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Clássicos do Espiritismo
Ano 10 - N° 493 - 27 de Novembro de 2016
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

Comunicações mediúnicas entre vivos

 Ernesto Bozzano

 (Parte 3) 

Continuamos o estudo do livro Comunicações mediúnicas entre vivos, de autoria de Ernesto Bozzano, traduzido para o idioma português por J. Herculano Pires. 

Questões preliminares  

A. Um sensitivo, projetando suas faculdades perceptivas a distância, pode influenciar as pessoas visualizadas, transmitindo-lhes os próprios pensamentos ou sugerindo-lhes a prática de uma determinada ação?  

A experiência diz que sim, como mostra o depoimento dado pelo Sr. Harrison D. Barret, diretor de Banner of Light e presidente da National Spiritualist Association dos Estados Unidos da América do Norte, segundo o qual uma sensitiva conseguiu, por meio da sugestão mental, que um membro da família interrompesse uma carta que estava escrevendo, a pusesse de lado e escrevesse outra carta que ela ditou mentalmente. Bozzano, que transcreveu o caso, comentou-o em seguida. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento: caso 3.) 

B. O que demonstram fatos como o narrado pelo Sr. Barret, citado na questão precedente?   

Esse fato demonstra, de modo absoluto, que o “controle mediúnico” consiste na transmissão telepática do pensamento e não em uma encarnação temporária do espírito comunicante no organismo do médium. O mesmo se diga dos fenômenos de “obsessão” e “possessão”, que, baseados no caso exposto, deveriam ser considerados como determinados pelo fato de o paciente ser dominado por uma ideia. E demonstra também que a chamada “presença de um espírito” não implica, de modo algum, a ideia de que ele se ache efetivamente presente. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento: caso 3.) 

C. Admitindo a realidade do fato acima narrado, que conclusões dele podemos extrair?  

As observações são de Ernesto Bozzano: Se a vontade de um vivo pode ditar mentalmente uma carta, palavra por palavra, servindo-se do cérebro e mãos de outrem, ou pode transmitir a distância o conteúdo de um longo discurso, nada impede que se acolham, como legítimas e verdadeiras, as explicações dadas em tal sentido pelas personalidades dos mortos, que afirmam transmitir as suas mensagens agindo telepaticamente pela sua vontade sobre o cérebro dos médiuns. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento.)

Texto para leitura 

36. Caso 3 – Este caso foi transcrito da Light (1898, pág. 375) e, segundo Bozzano, trata-se de um caso muito instrutivo de “vontade sugestionante” e de “lucidez” desenvolvida em uma distinta escritora norte-americana. O narrador é o Sr. Harrison D. Barret, diretor de Banner of Light e presidente da National Spiritualist Association dos Estados Unidos da América do Norte. É longo o relatório e, conquanto o incidente que realmente interessa esteja em curto parágrafo, ele decidiu relatar um longo trecho, dado o valor teórico que os fatos apresentam. Escreve o Sr. Barret: 

Trata-se de uma jovem senhora a quem o relator teve a honra de ser recentemente apresentado. Nela se desenvolvem espontaneamente faculdades de clarividência, sem que conhecesse coisa alguma do que a propósito ensina o Ocultismo. Em grau menor existem as mesmas faculdades em dois outros membros da família, porém como os sentimentos destes últimos são contrários a tal sorte de manifestações, eles as reprimem sistematicamente.

É costume da senhora projetar as suas faculdades perceptivas em direção à irmã e ao irmão que residem nos “Midlands” e assim procedendo ela os percebe nas situações em que se acham na ocasião, situações essas que depois lhe são confirmadas em cartas.

Uma vez viu seu cunhado subindo numa escada a pregar na parede uma série de pregos nos quais dependurava outros tantos quadros. O fato a surpreendeu porque ela sabia que o seu cunhado não possuía os quadros que estava vendo, mas quando lhe escreveu veio a saber, pela resposta, que realmente ele estava colocando na parede os mesmos quadros que ela vira, quadros que obtivera em virtude de um legado.

Por meio da sugestão mental conseguiu que um membro da família interrompesse uma carta que estava escrevendo, a pusesse de lado e escrevesse outra carta que ela ditou mentalmente. E ele escreveu até o fim a segunda carta, meteu-a no envelope, pôs o endereço e selou, depois voltou a escrever a carta que havia interrompido. Tudo isso ocorreu sem a troca de uma única palavra e só três horas depois é que revelou tudo ao seu parente, o qual ficou um pouco contrariado e pediu que lhe fosse devolvida a carta que ela lhe havia ditado por sugestão, mas era tarde porque já fora posta no correio.

Quando projeta as suas faculdades perceptivas a distância ela pode influenciar as pessoas visualizadas, transmitindo-lhes os próprios pensamentos ou sugerindo-lhes a prática de uma determinada ação. Assim, por exemplo, ela lhe sugere que a venha visitar numa hora preestabelecida, o que nunca se deixa de realizar. Quando transmite ordens mentais, percebe os pensamentos das pessoas com as quais está em afinidade, como se conversasse de viva voz com elas, mas não fica certa do êxito da experiência enquanto não se verifica a ação sugerida. A projeção das suas próprias faculdades perceptivas em direção ao paciente determina um “circuito” de retorno que reage sobre ela e, dessa forma, é informada do êxito da experiência.

Quando deseja comunicar-se com pessoa de longe, começa por suprimir qualquer relação com o ambiente exterior, fechando os olhos e sobrepondo-lhes as mãos. Depois concentra intensamente o pensamento sobre a pessoa que deseja ver, evitando rigorosamente deixar-se colher pela mínima distração. Se pensar no ambiente em que se acha a pessoa que deseje ver ou em coisas que a mesma lhe sugere, falhará a experiência. Algumas vezes atinge o alvo imediatamente, outras vezes tem que sustentar a prova por uns vinte minutos. Enquanto não vê a pessoa visualizada, abstém-se de transmitir a mensagem e, quando o fato se realiza, sente-se na presença da pessoa. Algumas vezes tem tentado tocá-la e a vê reagir imediatamente. Em geral as pessoas sobre as quais projeta o pensamento tomam conhecimento de sua presença ou pelo menos pensam nela. Ela não distingue o ambiente em que se acha a citada pessoa a menos que se proponha vê-lo como também não percebe a paisagem que tem de atravessar para chegar à pessoa visualizada. Com respeito a esta última circunstância o relator obteve dela a promessa de tentar visualizar os detalhes das paisagens interpostas de caminhos percorridos, pessoas encontradas, etc.

O esforço que ela faz nessas circunstâncias a esgota sensivelmente e algumas vezes sente dor de cabeça. Vivendo só, procura a companhia dos parentes, recorrendo às suas faculdades de vidente, as quais desenvolveu tanto que agora funcionam espontaneamente, sem intenção alguma de sua parte. Ocorreu-lhe isso algumas vezes enquanto guiava a sua caleça,[i] o que se torna um inconveniente muito sério, porque durante esse estado fica inconsciente do ambiente que a cerca, de modo que por duas vezes o cavalo se desviou, indo esbarrar na cerca da estrada, onde ela caiu, despertando-se bruscamente para a vida normal, de forma bem pouco agradável. Ela é de opinião que em tais condições de clarividência realiza-se a projeção a distância de seu próprio “duplo”, e isto porque vê o seu próprio corpo deitado no divã.

Além disso distingue repetidas vezes os “duplos” de outras pessoas vivas, algumas das quais vinham visitá-la em seu quarto, como também distingue e comunica-se mentalmente com pessoas mortas, separando facilmente os fantasmas de vivos e de mortos pelo grau diverso de densidade com que lhe aparecem: os fantasmas dos vivos são muito mais densos do que os dos mortos. Ela conserva lembrança de suas experiências, conquanto se realizem evidentemente durante uma “segunda condição” de sensitiva. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento: caso 3.)

 

37. Este é o mais interessante caso referido pelo diretor da revista Banner of Light, que o comenta brevemente, nas seguintes palavras:
 

Este caso demonstra, de modo absoluto, que o “controle mediúnico” consiste na transmissão telepática do pensamento e não em uma encarnação temporária do espírito comunicante no organismo do médium. O mesmo se diga dos fenômenos de “obsessão” e “possessão”, que, baseados no caso exposto, deveriam ser considerados como determinados pelo fato de o paciente ser dominado por uma ideia. Quer dizer que a mente do paciente, achando-se temporariamente em condições de ideação negativa, torna-se fácil presa de uma ideia sugestionante de origem extrínseca, ideia essa que pode dominá-lo e obsidiá-lo, degenerando numa representação monoideística. Este caso demonstra também que a chamada “presença de um espírito” não implica, de modo algum, a ideia de que ele se ache efetivamente presente. Antes, a uniformidade das leis naturais tenderia a fazer presumir que as manifestações espíritas sejam consequência de uma projeção de força ou de pensamento da entidade comunicante, conforme se verifica no caso exposto. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento: caso 3.)
 

38. Estas são as considerações racionais e instrutivas que o relator faz do interessante caso referido, cujo valor técnico é notabilíssimo, não porque encerre modalidades novas de manifestação, mas pelo desenvolvimento completo que nele assumem alguns episódios. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento: caso 3.) 

39. Começando pelo incidente que diretamente nos interessa, não se pode negar que o fato de conseguir-se, pela transmissão do pensamento, que uma pessoa interrompa uma carta que estava escrevendo, a fim de começar outra que lhe é ditada por uma vontade extrínseca, sem que a pessoa sugestionada tenha conhecimento de se haver tornado instrumento passivo em mão de outrem – não se pode negar, repita-se, que um completo incidente de tal natureza seja um tanto raro nos anais dos fenômenos magnéticos e hipnóticos. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento: caso 3.) 

40. Recordamos um episódio semelhante ao narrado, o qual se encontra no livro do Prof. Flournoy, Esprits et Mediums, pág. 90. Neste, a Sra. Prell sonha que está fazendo uma visita à sua amiga, a Sra. Zora, dotada de mediunidade escrevente, e que lhe faz certo discurso. Em tal momento, a Sra. Zora, que acabava de levantar-se e estava absorvida no trabalho, é tomada por um impulso de escrever automaticamente e, assim procedendo, manifesta-se-lhe a sua amiga Sra. Prell, que lhe dita longo discurso, idêntico no conteúdo, senão na forma, ao discurso do sonho. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento.) 

41. Do ponto de vista do paralelismo entre os fenômenos anímicos e espíritas, tais episódios são altamente sugestivos porque valem para tornar mais inteligíveis as modalidades em que se realizam as comunicações com os mortos, pois que, se a vontade de um vivo pode ditar mentalmente uma carta, palavra por palavra, servindo-se do cérebro e mãos de outrem, ou pode transmitir a distância o conteúdo de um longo discurso, nada impede que se acolham, como legítimas e verdadeiras, as explicações dadas em tal sentido pelas personalidades dos mortos, que afirmam transmitir as suas mensagens agindo telepaticamente pela sua vontade sobre o cérebro dos médiuns. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento.) 

42. Bozzano destaca ainda as seguintes passagens:  

“Quando transmite ordens mentais, ela percebe os pensamentos das pessoas com as quais está em relação, como se estas conversassem com ela, de viva voz.”

“Geralmente as pessoas sobre as quais projeta o seu pensamento têm consciência de sua presença, ou pelo menos pensam nela.”

 “Ela é de opinião que em tais condições de clarividência realiza-se a projeção, a distância, do seu próprio ‘duplo’, e isto porque ela vê o seu próprio corpo deitado, inerte, no divã.” (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento.)
 

43. As passagens citadas nos levam a presumir que, na sensitiva em questão, as faculdades de transmissão telepática do pensamento se alternam muitas vezes com os fenômenos de “bilocação” ou projeção a distância do seu corpo fluídico. Em tal caso, porém, não devem ser tomadas ao pé da letra as impressões da vidente, isto é, que as pessoas por ela visualizadas conversem com ela, de viva voz. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento.) 

44. Tais pessoas, indubitavelmente, não se portariam desse modo, pois que não existem exemplos de tal natureza em toda a casuística do gênero, conquanto seja verdade que as pessoas que recebem um impulso telepático, muitas vezes se tornam conscientes de uma presença ou pensam na pessoa que, naquele momento, se acha em relação psíquica com elas. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento.) 

45. Deve-se presumir, portanto, que as conversações de que se trata ocorrem entre as personalidades integrais subconscientes dos protagonistas e, como isso não faz diferença para os videntes, os quais desenvolvem os seus diálogos com as pessoas visualizadas, é natural que neles se produza a ilusão de uma conversa de viva voz, ilusão ou alucinação tão viva e infalível que constitui a regra em tais experiências. O próprio William Stainton Moses a ela se sujeitava. Este, certo dia, resolveu pedir explicação a tal respeito ao seu guia “Imperator” e isto por ocasião de um incidente desse gênero, em que ele estava convencido de ter conversado de viva voz com pessoas distantes, que vira num cortejo fúnebre. (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento.) 

46. Moses perguntou: “Em tais circunstâncias (do desdobramento fluídico) poderia tornar-me visível aos presentes?” O guia “Imperator” respondeu:  

“Não estarias visível a olhos humanos, se bem que a presença de teu espírito pudesse impressionar a mente de alguns dos presentes que pensassem em ti, como dizeis vós outros. Muitas vezes isto se verifica por efeito da vontade dos espíritos que atraem o pensamento das pessoas com as quais se acham em relação. Referindo-me ao teu caso, observo que, como no cortejo não havia pessoas com as quais estivesses vinculado espiritualmente pela lei de afinidade, não terias podido tornar-te visível, mesmo que nós o houvéssemos desejado. Afirmas ter dirigido a palavra a alguém no cortejo, recebendo resposta, mas em verdade exercitaste as faculdades espirituais de transmissão e leitura do pensamento, faculdades de que se servem os espíritos para conversar entre si. Estavas em condições transitórias de desencarnado e por isso exercitaste as faculdades espirituais que em raras circunstâncias são exercitadas também pelos vivos em forma de clarividência. Em conclusão, não conversaste realmente com pessoa alguma, porém não deixa por isso de ser verdade o que afirmas.” (William Stainton Moses, Spirit Teachings, 2ª série, pág. 85). (1ª Categoria: Mensagens experimentais no mesmo aposento.)


 

[i]    Caleça – Carruagem de quatro rodas e dois assentos, puxada por uma parelha de cavalos. (Dicionário Aurélio Século XXI)



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita