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Ano 10 - N° 487 - 16 de Outubro de 2016

CLAUDIA GELERNTER 
claudiagelernter@icloud.com
Campinas, SP (Brasil)

 
 

Claudia Gelernter

 A divina arte
de viver

O Espiritismo nasce em 1857 carregando uma bandeira peculiar. Embora sem relatar uma novidade quando comentou sobre a reencarnação, o fato é que demonstra, através de sua rica filosofia, os detalhes deste processo, costurando questões evolutivas de forma coerente com a existência de um Criador Perfeito, Onipotente, Onisciente, totalmente Justo e Bom. Embora outras religiões também afirmem a questão da reencarnação, somente o Espiritismo dá a este tema uma característica robusta, que se sustenta, desde que, como comentei, levemos em conta um Deus Perfeito. A Doutrina Espírita nos explica os fundamentos desta teoria, afirmando de onde viemos, por quais motivos aqui estamos e para onde iremos após esta passagem pela Terra.

Segundo a religião:

- Somos almas imortais.

- Fomos criados por Deus.

- Estamos em um processo de evolução contínua.

A Terra é uma das possíveis experiências, com relativa perda de memória, para colocarmos em prática aprendizagens já realizadas e aprendermos novos conceitos.

Ao sairmos desta experiência reencarnatória, seguimos para o Mundo Espiritual - nossa verdadeira casa, já que somos Espíritos e não corpo. E, sendo Espíritos, obviamente precisamos viver aqui de acordo com nossa natureza espiritual, tendo o material como veículo e meio, nunca como um fim em si mesmo.

Não nascemos para nos cobrir de ouro, mas para sentir e espalhar mais amor.  

Mecanismo de defesa para a evolução 

Entendemos que a alma se expressa e sente o meio através do corpo, sendo que este corpo mais denso, que conseguimos ver e tocar, carrega informações genéticas do nosso sistema familiar, mas não somente. Ele também é herdeiro de uma evolução da espécie humana (filogenética), portanto possui limites e possibilidades dentro desta categoria. Desta maneira, não conseguimos voar, tampouco viver embaixo da água. Mas não apenas isto. Nosso cérebro foi equipado com um sistema de proteção bastante interessante. Não, não se trata da caixa craniana, formada por um osso duro, mas por um dispositivo de proteção automático, que nos faz escapar de ameaças iminentes ou lutar contra elas, imediatamente, sendo que este mecanismo é mais forte e intenso do que o mecanismo do prazer. Sendo assim, fisicamente estamos programados para registrar e valorizar muito mais aspectos negativos da existência que os positivos. Costumo dizer para as pessoas que, obviamente, é mais importante fugirmos de um leão que encontrarmos e nos alegrarmos com um morango silvestre. Muito mais urgente. Então estamos dizendo que existe um conflito de interesses, afinal buscamos a felicidade na Terra, porém temos uma máquina programada para registrar, destacar e valorizar mais o negativo que o positivo da experiência.

Neurocientistas comentam que, sendo assim, precisamos de mais inputs positivos que negativos. E estes inputs não devem ser apenas nas experiências com o meio, mas imposições mentais, nas quais conversamos conosco, reafirmando as coisas boas que nos acontecem, trazendo-as à consciência e sendo gratos a elas. (1)

Costumo indicar aos meus pacientes que montem um caderno especial da gratidão. Todas as noites, devem registrar ao menos 5 fatos significativos que aconteceram no dia e que devem receber destaque na consciência, mais uma vez. Este é um exercício muito interessante, capaz de alterar estruturas mentais construídas com outros direcionamentos. Traz imediato bem-estar, aliás.

Com o avanço da ciência, graças aos equipamentos de neuroimagem, pudemos, nos últimos 20 anos, dar um salto na questão de aprendizagem sobre nossos cérebros. Pudemos entender que ele possui uma plasticidade, que conseguimos alterar sua estrutura, tanto para melhor como para pior, através dos nossos pensamentos e postura de vida. Portanto, compreender aspectos sobre a arte do bom viver pode não somente mudar nosso humor, como até mesmo nosso órgão cerebral. E isso é algo maravilhoso, pois quando este se altera, a força dos pensamentos positivos se potencializa. Eis um círculo virtuoso que nasce!

Mas não se trata de criar um mundo cor-de-rosa, imaginário, Poliana. E sim voltar nosso olhar para o real, no aqui e no agora, juntos da experiência, com consciência e amorosidade ao Eu e ao Mundo. Pois, quando aprendemos a nos amar, buscamos na vida o que ela tem de melhor a nos oferecer, dando em retorno, também, o nosso melhor. 

Jesus e o sentido da vida 

Quando o querido Mestre esteve entre nós, comentou que devemos aprender a amar, a perdoar, a doar, a aceitar as experiências com entendimento, humildade, fé, esperança, justiça e coragem. Já naquele tempo comentou como a ansiedade nos fazia mal. Questionava por que andávamos tão ansiosos pelas coisas materiais, se Deus pode sim nos prover do necessário e que bastaria fizéssemos o que Ele nos ensinava, ou seja, que caminhássemos de acordo com a grande Lei, fazendo o nosso melhor. Acontece que esta afirmativa, contida no sermão do Monte, traz em si mesma uma complicação, quando não lhe emprestamos um olhar profundo, espiritual e reencarnacionista. Pois, como estar calmo diante da vida, se não consigo ainda ser tão bom quanto me pede o próprio Jesus? Se a Lei de Deus, se o Reino é amor e sabedoria, como conseguir ter o necessário se ainda não consigo caminhar na Terra sendo verdadeiramente justo e bom?

Ora, como tudo o que há, precisamos nos esforçar para compreender a lente divina, que conhece profundamente nossas possibilidades e limites. Deus não pediria de seus filhos mais do que eles podem dar. Logicamente que vamos errar, que vamos continuar com dificuldades nas questões morais, por algum tempo, entretanto levemos em conta nossa boa vontade, nossa intenção de fazer o bem, de construir um mundo melhor, através de nossas ações no mundo. E obviamente esta intenção e persistência sempre é levada em conta. Não nos será pedido que sejamos santos em um dia, mas que no espaço dos dias sejamos intensos na intenção e na disposição.

E o que seria Sentido de Vida? Resumidamente, podemos dizer que se trata de realizar aqui o nosso melhor, com o que carregamos de valores e talentos. Os valores nos dão o norte positivo nas ações, os talentos nos indicam as áreas em que podemos atuar no mundo. Por exemplo: um bom médico usa seus talentos para se tornar e realizar a profissão de médico, mas os valores é que fazem com que seja verdadeiramente humano e bom em seus atendimentos, sendo, então, um profissional completo. Sendo assim, vive de acordo com seus talentos e valores e, por consequência, consegue manter-se firme diante dos embates que a vida apresenta e se torna resiliente, pois, assim como dizia Nietzsche, quem tem um porquê enfrenta qualquer como.

Joan Garriga Bacardi já dizia que a boa jornada de uma alma consiste em que descubra seus talentos, que saiba quais as feridas e as sane e, por último, que viva de acordo com o fluxo da vida, aceitando o inevitável, alterando o possível, amando sempre. 

É preciso atenção para alguns pontos importantes 

Autossabotagem: Nós, humanos, algumas vezes desenvolvemos crenças fantasiosas sobre nós mesmos. Existem os que se pensam pecadores, não merecedores do bom, da alegria, da paz. Outros, por não aceitarem os pais e a própria história vivida com eles, também acabam por atingir a si mesmos, através de escolhas equivocadas. Sabotam os próprios projetos, formando parcerias destrutivas, esquecendo-se de lutar por suas escolhas e sonhos. Alguns se mutilam mentalmente, com ansiedades tóxicas, até adoecerem, outros fisicamente, usando drogas, álcool, medicamentos etc. Outros, ainda, brigam com todos aqueles que podem ajudá-lo ou fogem do que lhes faria bem. Esse ciclo só poderá ser rompido, já que é inconsciente e contínuo, com um olhar honesto e profundo sobre si mesmo.

Autoperdão/Perdão: André Luiz, no livro Sinal Verde, comenta que depois de um problema devemos aguardar por outro. Parafraseando o Espírito amigo, eu diria que “após um erro, devemos aguardar outros". E devemos ser honestos quanto a isso! Lógico que iremos falhar! Estamos na Terra, somos ainda Espíritos imperfeitos, a caminho do amor, do bem, do justo, do bom. Ainda não sabemos acertar em todos os setores, muito menos nos emocionais. Sendo assim, após um erro nos cabe o quê? Aprender e crescer com a experiência, apenas isso! Nada de remorsos extensos. A culpa pode dar o ar da graça, mas deverá ser substituída pela intenção de reparação e mudança de mentalidade. Sendo assim, devemos perdoar a nós mesmos, assim como aos outros… Desse modo, estaremos mais leves para a divina arte do bom viver.

Procrastinação: O eterno adiar... E quando escutamos, lemos, refletimos e nos negamos a alterar os rumos destrutivos das nossas vidas? A procrastinação é um dos sintomas da autossabotagem, mas decidi dar a ela um espaço a mais neste texto, por sua importância e poder. Ela é o resultado da nossa teimosia, da nossa falta de humildade perante a vida. Quando nos tornamos orgulhosos, não apenas nos enrijecemos por nos pensarmos melhor que outros, mas também quando teimamos em afirmar para a vida que sabemos mais que ela, que mesmo ouvindo os grandes Mestres dizendo que precisamos nos perdoar, insistimos pela punição eterna. Equivocadamente pensamos pagar uma conta que só aumenta. Nós nos achamos certos, quando erramos. Adiar aquilo que precisamos fazer – descobrir nossos talentos, viver de acordo com eles, orientando-os com valores positivos; descobrir nossas feridas, sanando-as e vivendo de acordo com o sentido da vida, aceitando aquilo que ela se nos apresenta, com gratidão – isso nos engessa na dor, no sofrimento, na fantasia de que não conseguimos mudar de onde estamos. A decisão pelo andar, pela mudança de velhos hábitos que já não nos cabem, se faz necessária.  

Mais uma proposta de roteiro seguro 

Segundo o Vedanta, as ações mais eficientes para que consigamos criar bons karmas, ou podemos assim dizer: para se viver bem, acumulando poucos problemas e ajeitando antigas falhas, está em:

- Realizar ações espirituais: aquelas que visam transcender a mente, conhecer a realidade, desenvolver o desapegai e a sabedoria; religar-nos a Deus.

- Servir e cuidar das fontes de conhecimento: professores e locais de ensino espiritual.

- Cuidar, amar e honrar os pais: atendê-los em suas necessidades, respeitá-los (isso não significa curvar-se às neuroses familiares).

- Cuidar dos outros seres humanos: atender as pessoas em suas necessidades, ajudando-as em seu desenvolvimento.

- Cuidar dos animais e das plantas: atender a todas as necessidades das outras formas de vida, tentando nunca machucar.

Aqueles que conseguem andar pela Terra, observando estes 5 conceitos, estarão agindo de acordo com a Lei Cósmica, que Jesus chamou de Reino de Deus, e, portanto, estarão amparados, sempre. Para os hindus, tudo o que o Universo nos concede deve ser aceito, embora sem passividade. Podemos alterar o que estiver ao nosso alcance. E só descobriu o verdadeiro sentido da arte de viver aquele que aprendeu a cuidar, a amar, a ter compaixão, seja lá em qual setor estiver atuando. 

Jesus e a Parábola dos Talentos 

Destacamos, por fim, um dos mais belos ensinamentos do Cristo, por ser ele muito apropriado diante das lições que a vida nos propicia. Falando através de uma linda parábola, disse o Mestre:  

«Pois é assim como um homem que, partindo para outro país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual segundo a sua capacidade; e seguiu viagem. O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles e ganhou outros cinco; do mesmo modo o que recebera dois, ganhou outros dois. Mas o que tinha recebido um só foi-se e fez uma cova no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo do teu senhor. Chegou também o que recebera dois talentos, e disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que ganhei. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito, entra no gozo do teu senhor. Chegou por fim o que havia recebido um só talento, dizendo: Senhor, eu soube que és um homem severo, ceifas onde não semeaste e recolhes onde não joeiraste; e, atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que é teu. Porém o seu senhor respondeu: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei e que recolho onde não joeirei? Devias, então, ter entregado o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, teria recebido o que é meu com juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem, ser-lhe-á tirado. Ao servo inútil, porém, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá o choro e o ranger de dentes». (Mateus, 25:14-30.) 

Aquele que aproveitou os talentos que Deus lhe emprestou, fazendo algo maior no mundo, agradou ao Senhor. O que escondeu, enterrou, silenciou o talento, teve medo. E o medo o engessou. E, engessado, não viveu bem, pois não usou seu talento para algo no mundo. Acabará amargando o tempo perdido, no mundo espiritual, ou ainda neste, como diz a parte do choro e ranger de dentes.

Finalizando, repito a necessidade de irmos em busca de descobrir nossos talentos, buscando utilizá-los com os valores positivos. Entendemos como valores positivos: compaixão, bondade, coragem, perseverança, humildade, sabedoria.

Devemos descobrir nossas feridas e saná-las, perdoando aos outros e a nós mesmos, aceitando que cada qual seja e atue conforme suas condições e não conforme as nossas exigências. Por fim, que caminhemos na Terra como peregrinos atentos, com a atenção plena, no hoje, no agora, focando o bem, o bom, o amor. Cuidando de não se dobrar nas armadilhas da mente automática, para conduzir os pensamentos para a esfera mais elevada da vida. Isso é uma arte. A divina arte de viver.
 

(1) Input: é uma palavra da língua inglesa que significa entrada. O termo é muito utilizado coloquialmente com o sentido de aguardar alguma informação. Exemplo: Aguardo seu input para dar continuidade ao trabalho.


 


 
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