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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 482 - 11 de Setembro de 2016

HYEROHYDES GONÇALVES
hyero.inlar@hotmail.com
Governador Valadares, MG (Brasil)

 

 

O problema de dar a
volta por cima


Ouço bastante e acredito que o amigo leitor também ouve constantemente a expressão popular dar a volta por cima.

Trata-se, para o senso comum, de motivo de recuperação e reestruturação de nós mesmos, ao vencer uma situação difícil na qual nos envolvemos; e de superação dos problemas por que estamos passando e que são desafios complicadores.

Então, é muito comum nos expressarmos diante dos obstáculos e dificuldades do caminho evolutivo: - Vou dar a volta por cima!

Se estamos resolvendo, com sucesso, esses obstáculos, problemas ou desafios, expressamos, como um guerreiro em campo de batalha: - Estou dando a volta por cima.

Se já resolvemos esses problemas, ou obstáculos, ou desafios, aí nos vem a expressão de alívio, de contentamento, de um grande vencedor: - Dei a volta por cima!

O certo é que essa expressão tão popularizada tem o sentido de recuperação, reestruturação e superação; de termos vencido algo que nos atormentava, e que agora estamos livres de todas aquelas problemáticas que nos afligiam.

Entretanto, vamos aqui tocar num ponto muito interessante para a nossa abençoada reflexão:

Saindo do senso comum, partamos, agora, para a lógica da interpretação textual, haja vista uma expressão já ser um texto. Logo: dar a volta por cima é um texto que, por si só, nos conduz a vagar na imaginação...

*

Jesus recomendou à mulher supostamente adúltera:

- Vá e não peque mais!

O livro Pelos Caminhos de Jesus, de autoria do Espírito Amélia Rodrigues e psicografia de Divaldo Franco, conta-nos, na experiência nº 15, cujo título é Encontro de Reparação, que a mulher supostamente adúltera, ao atender a recomendação de Jesus (vá e não peque mais), seguiu em frente na sua trajetória evolutiva, abnegada e resignadamente ao serviço na seara do Mestre, recolhendo e tratando peregrinos cansados e enfermos sem ninguém, numa casa humilde de aspecto e rica de amor, na cidade de Tiro.

Imaginemos se Jesus tivesse recomendado àquela mulher: - Vá e dê a volta por cima!

Muitos dirão: - É a mesma coisa!!!

Entretanto, no entendimento deste humilde escrevinhador, essas duas expressões têm interpretações diversas, vejamos:

Vá e não peque mais pressupõe a ideia de seguir em frente e de se libertar das aflições, das adversidades, dos problemas atormentadores e vivenciar uma vida nova, com objetivos otimistas, em ser uma pessoa cada vez melhor, praticando ações edificantes...

Vá e dê a volta por cima passa-nos o entendimento de que a ordem da expressão está inversa. Seria melhor dê a volta por cima e vá.

Dar a volta por cima, a meu ver, é estar sobrevoando nos problemas, nos sofrimentos, sentindo as suas vibrações, tentando seguir em frente; mas, na verdade, correndo o risco de cair novamente nas vibrações negativas dos problemas e dos sofrimentos.

*

Então, querido leitor, é necessário ouvir a voz divina que nos fala através de cada coração em particular: - Vá e não peque mais!

Que possamos seguir em frente sem murmurações, sem olharmos para trás, sem respirarmos os aspectos negativos do passado.

Que possamos avançar na caminhada, pensando positivamente, confiantes na voz divina que nos indica a direção correta para a nossa libertação...

A libertação dos vícios que ainda carregamos em nossa intimidade, a exemplo do orgulho e do egoísmo, que nos impedem, respectivamente, da vivência da humildade e da caridade.

Que possamos enfrentar e resolver, com alegria e entusiasmo, os desafios que ainda temos no caminho evolutivo, ouvindo a voz de Jesus, em nossos corações, assim como na pesca maravilhosa, indicando-nos a banda da direita, para buscarmos os nossos valores evolutivos...

Sabendo que Jesus está sempre conosco, ao nosso lado, dando-nos força para vencer cada dificuldade do caminho até alcançarmos a felicidade que tanto almejamos em nosso projeto de vida eterna.

Portanto, sigamos em frente, envidando esforços na busca do acerto e das reparações, sem, jamais, sobrevoarmos respirando sobre as vibrações negativas das aflições que nos atormentavam, correndo o risco de cair sobre elas novamente.

Concluo este artigo, querido leitor, com a intenção de deixar esclarecido, através dessas lúcidas divagações, que esse é o entendimento deste amigo e simples escrevinhador, sobre o problema de dar a volta por cima. 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita