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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 485 - 2 de Outubro de 2016

MILTON MEDRAN MOREIRA
medran@via-rs.net
Porto Alegre, RS (Brasil)

 

 
A flor e o fruto

 “Os maiores crimes de hoje indicam muito mais manchas de tinta que de sangue.” – Thomas Lynch – ensaísta americano.
 

O país vive, neste preciso momento, um dos maiores conflitos políticos e sociais de sua história. Não cabe, aqui, atribuir culpas da grave crise em que mergulhamos a um ou a outro dos polos políticos que há meses se digladiam e de cujo conflito resultou o afastamento da presidente da República. São, reconheça-se, sempre discutíveis, um tanto nebulosas e contraditórias as razões trazidas por um ou por outro dos lados opoentes. Personagens que, ainda ontem, esgrimiam em um campo político, fazem-no, neste momento, com igual entusiasmo verborrágico, no campo oposto. Isso debilita a credibilidade de todos. São coisas da política, setor no qual o embate de demandas e interesses se sobrepõe, de regra, à prática da coerência!

Sob qualquer ângulo político, entretanto, em que se visualizar a crise, um fator parece claro: fomos, como povo – ou, numa perspectiva espiritualista, como comunidade de Espíritos comprometidos com seu progresso coletivo –, demasiadamente lenientes na condução de nosso crescimento integral.

À luz da filosofia espírita, o progresso humano se dá pelo aprimoramento de dois atributos do espírito: a inteligência e a moralidade. Allan Kardec, a propósito, escreveu em “Obras Póstumas”: “A Inteligência nem sempre é penhor da moralidade e o homem mais inteligente pode fazer uso pernicioso de sua faculdade. Por outro lado, a simples moralidade pode não ter capacidade. É, pois, necessária a união da inteligência e da moralidade”.

Na raiz da crise hoje vivida desponta a constatação de que cidadãos integrantes de uma elite cultural avançaram significativamente no campo da inteligência, estacionando, entretanto, no seu aperfeiçoamento ético. De repente, nos demos conta de que, justamente em determinados setores da política e do empresariado do país, se haviam desenvolvido sofisticadas formas de criminalidade para cujo combate, em um primeiro momento, a sociedade parecia despreparada. Teorias e práticas jurídico-penais voltavam-se quase que exclusivamente ao combate de crimes comumente praticados por agentes pertencentes a classes sociais mais modestas, onde a educação custa a chegar e a inteligência, assim, carece de estímulos ao melhor desenvolvimento.

Esse panorama mudou, na mesma medida em que a reconquista democrática, foi permitindo o aprimoramento de instituições e a busca da justiça para todos. Hoje temos leis e instituições mais aptas ao combate da chamada criminalidade do “colarinho branco”, até porque a estas se garantiu a independência funcional. Assim, se a inteligência sofisticou o crime, deu-se, por outro lado, a correspondente sofisticação nos instrumentos de seu combate. E mesmo que, nesse afã, possam ocorrer equívocos e injustiças pontuais que a História e a vida, na sua infinitude, se encarregarão de corrigir. Caminhamos para um estágio onde, presume-se, se há de melhor valorizar a ética pública. O Brasil não será o mesmo nas próximas décadas. Momentos de crise profunda como este são convites a transformações igualmente profundas.

Na questão 791 de O Livro dos Espíritos, os interlocutores de Kardec advertiram que a otimização civilizatória só se daria quando o elemento moral estivesse tão desenvolvido quanto a inteligência. Até porque o “fruto” (desenvolvimento ético) não pode vir antes da “flor” (inteligência).

Estaremos a caminho dessa estação onde flores e frutos produzirão um novo cenário para este, até aqui, tão sofrido Brasil? Bem, isso depende, fundamentalmente, da faina de todos nós.

 

Milton Medran Moreira, advogado e jornalista, é diretor do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita