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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 473 - 10 de Julho de 2016

GUARACI DE LIMA SILVEIRA
guaracisilveira@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 

 
Sobre as fábulas


As fábulas que nos contaram encheram nossas almas de informações sábias. Para Espíritos infantis nada melhor que um bom contador de histórias. Assim, a sabedoria planetária enviou ao plano dos encarnados ilustres alegoristas que, com calma e bom humor, convenceram milhares a se converterem para uma vida digna, honrada e promissora.

Não é nosso propósito aqui enumerá-las. Todas cumpriram e cumprem seus papéis dentro do contexto literário de aprimoramento do indivíduo. A nossa avaliação é outra: Até que ponto as utilizamos ao longo de suas existências entre nós?

As alegorias vieram para o Ocidente provenientes do Egito, terra de sábios, terra de gigantes da comunicação interestelar. Eles cunharam o saber que a humanidade ainda desconhece. Toda a riqueza da Biblioteca de Alexandria não estava circunscrita a ela. Há tesouros guardados dentro de segredos arqueológicos que esta humanidade ainda não tem suporte ético e moral para receber.

Aliás, o conhecimento é gradativo e chega a cada um na razão direta de sua diluição. Diluir um conhecimento de alta valia tem que representar absorvê-lo e cumpri-lo. Quase ninguém está apto a tal. Ainda vive esta humanidade na cantilena das sereias, atraída pelas suas imorredouras ilusões, mesmo sabendo que o tempo dessas notas musicais esparsas já acabou.

Daí que nos remontamos ao tempo de Hermes Trismegisto. Tempo do saber hermético, fechado, não porque seus construtores o quisessem e sim porque tais conhecimentos seriam jogados como “pérolas aos porcos” na expressão do Mestre Divino. Aliás, Ele mesmo anunciou: “Ouça quem tem ouvidos de ouvir e veja que tem olhos de ver”. E quem tem olhos e ouvidos afinados com a harmonia cósmica? Poucos, diríamos. Infelizmente, poucos.

Quando se anuncia um novo ciclo para o planeta, muitos se arvoram em dizer que gostariam de aqui permanecer. Outros, menos felizes, juram que nunca mais querem retornar a este mundo de penúrias. E quem medirá tal separação ou seleção? Somente cada indivíduo. Dizem que a incauta Pandora está reunindo de volta à sua caixa todos os vícios que libertou um dia e prendê-los-á de novo soltando a esperança retida. Mas, quem deseja a esperança? Aliás, esperar o quê? Que sonhos acalenta a grande maioria?

Dizem que há no céu um departamento que avalia os desejos e prazeres humanos. Os desejos estão na razão direta dos prazeres. Assim, temos o prazer do sexo, da alimentação, do equilíbrio, dos relacionamentos, das conversas, das percepções e da transcendência. É um caminho de ascensão. Na Idade Média os Alquimistas denominavam de Nigredo (escuro), Albedo (claro) e Rubedo (rubro) os caminhos que a alma necessita trilhar até encontrar-se consigo mesma capacitando-se a viver uma realidade superior. É o Tao apregoado pelos orientais.

Muitos até hoje não passaram da etapa Nigredo. Ficam, como na Alegoria da Caverna de Platão, acorrentados no fundo da mesma, vendo sombras de manipuladores que passam do lado de fora, achando que conhecem o mundo e o definem a partir de sombras de uma realidade muito maior e extensa. E por quê?

Há no ser o lado divino e o lado humano. O maniqueísta diria que é o bem e o mal. Nem sempre é assim. O lado divino é incontestável. O lado humano necessário. É meio, caminho, formatação. De forma que o problema não é estar humano e sim como viver o humano. Nele vamos encontrar o ego inferior: superficial, exigente, amoral, às vezes imoral, frágil, inseguro, medroso, covarde, sensual, arqueiro de um reino em decadência. E há o ego superior afinando-se com a divindade intrínseca em cada um. De sorte que cada um se forja com a cunha que deseja.

Há os que falam dos santos. Invejam os santos e se dizem distanciados deles eternamente. Mas quem são eles, senão os que venceram galhardamente seus egos inferiores? E como se vence o ego inferior? Conversando amigavelmente com ele. Mostrando-lhe os caminhos da superioridade. Há os que entendem que o vencemos com o recurso dos látegos. Ora, assim fazendo, estamos nos igualando a ele. O ego inferior necessita carinho e atenção, assim como uma criança bebê necessita do peito materno para sentir-se seguro e alimentado. O que dizer sobre uma criança que chora a noite toda e dorme tranquilamente durante o dia? Gritamos com ela? Batemos nela? Entorpecemos seu corpo quando a noite aproxima?

Com certeza a esmagadora maioria dos pais assim não age, tendo em vista o amor pela sua prole. Amor, eis a palavra chave. Nosso ego inferior necessita de amor. E tal como a criança que vai se acomodando às necessidades do dia e da noite, ele vai se acomodando às necessidades dos seres superiores, claudicando a princípio, firmando-se depois para instruir-se, assim como nossos filhos nas universidades.

Isto seria a reforma íntima? Damos o título que quisermos. O fato é que não há mais tempo a perder. Ou nos aproximamos do novo ciclo preparando-nos para ele ou seremos engolidos pelas ondas gigantescas de Poseidon e iremos para planetas cujos habitantes ainda se encontram envoltos nas brumas dos primarismos, necessitando de Zeus e seus filhos e feitos. O bom mesmo é sermos como Ulisses desafiando o deus do mar e vencê-lo. Afinal, Ítaca nos aguarda e nela Penélope e nossos filhos. Homero nos disse com sua “Odisseia” que Ítaca é o nosso mundo interior. Penélope nosso par interno e, as virtudes conquistadas, nossos filhos.

O logos substituiu o mito e a razão iluminou a consciência humana. René Descartes nos ajudou com sua teoria do verificar, analisar, sintetizar e enumerar. Hegel nos falou sobre a busca do Absoluto mostrando-nos que o ser está em si, em busca de si. Platão nos disse que deixemos de lado as aparências e busquemos as essências. Nem sempre o soldado revestido de forte armadura está apto a ser bom guerreiro. É necessário que busque a justiça e a verdade. Ou seja: não basta estar encarnado. É necessário avaliar suas buscas enquanto tal. Sócrates nos disse que a verdadeira cura da alma está na sua libertação do corpo, pois quem cuida do corpo esquece a alma e quem cuida da alma representa-se a si mesmo. Aristóteles nos concitou a viver com alegria nossa posição no universo. Somente a alegria pode levar o homem aos seus destinos. Santo Agostinho nos convida a sermos cidadãos da Cidade de Deus, esquecendo definitivamente a Cidade dos Homens. Cidadelas perniciosas que prendem.

Kant nos convida ao exercício da razão pura e Espinoza nos informa que Deus é imanente em toda a sua criação. Paulo de Tarso nos alerta: “Levanta, oh tu que dormes” e diz a Timóteo que não se envolva com essas coisas que escravizam os homens. Que sejamos, antes de tudo, vasos de honra onde Jesus possa nos utilizar a todo instante para a Obra do Amor e do Bem. Pedro nos alerta: “Busque a paz e siga-a”.

Allan Kardec em sua didática e reflexões reuniu num único corpo doutrinário todo o conhecimento que a humanidade já adquiriu até agora, resgatando o cristianismo de origem e deixando aberta a porta para a ciência, perpetuando, assim, a Doutrina Espírita. Depois dele, grandes almas, alcandoradas pelas lidas ao lado de Jesus e suas propostas, contribuíram e contribuem de forma sábia e elegante para que não nos percamos nas vielas que vão ao lado do grande caminho. Chico Xavier nos ofereceu noventa e dois anos de extrema dedicação, renúncia, exemplos e trabalho, para nos deixar um legado de proporções ainda inimaginadas por todos nós.

Agora está surgindo outra lenda. Alegoria estranha que diz serem alegorias funestas os ditos de André Luiz sobre o plano espiritual, suas colônias, seus zelos e acolhimentos. Seus caminhos de instruções e preparações reencarnatórias. Há mesmo quem o classifique de suicida desqualificado ou pregue em tribunas espíritas sem citar uma única referência aos trabalhos do médium mineiro. Outra alegoria diz que Emmanuel nos quer levar de novo aos mosteiros e claustros medievais com suas anotações evangélicas. E há ainda aqueles que desejam encarnar Chico Xavier em suas preces finais dos eventos. E, estranho, o mesmo Chico Xavier faz uma prece por um médium no Nordeste e ao mesmo tempo faz outra, bem diferente, por outro médium, lá no Sul. E tudo transmitido ao vivo pela internet. Isto passa pelas três peneiras de Sócrates: é verdadeiro, é bom, é necessário?

E por que isto? – perguntamos. Será mesmo que Chico Xavier nos enganou? Ah, mas, com sua estrema simplicidade e humildade, ele mesmo teria se desincumbido de tal missão. Tivemos a honra de conhecer Chico Xavier de perto e dizemos: ele jamais faria isto. E os que apregoam sua “insanidade”, serão mesmo pessoas de pura sanidade? Ou antigos sofistas que retornaram em busca da Ágora na Atenas destruída? Mas Atena é a deusa da sabedoria! Ou, quem sabe, são juízes crespos no Areópago esmaecido tentando ter voz onde nunca tiveram?

Não há mais tempo para esses dizeres que em nada contribuem. André Luiz antecipou em décadas a ciência, e Emmanuel antecipou em um sem-número de contas o real sentido dos capítulos e versos do Evangelho de Jesus. Quem duvida que apresente algo melhor. E aí a nossa dúvida: será que terão algo melhor? O interessante é que esses sofistas do presente utilizam-se dos conteúdos kardecistas para amparar suas teorias. Mas, onde Chico Xavier contrariou Allan Kardec? Emmanuel mesmo disse ao médium que se ele, Emmanuel, se desviasse de Kardec, que seguisse o mestre lionês e não a ele, Emmanuel. E as preces? Por que não fazê-las por nós mesmos, no silêncio das nossas intimidades e na lealdade aos nossos propósitos de evolução?

Cuidemos, porque estamos escrevendo uma história dentro da história do Espiritismo, Consolador Prometido. Cuidemos ainda para não sermos relegados ao abandono por aqueles do próximo ciclo, taxados de inábeis e inconsistentes ao mesmo tempo em que vagos presunçosos e inconsistentes. Estudar sim, acrescentar também. Contudo, com bom senso para não escrevermos fábulas impróprias para maiores.

Seriam egos inferiores acicatando outros e a si mesmos, ou egos pré-superiores tateando e buscando se firmar nalguma plataforma ainda difícil para eles? Bem, confesso que não tenho a resposta. Nem estou aqui como juiz ou conselheiro e sim como observador. Uma coisa eu sei: “eu era cego e agora vejo”. Graças aos trabalhos dos grandes sábios da filosofia, das ciências e da teologia, incluindo Allan Kardec, Chico Xavier e os Espíritos iluminados que se utilizaram da sua mediunidade, hoje posso olhar o mundo de frente e sentir-me Espírito livre para crescer dentro de uma Doutrina cuja extensão e a complexidade fogem aos meus entendimentos, mas que me chama e me busca o tempo todo. E eu vou!




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita