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Ano 10 - N° 478 - 14 de Agosto de 2016

FELINTO ELÍZIO DUARTE CAMPELO
felintoelizio@gmail.com
 
Maceió, Alagoas (Brasil)

 
 

Felinto Elízio Duarte Campelo

O cego e Jesus

Transcorria a terceira década da Era Cristã, e a cidade de Jerusalém envolvia-se em trevas,  debatia-se entre a dor e a tristeza, com a consumação da nefanda execução do Senhor.

No Gólgota, crucificado entre dois homens de má conduta, Jesus sofria a execração pública padecendo uma infinita e asfixiante dor moral por ver ovelhas do seu rebanho transviadas do bom caminho que Ele, amorosamente, pregou e exemplificou.

Decorrido algum tempo do imenso suplício, no calvário restavam soldados da guarda romana e alguns curiosos que insistiam em permanecer no local.

Eis que surge, de repente, um cego a indagar sobre o condenado. Informado tratar-se do Nazareno – o Excelso divulgador do Reino de Deus –, excede-se em imprecações acusando o Cristo de revolucionário, impostor, corruptor de homens, conquistador de mulheres, elemento  de alta periculosidade.

No auge de sua revolta, o tal cego – cego do corpo e da alma – pede a um soldado que encoste a ponta de sua lança no peito de Jesus para que ele mesmo possa sangrá-lo. Da ferida aberta, aos borbotões, jorra o sangue de um Justo, por incúria, imolado, com pés e  mãos cravados na cruz e na fronte uma coroa de espinhos encimada pela inscrição:  JESUS NAZARENO, REI DOS JUDEUS.

Um jato de sangue banha o rosto do cego cobrindo-lhe os olhos. Ainda mais açulado em sua ira, bradando impropérios, limpa as faces com suas próprias vestes. Surpreso, todavia, distingue uma tênue luminosidade varando-lhe os olhos até então opacos para logo depois divisar com nitidez a paisagem local, avistar as testemunhas da dolorosa cena. Vê a lança ainda tinta de sangue, e, ao levantar o rosto, por um instante, seu olhar cruza e funde-se com o sereno olhar de Jesus.

Uma suave e envolvente luz penetra nos mais recônditos sentimentos do ex-cego.

Atônito, sem bem compreender o que se passa, vê o Cristo preso ao madeiro infamante, mas seus braços se alongam e o envolvem afetuosamente. Não obstante a distância física que os separa, registra, enlevado, um leve sussurro: “Eu te perdoo, meu filho”.

Naquele instante, tocado no imo do seu ser, o ex-cego dobra os joelhos, verte uma torrente de lágrimas, arrepende-se sinceramente dos seus erros e desenganos, suplica o perdão e a oportunidade de uma nova vida de amor, de trabalho, de regeneração. Daí em diante sente-se um homem novo: foram sepultados o homem velho e suas mazelas. 

A prece é o elo luminoso que nos liga ao Criador 

Hoje, passados quase 2.000 anos da memorável ocorrência,  ainda ferimos o nosso Mestre de amor e bondade com o aço frio do punhal da ingratidão que, teimosamente, abrigamos em nossos corações; golpeamos o Cristo com a aguçada lança do egoísmo que nos avassala; fustigamos Jesus com o venenoso estilete da vaidade que nos corrompe; retalhamos impiedosamente o peito do Cordeiro de Deus com a afiada lâmina da indiferença que nos anestesia; diariamente alfinetamos o coração do Senhor dando guarida aos maus pensamentos, guardando mágoas, promovendo a discórdia, disseminando a dúvida.

E qual a razão de tantos desatinos?

Falta de vigilância e de oração.

A prece é o elo luminoso que liga a criatura ao Criador, quando proferida com pureza d’alma. Falando aos que O ouviam, assim se expressou Jesus a respeito das qualidades da prece:
 

“Quando orardes, não vos assemelheis aos hipócritas que, afetadamente, oram em pé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos pelos homens. Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa. Quando quiserdes orar, entrai para o vosso quarto e, fechada a porta, orai ao vosso Pai em secreto; e vosso Pai, que vê o que se passa em secreto, vos dará a recompensa. Não cuideis de pedir muito nas vossas preces, como fazem os pagãos, os quais imaginam que, pela multiplicidade das palavras, é que serão atendidos. Não vos torneis semelhantes a eles, porque vosso Pai sabe do que é que tendes necessidade antes que lho peçais.” (Mateus, capítulo VI.) 

E disse mais Jesus:
 

“Quando vos aprestardes para orar, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe a fim de que vosso Pai, que está nos céus, também vos perdoe os vossos pecados. Se não perdoardes, vosso Pai, que está nos céus, também não vos perdoará os pecados.” (Marcos, capítulo XI.)

É imprescindível, na vida, cultivar a oração e a vigilância 

Oração não é simplesmente um amontoado de palavras decoradas, acompanhadas de ritos e recitadas sem um profundo sentimento de fé. E, quase sempre, é assim que rezamos todos os dias quando dizemos:

“Pai nosso que estás nos céus” - e o nosso pensamento irremediavelmente preso às coisas e interesses materiais sem que possa alçar voo em busca dos bens celestiais;

“Santificado seja o teu nome” - e procedemos de modo desrespeitoso para com o nome do Senhor;

“Venha a nós o teu reino” - e nada de nós mesmos oferecemos ao reino de Deus;

“Seja feita a tua vontade” - e nos rebelamos contra os desígnios do alto;

“O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” - e relegamos egoisticamente o nosso próximo que padece de fome;

“Perdoa as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores” - perdoamos da boca para fora porque, no peito, guardamos o fel do rancor;

“Não nos deixes cair em tentação” - e estamos constantemente a buscar frivolidades e emoções impuras;

“Mas livra-nos do mal” - mal com que nos comprazemos em completa afinidade e teimamos em guardá-lo em nossos corações, no transcorrer de tantos séculos.

Imperioso é vigiarmos os nossos atos, quer seja no trabalho, quer seja em sociedade, quer no ambiente doméstico. Nossos atos são exemplos vivos para os que conosco convivem. Vigiar também os nossos pensamentos – matrizes das nossas ações –, pois pelo pensamento atraímos as companhias espirituais: Espíritos malsãos se a mente abriga pensamentos impudicos; bons Espíritos se a faixa vibratória é elevada.

Faz-se imprescindível cultivar a oração e a vigilância para a melhoria de nossas almas, porque nos tornarmos bons, na concepção evangélica, é tarefa multimilenar de que estamos muito distanciados. 

Segundo Jesus, só Deus é bom

Mateus no capítulo XIX, Lucas no capítulo XVIII e Marcos no capítulo X nos falam:
 

“Então, aproximou-se dele um mancebo e disse: Bom Mestre, que bem devo fazer para adquirir a vida eterna? - Respondeu Jesus: Por que me chamas de bom? Bom só Deus o é. Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos. - Que mandamentos? - retrucou o mancebo. Disse Jesus: Não matarás, não cometerás adultério; não furtarás; não dirás falso testemunho; honrarás a teu pai e a tua mãe e amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O moço lhe replicou: Tenho guardado todos esses mandamentos desde que cheguei à mocidade. Que é o que ainda me falta? Disse Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me.” 

Se o próprio Jesus asseverou que apenas Deus é bom, temos, de nossa parte, que trabalhar nossa personalidade, com denodo e fé até alcançarmos algum burilamento espiritual, respeitando e guardando os mandamentos da Lei de Deus:

“Não matarás” - não apenas no sentido de tirar a vida do nosso semelhante, todavia no conceito mais abrangente de não sacrificarmos o tempo com futilidades, laborando na semeadura do bem, do amor, da paz, da concórdia entre os homens;

“Não cometerás adultério” - não somente no entendimento de um cônjuge trair o outro, porém na compreensão mais ampla de jamais deturparmos a verdade em benefício próprio ou de grupos e castas;

“Não furtarás” - não exclusivamente o bem material, mas sobretudo a oportunidade de crescimento intelectual, moral e espiritual dos nossos irmãos da retaguarda;

“Não darás falso testemunho” - não só no ponto de vista de delatar criminosamente uma pessoa inocente, entretanto, pautando sua vida dentro dos ditames cristãos num eloquente testemunho da adoção de Jesus como nosso Mestre e condutor;

“Honrarás a teu pai e a tua mãe” - não só com o socorro de suas necessidades materiais, mas com o afeto e carinho que devemos a quem nos deu a oportunidade de reencarnar na grande busca do aperfeiçoamento, reparando erros do passado delituoso;

“Amarás a teu próximo como a ti mesmo” - mandamento semelhante ao “Amar a Deus”, como nos ensinou Jesus, o qual fortalece as nossas almas e abre perspectivas consoladoras para os Espíritos ávidos de progresso.             

Elias e João Batista, duas missões para o mesmo Espírito 

Falamos de reencarnação. É fato incontestável a teoria da multiplicidade de vidas? Uma vez mais recorremos ao Evangelho:
 

(após a transfiguração) “Seus discípulos, então, o interrogaram desta forma: Por que dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias? Jesus lhes respondeu: É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas; mas eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. É assim que farão sofrer o Filho do Homem. Então, seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara”. (Mateus, capítulo XVII; Marcos, capítulo IX.) 

Está claro e evidente que Jesus se referiu a Elias reencarnado como João Batista.

No capítulo III de João, encontramos:
 

“Ora, entre os fariseus, havia um homem chamado Nicodemos, senador dos judeus, que veio, à noite, ter com Jesus e lhe disse: Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres que fazes se Deus não estivesse com ele. Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade, digo-te: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Disse-lhe Nicodemos: Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe para nascer segunda vez?. Retorquiu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade, digo-te: Se um homem não renasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasça de novo. O Espírito sopra onde quer e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem ele, nem para onde vai; o mesmo se dá com todo homem que é nascido do Espírito.”

Outras doutrinas interpretam as palavras de João como ensinamento de regeneração do homem pela água do batismo. É que, segundo estudiosos, alguns tradutores dos Livros Sagrados substituíram a frase “se o homem não renascer da água e do Espírito” pela forma “se o homem não renascer da água e do Espírito Santo”, num atentado à pureza do texto primitivo, um desrespeito ao mandamento “Não cometerás adultério”, que nos induz a não desfigurarmos a verdade para atender a interesses pessoais, de grupos, de castas, ou mesmo para adequá-la às convicções doutrinárias. 

O Evangelho de Jesus é um poema de amor 

Sabe-se que os antigos, pouco informados sobre ciências físicas, acreditavam que a Terra havia saído das águas, considerando a água como elemento gerador de todas as coisas materiais, inclusive o nosso corpo. Era a água o símbolo da natureza material. Assim, a expressão “se o homem não renasce da água e do Espírito” quer dizer renascer num novo corpo material animado por um Espírito preexistente ao corpo físico.

Temos ainda: “o que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito”. Fica aí estabelecida a distinção entre corpo e Espírito e confirmado o princípio de que o corpo vem do corpo e o Espírito, cuja existência é anterior à concepção do corpo, independe dele.

Adiante encontramos: ”o Espírito sopra onde quer; ouves-lhe a voz, mas não sabes nem donde ele vem, nem para onde vai”. Se a alma fosse por Deus criada ao mesmo tempo que o corpo, saber-se-ia donde ela veio, pois que conhecido era o seu começo.

Com esta exposição, entendemos que fica ratificada e consolidada por nosso Mestre Jesus a doutrina reencarnacionista, aceita e professada por antigas civilizações anteriores ao Cristo.

Jesus é o modelo de vida, seu Evangelho é um poema de amor, um código de ética, um roteiro seguro que nos aponta o caminho do bem. O cego é o símbolo do homem redimido que um dia poderemos ser quando formos tocados pelo sincero arrependimento e permutarmos nossos vícios e maldades pela boa conduta assentada nos princípios da caridade, como bem discorreu o Espírito de Scheilla em sua mensagem “Esmolas Esquecidas”, psicografada por Chico Xavier, com o que agora nos permitimos encerrar a narrativa da estória “O Cego e Jesus”:
 

“Dá o que possas, como possas e quanto possas, em benefício dos outros, mas recorda sempre as esmolas esquecidas:

O timbre de voz fraterna com quem ainda não simpatizas...

O sorriso acolhedor para a visita inesperada...

O minuto de boa vontade no esclarecimento amigo...

A simples conversação reconfortante com a pessoa cuja presença te desagrada...

O silêncio generoso ante a provocação daqueles que ainda não te compreendem...

A insignificante gentileza na via pública...

A referência construtiva em favor dos ausentes...

O serviço singelo aos desconhecidos...

A oração pelos adversários...

A consideração para com os mais velhos...

O amparo à criança...

A ligeira visita aos doentes...

O bilhete afetuoso ao irmão necessitado de bom ânimo...

O carinho em casa...

O socorro aos desalentados...

A palavra otimista para quem te ouve...

A leitura edificante...

O respeito às situações que não conheces...

O auxílio à natureza...

A cooperação desinteressada no bem...

Não te afastes do abençoado serviço a todos.

Os pequenos gestos espontâneos da verdadeira fraternidade são alicerces seguros na construção do Reino do Amor”.

Que possamos, no nosso dia a dia, distribuir em abundância, entre os companheiros de jornada, a paz, o amor, a compreensão, a concórdia e todas aquelas Esmolas Esquecidas de que nos falou a Irmã Scheilla.

Em oração invocamos o Mestre dizendo:

Jesus, Cristo Bendito de Deus,

Socorre-nos em nossas necessidades,

Cura a nossa cegueira espiritual,

Orienta os nossos passos vacilantes,

Mostra-nos, Senhor, que és

o  CAMINHO  a ser seguido,

a  VERDADE  a ser buscada,

a  VIDA  a ser imitada.

Assim seja. 


 


 
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