com o surgimento do Positivismo de Auguste Comte (1798-1857).

Freud, Nietzsche e o niilismo, Karl Max e a afirmação de que a religião é o ópio do povo representam o máximo do pensamento materialista ateísta.

Guerras e revoluções sangrentas dominam o século XX e a libertinagem dos costumes morais – travestidas de liberdade – empurram a sociedade para a conquista do nada existencial em prejuízo dos valores transcendentais.

A humanidade empanturrada de tecnologia experimenta, porém, sofrimentos emocionais e morais a se refletir nas imensas multidões de depressivos.

O comportamento pendular da sociedade humana desloca-se, então, uma vez mais e tem início a volta dos cientistas e da ciência para Deus, minimizando assim as crises passadas.

Fazendo contraponto ao ilusório império materialista-ateísta, Divaldo cita o químico americano e presidente da Academia de Ciência de Nova York, Dr. Abraham Cressy Morrison (1864 – 1951), que publicou um artigo na imprensa americana intitulada “Sete Razões por que um Cientista Acredita em Deus” (Seven Reasons a Scientist Believes in God).

Nesse artigo o Dr. Morrison – baseado na lógica das descobertas científicas – enumera as razões que comprovam cientificamente a existência de Deus. 

A ciência ajuda, mas somente o amor edifica  

Utilizando-se do conhecimento da velocidade de rotação da Terra, da distância da Terra em relação ao Sol, da espessura da camada da atmosfera que circunda a Terra, do ângulo de inclinação do eixo vertical da Terra, da existência da Lua etc., o Dr. Morrison conclui que tudo foi cuidadosamente pensado e construído para que a vida na Terra fosse possível e, dessa maneira, alguém se preocupou com isso e cuidou de todos os detalhes. Se não foi Deus – pergunta o cientista – quem teria sido?

Deus retorna à pauta das considerações científicas e o homem deixa de ser apenas um amontoado de átomos, moléculas e células fadado ao túmulo após uma breve existência, para se transformar em herdeiro do Universo.

Para sentirmos a presença de Deus é necessária, porém, uma condição: amar.

Amar, como nos convidou Jesus – o tipo mais perfeito que Deus deu aos homens para lhes servir de Modelo e Guia – e anotada pelo evangelista Marcos no capítulo 12:29 e 30: Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. A tecnologia e a ciência auxiliam, mas somente o amor edifica permanentemente.

Divaldo Franco concluiu a palestra emocionando a todos os presentes com a narrativa da página de autoria de Felício Terra em torno da vida de Leland Stanford, sua esposa Jane Stanford e do filho Leland Stanford Jr. (1868-1884), cuja morte – por tifo – durante uma viagem pela Europa despertou nos pais a motivação para as preocupações transcendentais da vida. Tocada pelos exemplos de amor do filho Leland pelas crianças desassistidas e excluídas de um orfanato que um dia visitara junto com a mãe, o casal Stanford passou a considerar a ideia de fazer das crianças da Califórnia as crianças da família Stanford.

Com essa motivação o casal fundou a Universidade Stanford (oficialmente o nome é Leland Stanford Junior University)

Nessa emocionante história vemos retratada, uma vez mais, a aplicação das recomendações do Mestre Jesus quanto ao amor incondicional a Deus e ao próximo.

Divaldo encerrou a conferência luarizando a todos com poema da gratidão.  

O problema da criatura humana é... 

Na noite do dia 17 de novembro de 2016 Divaldo Franco falou em São Bernardo do Campo, fato que representou para a instituição espírita Lar da Criança Emmanuel, o Centro Espírita Obreiros do Senhor e o Centro Espírita Maria Amélia, o coroamento de esforços que, desde 2010, foram mobilizados para as comemorações de meio século de fundação desses núcleos de amor e caridade. Nessa

data o tribuno Divaldo Franco apresentou-se no Centro de Formação dos Profissionais de Educação “Ruth Cardoso” em São Bernardo do Campo, levando a mais de 2.000 pessoas a mensagem de esperança, consolação e amor, sempre baseada nos ensinamentos de Jesus e Kardec.

Do alto da tribuna Divaldo iniciou a conferência com uma frase sintética, mas abrangente em seu significado: “O problema da criatura humana é a própria criatura humana”.

A partir desse introito Divaldo discorre sobre o processo antropopsicológico da criatura humana que inicia sua viagem com a manifestação do instinto desdobrado em suas três abrangências: 

1. O Instinto de Reprodução;

2. O instinto de Alimentação;

3. O instinto de Repouso. 

Avançando um pouco mais e observando as forças da Natureza agindo à sua volta, o homem primitivo desenvolve sua primeira emoção: o medo, que o capacita fisiologicamente para enfrentar ou fugir das situações perigosas

A partir do medo surgem, então, a ira, a cólera, o ódio e o desejo de vingança.

Agrupados em suas cavernas e observando a fragilidade e dependência das crias, tem início o desenvolvimento dos pródromos do nobre sentimento que somente muito mais tarde se consolidará em sua estrutura psicológica: o amor.

E para nos falar desse amor Divaldo – com a habilidade e competência habitual – desvenda-nos os pensamentos dos grandes estudiosos da criatura humana. 

Os níveis de consciência segundo Ouspensky 

De acordo com o sociólogo, médico psiquiatra e psicólogo Emilio Mira y Lopez (1896-1964), do ponto de vista psicológico o ser humano é constituído de cinco elementos:

1. Personalidade (A máscara que afivelamos à face).

2. Conhecimento (São as aquisições intelectivas e formada pelas lições de aprendizagem)

3. Identificação (São as sintonias daquilo com o que nos afinizamos)

4. Consciência (Que atuando com o Conhecimento forma a base do discernimento)

5. Individualidade (O elemento que o egoísmo procura defender a todo custo).

A consciência possui níveis diferenciados, como os conceituou Pedro Ouspensky:

a) Consciência de sono SEM sonhos (Só pensa em si próprio: É meu)

b) Consciência de sono COM sonhos (Já passamos a ter ideais e não somente o desejo de acumular)

c) Consciência de sono ACORDADO (A consciência que não mais está sonolenta pelo egoísmo)

d) Consciência de si mesmo. (Quando o Ego - a máscara que afivelamos à face e que luta por defender a qualquer preço nossa Individualidade - toma conhecimento dos conteúdos psíquicos. Em outras palavras: É quando eu sei fazer o que DEVO quando POSSO e – também - fazer o que POSSO quando DEVO). Nesse ponto Divaldo ilustra que as crises – morais, sociais, econômicas – vêm do fato de realizarmos o que PODEMOS quando NÃO DEVEMOS e fazer o que DEVEMOS quando NÃO PODEMOS.

Ainda no item de Consciência de si mesmo Divaldo alonga maiores esclarecimentos e enumera as 7 (sete) funções que a Consciência vai permitir controlar na máquina orgânica: I) Função Emocional; II) Função Intelectiva; III) Função do Instinto; IV) Função dos Movimentos; V) Função Sexual (Expressões Feminina – anima e Masculina – animus - permitindo equilibrar a psicologia à anatomia); VI) Função Emoção Superior e VII) Função Intelectiva Superior.

e) Consciência Cósmica. (Já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim. Paulo – Gálatas, 2:20). 

Herói era aquele que destruía os inimigos 

Findo esse périplo pela conceituação acadêmica da consciência Divaldo adentra a parte final da conferência abordando a parte moral do tema. Allan Kardec, na questão 625 de O Livro dos Espíritos, indagou aos Espíritos Superiores: - Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu aos homens, para lhe servir de modelo e guia?

Os Numes tutelares da humanidade responderam sinteticamente: Jesus.

Jesus é o Modelo, Guia e Mestre de toda a Humanidade e, com seu amor incondicional por todos nós, é exemplo para nossos comportamentos e nos indica a direção a seguir, além de nos legar ensinamentos imortalizados de forma sucinta do Sermão da Montanha, principalmente nas Bem-Aventuranças.

Jesus vem subverter o entendimento dos conceitos gerados pela falta de consciência da época e que perduram até os dias atuais. Herói era aquele que destruía os inimigos e Vitorioso era aquele que conquistava a todos, a tudo esmagando e derramando-lhe o sangue.

Para aqueles que já têm a consciência iluminada pelos ensinamentos do Cristo, o Herói é aquele que vence a Si mesmo e Vitorioso é aquele que controla suas más inclinações e vence suas tendências malignas. O Espiritismo vem despertar a nossa consciência para a necessidade de encontrarmos um sentido psicológico para a vida, deixando a fase do primarismo representado pelos instintos e as sensações.

O sentido da vida, conforme nos ensinou Jesus, é AMAR. Nós somos mais do que o ser definido pelos antropologistas: bípede e emocional. Somos também aqueles que trazemos na alma a presença de Deus e fomos nascidos para amar, pois o amor é o ápice do nosso processo evolutivo ético e moral.

Divaldo silencia e arremata: “A vida tem que ter um significado: o desenvolvimento do amor”.

Concluindo o seminário, Divaldo estendeu a todos o convite que lhe foi formulado por Joanna de Ângelis de que devemos abrir o carinho das nossas emoções e sentimentos ao nosso próximo, buscando aqueles que são “invisíveis” na sociedade, os esquecidos e marginalizados, e contribuindo para torná-los dignos e socialmente visíveis.

Divaldo narra sua experiência pessoal quando, convidado por Joanna de Ângelis, abraçou um simples garçom e, ao estabelecer diálogo com ele, veio a descobrir que o abraço recebido o fez abandonar a decisão de cometer suicídio, visto que experimentava a dolorosa injunção do câncer.

Emocionados – e felizes - lentamente todos foram-se retirando com os ensinamentos de Jesus ainda repercutindo na acústica da alma, convidando-nos a todos a sermos felizes. Hoje. 

 

Nota do Autor: 

As fotos desta reportagem foram feitas por Sandra Patrocínio.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita