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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 468 - 5 de Junho de 2016

FELINTO ELÍZIO DUARTE CAMPELO
felintoelizio@gmail.com
 
Maceió, Alagoas (Brasil)

 


Tonho Fumaça


Depois de um dia agitado, sentei-me na varanda do meu apartamento para apreciar a noite enluarada.

Dava para ver uma nesga da praia onde a lua cheia rendilhava a água do mar.

A bela visão levou-me de volta a Jandiara, a magnífica cidade de minha imaginação, lugar que resume o sonho de toda comunidade – desfrutar a melhor qualidade de vida possível.

Em Jandiara vive-se em perfeita harmonia com o povo e com a natureza.

Lá, os políticos são honestos, nenhum termina mandato eletivo com um centavo a mais em seu patrimônio inicial. Os homens da Justiça são íntegros, jamais se ouviu falar em venda de sentença ou de qualquer outro desvio de conduta. Presídio desabitado e Delegacia de Polícia sem função, seus servidores prestam outros serviços à comunidade. Não há ociosidade.

Ainda hoje, Jandiara reverencia a professora Maria Teresa que, por décadas, com dedicação e amor, repassou às crianças conhecimentos intelectuais e valores morais garantindo uma vida futura promissora, baseada na honestidade e retidão de caráter.

Jandiara das belas praias de areia fina e branca, de mornas águas verde-claras, razão de orgulho para os nativos e de encantamento para os turistas. Na época de “vento nordeste”, que acontece nos dias estivais, a areia se espalha, cobre o asfalto da avenida dando-nos a impressão de haver nevado.

Jandiara da lagoa Mundaréu, rico ecossistema que engrandece a região como fonte perene de subsistência para a população mais humilde, como meio de transporte entre as cidades circunvizinhas e por seu potencial turístico.

Tantas recordações fizeram-me lembrar do Tonho Fumaça. Ligeirinho, apressado e agitado por natureza, nasceu de parto prematuro. Aos dez meses, andava solto e falava com relativa fluência.

Seus pais, Nicolau e Renata, ex-alunos do Grupo Escolar de Jandiara, tiveram como mestra a saudosa professora Maria Teresa de quem guardaram as imorredouras lições para uma vida saudável dentro dos ditames verdadeiramente cristãos.

Logo cedo, descobriram em Tonho algumas inclinações menos felizes, fruto, é claro, de reencarnações anteriores, quando delinquiu.

Não se descuidaram; permanentemente davam exemplos de paciência, compreensão, tolerância, amor e de perdão. Duas vezes por semana, faziam-no participar do Culto do Evangelho no Lar e, aos sábados, do Curso de Evangelização Infantil, no Centro Espírita em que atuavam.

Os resultados atestaram que Tonho se amoldava à nova postura e naturalmente hauria a essência da Doutrina Cristã que lhe era ensinada e exemplificada.

Na escola, tornou-se amigo dos coleguinhas e aceitou participar dos torneios esportivos. Nos jogos em que a tônica era a agilidade, Tonho ganhava tudo; despertou admiração, inveja e despeito.

Em torneio de atletismo mirim com alunos das escolas do município, organizado pela Prefeitura, Tonho arrebatou todas as medalhas de ouro nas disputas de corridas de 50 e 100 metros, saltos em distância e altura. No salto triplo, Tonho assombrou juízes e plateia, ficando a poucos centímetros da marca registrada por adultos.

Se já havia despertado inveja e despeito, Tonho agora era odiado por aqueles que se julgavam os melhores entre todos. Armaram, então, uma desforra a capricho. Dois garotões de compleição física avantajada bateriam sem piedade até deixarem Tonho sangrando e desacordado. Sentiriam o doce gostinho da vingança.

Certo dia, retornando para casa, Tonho foi surpreendido por Elias e Bento, dois valentões raivosos que partiram para o ataque. Mesmo sendo pego de surpresa, Tonho, com ímpar agilidade, safou-se das bofetadas que lhe foram desferidas. Parou, mediu distâncias e consequências.

Fora-lhe ensinada a não violência, o não revide às agressões, o perdão incondicional, entretanto pensou: não lhe era possível deixar-se bater sem defender-se. Aproximou-se, então, quanto pôde de um muro chapiscado de cimento.

Rápido como um raio, Tonho desviou-se do potente soco que foi violentamente de encontro ao muro. Com a mão sangrando, a dor lancinante arrancou de Elias um grito que ecoou nas ruas vizinhas.

Aturdidos, Bento e Elias lançaram-se em desespero contra o desafeto, no afã de sufocá-lo. Tonho, uma vez mais, levou a melhor, esquivando-se e vendo os dois colidirem de frente.

Os que ouviram o grito de Elias chegaram a tempo de assistirem à última etapa da contenda e os dois caírem zonzos, desnorteados.

Com os dois fora de combate e ele ileso, era o momento azado para a desforra, entretanto em Tonho falou mais alto o sentimento cristão da não agressão e do não revide. Afastou-se discretamente.

Indagados pelo pessoal que os socorreu como dois garotos tão fortes foram literalmente abatidos por apenas um, de porte físico tão inferior e que não usara violência, Elias e Banto responderam: tentamos esmurrá-lo, procuramos agarrá-lo, mas ele escapava das nossas mãos como se fosse fumaça.

Daquele dia em diante, Tonho passou a ser conhecido como Tonho Fumaça.

Tonho domou seus instintos belicosos trazidos de um passado distante. Venceu a prova.

Seus pais, Nicolau e Renata, cumpriram a tarefa que lhes fora confiada por Deus no sentido de reeducar aquele Espírito desencaminhado incutindo-lhe nobres ensinamentos de Jesus:

Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.

Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.

 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita