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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 474 - 17 de Julho de 2016

SIDNEY ARIDE
taniaride@hotmail.com
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

 


Descentralizar o centro


Desde o surgimento da primeira sociedade espírita em Paris, temos o desafio de coordenar um ou mais modelos possíveis de organização, sobretudo, no que se refere a gestão com pessoas. Esse tema deve ser motivo de reflexão para todos os grupos de irmãos que pretendem evoluir a prática de seus núcleos espiritistas.

Do século XIX para o XXI, mantendo sua essência, os centros espíritas cresceram em atividades e complexidade organizacional.

Allan Kardec, no livro Obras Póstumas, propõe que com a conclusão das bases fundamentais da Doutrina Espírita a direção poderia ser composta de uma comissão de 12 membros, migrando do individual e se tornando coletiva, porque maior garantia apresenta um conjunto de indivíduos.

Coincidência, ou não, na colônia espiritual de Nosso Lar, somos informados pelo Espírito Lísias que cada ministério é igualmente administrado por 12 integrantes à frente de cada uma das seis instituições, totalizando 72 ministros.

Quando um conjunto de pessoas dirige determinada coletividade, denominamos de gestão colegiada.

Alguns centros espíritas, dependendo de suas características, têm experimentado esse tipo de direção, cuja composição abrange as atividades finalísticas, tais como: mediunidade, educação espírita, arte, evangelização, assistência social, finanças, movimento de unificação, divulgação, administração, assistência espiritual etc.

Devido à multiplicação de áreas de atuação das instituições espíritas e consequente necessidade de ampliação dos grupos de trabalho e estudo, o dirigente deve evitar o gargalo decisório, onde sempre precisa de sua opinião para o centro resolver problemas ou implementar projetos.

Se a formação de uma diretoria colegiada é um desafio interessante para nossa reflexão, será possível imaginar algo ainda mais descentralizado, a tal ponto, que os colaboradores da instituição também poderiam participar das decisões estratégicas e operacionais?

Não raro, descobrimos trabalhadores que se frustram por não obterem espaço no centro para desenvolver todo o seu potencial, enterrando os talentos.

Alguns confrades explicam que uma das causas é o crescimento do centro espírita que, ao tornar-se “grande”, tende a ficar frio: a estrutura se torna complexa, centralizada e distante.

Não raro ocorrem tristes rupturas de uma parte dos colaboradores que não encontram espaço para criar, se desligam do centro e formam novos núcleos espíritas. Eventualmente, esse processo é penoso e abala, inclusive, relações fraternas.

Por observação e experiência, percebemos que o maior problema não é exatamente o crescimento da casa espírita.

O que talvez ocorra é que a direção continuou o modelo de uma instituição pequena e centralizada.

À medida que os centros crescem deve-se refletir sobre como se descentraliza o centro, para que os novos integrantes possam se sentir acolhidos e cofundadores de novas possibilidades de atuação no bem.

O Codificador propôs então que na condução das atividades espiritistas devemos “suprimir toda autocracia ou supremacia pessoal”, dividindo o processo de condução das atividades com um grupo maior de pessoas.

No capítulo XXIX d’O Livro dos Médiuns, como solução para o crescimento das instituições, Kardec incentiva a multiplicação de pequenos núcleos espíritas. Neste caso, os dirigentes podem “fundar pequenos centros espíritas” dentro de sua própria casa, proporcionando autonomia de ação.

Com responsabilidade e união, todos conseguirão expandir o trabalho espiritual da instituição de forma sustentada e, ao mesmo tempo, “multiplicar os talentos”, impedindo um processo quase inevitável de represamento das demandas dos trabalhadores e contingenciamento do bem.

Existem centros espíritas que passam por situação inversa, em crise com a baixa adesão de colaboradores. Mas essa questão pode também ser reflexo de uma gestão com tendência centralizadora.

Já presenciamos essa experiência em uma, quase centenária, casa espírita localizada na cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Lá foi implementada a descentralização decisória e operacional de suas atividades, tendo como consequência um comprometimento entusiasmado de seus integrantes.

Só para citar alguns exemplos, em quatro anos, o centro: triplicou o número de voluntários; multiplicou por quatro o número de associados; por meio de sistema de apadrinhamento realizou obras de reforma em 90% dos cômodos da instituição sem que o centro retirasse um real de seu caixa; criou parcerias com mais de uma dúzia de instituições espíritas e de assistência social; e, multiplicou por cinco os grupos de educação espiritual.

Mas o mais importante dificilmente se medirá em números: o crescimento da integração entre os voluntários e as “relações familiares”, construída nos círculos de amizade e companheirismo dos grupos.

Assim como há estudos sobre pedagogia espírita, ou filosofia espírita, percebe-se que há um campo importante a ser pesquisado e experimentado no movimento: a gestão de pessoas sob a ótica espírita, que é diferente daquelas voltadas para um conjunto de funcionários, alunos, sócios, voluntários de ONGs, fiéis religiosos etc.

Partilhar o poder decisório de forma organizada na casa espírita não reduz o papel de liderança do dirigente, ao contrário, pois liderar verdadeiramente é produzir novos líderes. É incentivar os colaboradores a deixarem de ser “criaturas” para serem cocriadores da instituição. Como ensinou Jesus: vós sois deuses, podem fazer o que eu faço e ainda muito mais!

Seria um gesto de caridade do dirigente distribuir confiança aos confrades?

Somos abençoados pelo Senhor com o livre-arbítrio. Estender, de forma assistida, orientada e incentivada, a liberdade aos colaboradores para deliberar estratégias de ação pode ser uma das características desta gestão com espiritualidade.

A Doutrina Espírita se faz com Espíritos, no plural mesmo, é: coletiva, múltipla, plural...

Descentralizar o centro de forma coordenada pode, seguramente, ser um instrumento acolhedor para os trabalhadores da última hora, que, sem grandes limitações estruturais, poderão exercitar suas potencialidades, aprimorar o comprometimento e melhorar as relações humanas e espirituais da casa espírita.

 


 


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