WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 477 - 7 de Agosto de 2016

LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 

 
O sono da alma:
perigosa tentação


No Monte das Oliveiras, o crepúsculo anunciava a chegada da noite, momento sublime convidando à meditação. Jesus, na companhia de Simão Pedro, João e Tiago, alcançou o monte para viver a derradeira hora com os discípulos amados. Sabia que ali mesmo seria preso e condenado ao calvário.

Solicitou o Mestre aos companheiros que permanecessem em oração e vigilância, junto com ele, para que tivesse a glorificação de Deus no supremo testemunho. Afastou-se e, colocando-se em prece, a pequena distância, pôde ser observado em toda sua sublimidade por aqueles corações que O ouviam e amavam.

Narra Lucas¹ que, sem motivo que pudesse ser explicado, os três adormeceram no decurso da oração, enquanto Jesus orava fervorosamente, mesmo diante de tão grande dor que se avizinhava.

Essa passagem evangélica remete-nos a duas reflexões que devem ser expostas por estarem ligadas à nossa condição atual de eternos aprendizes da Sabedoria Divina. A primeira é uma chamada à conscientização das tarefas que estão sob nossos cuidados. Diz Emmanuel² que o aprendiz do Evangelho deve ser “o campo de trabalho do Reino, onde se esforçará operoso e vigilante, compreendendo que o Cristo prossegue em serviço redentor para o resgate total das criaturas – ‘Nenhuma das ovelhas de meu Pai se perderá’”.

Todavia, não ignoramos a presença de inúmeros companheiros – e quantas vezes nós próprios! – com atividades alicerçadas nos ensinamentos cristãos, que permanecem dormindo nas conveniências pessoais, geralmente ligadas a interesses mesquinhos, nas vaidades efêmeras. Os chamamentos transitórios nos iludem e fazem com que o tempo seja gasto em futilidades. Malbaratamos as oportunidades valiosas que nos são oferecidas para nosso crescimento espiritual e permanecemos voltados apenas para as questões pessoais que nos afetam o cotidiano.

Com propriedade, ainda, lembra Emmanuel² que “falam do Cristo, referem-se à sua imperecível exemplificação, como se fossem sonâmbulos inconscientes do que dizem e do que fazem, para despertarem tão só no instante da morte corporal, em soluções tardias”.

Somos os discípulos de hoje que esquecem o mandato do qual somos portadores, que se inquietam pela rápida execução dos seus desejos e caprichos, procurando aproveitar cada momento da existência como se fosse o último, acreditando que os dias correm depressa demais, para tantos prazeres materiais a serem experimentados.

Olvidam que a vida é eterna e que o tempo no corpo físico, ante essa eternidade, é quase nada. E ao despertarem no mundo espiritual, os obreiros distraídos, sob a cobrança da própria consciência, choram e clamam pelo reencontro da paz do Cristo. “A minha paz vos dou. Não a paz do mundo, mas a minha paz.”

Assim, como Jesus, ao ver os discípulos dormindo, lhes disse: “Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai para que não entreis em tentação”, também o discípulo invigilante ouve, nos refolhos da sua consciência, a voz do Senhor dizendo a Pedro: “Então, nem por uma hora pudeste velar comigo?”³ E se não conseguimos, ainda, permanecer uma hora com o Cristo, na prática dos Seus ensinamentos, como pretender a união com Ele para sempre?

Somos os Lázaros modernos a quem o Cristo chama: Acorda! Levanta! Sai!

Acorda para a consciência de que és um ser espiritual, imortal, criado por Deus para viver na plenitude do Seu Amor.

Levanta dessa ociosidade que te prende às algemas materiais, que te limita a mente e te engessa no passado.

Sai do egoísmo que te bitola a visão do cosmo e que te faz imaginar que és o centro do Universo. Sai do teu “eu” fantasioso e amplia a mente para tudo que esteja ao teu redor, seja estrela, seja homem.

Abandona a velha estrutura que te mantém atado a valores antigos de cor, religião, posição social, e entrega-te a Deus, como ser cósmico que és, ser divino com luz própria e infinitas capacidades de voar para a felicidade plena.

Uma segunda reflexão – Sobre a narrativa de Lucas e Mateus encontramos – com grande beleza – em Humberto de Campos.4 Diz o querido instrutor espiritual que após o episódio do Horto das Oliveiras, onde dormira com seus companheiros – não atendendo ao pedido de Jesus para a oração e vigilância – no momento em que o coração amoroso do Mestre mais necessitava de assistência e afeto, João, o filho de Zebedeu, implorava, em lágrimas, que Ele perdoasse seu descuido da hora extrema.

“Certa noite, após as reflexões costumeiras, sentiu ele que um sono brando lhe anestesiava os centros vitais. Como numa atmosfera de sonho, verificou que o Mestre se aproximava. (...) Precedendo suas palavras do sereno sorriso dos tempos idos, disse-lhe Jesus:

– João, a minha soledade no horto é também um ensinamento do Evangelho e uma exemplificação! Ela significará, para quantos vierem em nossos passos, que cada Espírito na Terra tem de ascender sozinho ao calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados no mundo. Em face dessa lição, o discípulo do futuro compreenderá que sua marcha tem que ser solitária, uma vez que seus familiares e companheiros de confiança se entregam ao sono da indiferença! Doravante, pois, aprendendo a necessidade do valor individual no testemunho, nunca deixes de orar e vigiar.”4

Assim, necessário se faz que, enquanto nos encontrarmos no corpo físico, não durmamos em espírito, desatentos aos convites de Jesus. É fundamental para nossa proteção e sustentação que nos levantemos e nos esforcemos, porque é “no sono da alma que se encontram as mais perigosas tentações, através de pesadelos e fantasias”.² 

 

Bibliografia

1. Lucas, 22:46.

2. XAVIER, F. C. – Caminho, Verdade e Vida – pelo Espírito Emmanuel – 17ª ed., FEB – Rio de Janeiro/RJ – lições 87 e 88, 1997.

3. Mateus, 26:40.

4. XAVIER, F. C. – Boa Nova – pelo Espírito Humberto de Campos – 25ª ed., FEB, Rio de Janeiro/RJ – Cap. 27, 1999.



 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita