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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 467 - 29 de Maio de 2016

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 


Deduzir as consequências

O livre-arbítrio das criaturas está ínsito na trama do progresso 

“(...) Doutrina da razão, o Espiritismo exige de seus adeptos muita lucidez  mental, discernimento claro e ampla capacidade de correta
interpretação, com reflexos imediatos no alijamento dos
ancestrais e inúteis atavismos.”
-    François C. Liran


O Progresso é Lei da Natureza e a Doutrina Espírita é essencialmente progressista porque dá a entender os verdadeiros mecanismos das Leis Divinas.

Segundo a nobre mentora Joanna de Ângelis, “o progresso de cada um, como da coletividade, decorre do estado de alma de quem o elabora”.

Vemos assim que a par do plano formulado por Deus para estimular o progresso existe nesse processo uma larga parte da alçada de quem está justamente elaborando, isto é, vivenciando esse mesmo progresso. O livre-arbítrio das criaturas fica, portanto, garantido na trama do progresso.

Todos os Espíritos são criados simples e ignorantes, conforme preceitua o ensinamento espírita, e todos sem exceção estão predestinados à perfeição, portanto, ao progresso. Ninguém poderá ficar indefinidamente parado no roteiro evolutivo.

Allan Kardec perguntou[1] aos Benfeitores Espirituais se tem o homem o poder de paralisar a marcha do progresso. Ao que os nobres Amigos do Espaço responderam: “não, mas tem às vezes o poder de embaraçá-la”.

Na sequência, os Espíritos Superiores informam acerca do destino dos que tentam deter a marcha do progresso: “pobres seres, que Deus castigará! Serão levados de roldão pela torrente que procuram deter”.

Nós espíritas precisamos, pelo menos a cada três anos, fazer um balanço moral de nossa personalidade para ver a quanto anda nossa adaptação aos conhecimentos novos que nos chegam através do Espiritismo, ao mesmo tempo em que deveremos verificar – cuidadosamente – se já alijamos os usos e costumes d’antanho. A fidelidade doutrinária assim o exige, pois Jesus foi muito claro quando mencionou que, se servirmos a dois senhores, um deles ficará malservido.

Se realmente abraçamos o Espiritismo como a Doutrina da Verdade, não podemos mais acoroçoar a mentira, a indiferença, a ignorância...

Maria de Magdala, Joana de Cusa, Marta, irmã de Lázaro, e muitas outras criaturas, incluindo-se aí os Apóstolos Maiores e os Apóstolos Menores, despojaram-se dos costumes pagãos ao adotarem a ética cristã tão logo a compreenderam; alguns com mais dificuldades que outros, uns mais rapidamente, outros mais tardiamente, mas todos fizeram a sua readaptação.

À exceção de quem já nasceu em berço espírita e, consequentemente bebeu os princípios doutrinários do Espiritismo junto com a mamadeira, muitas outras criaturas chegaram aos Centros Espíritas procedentes de outras denominações religiosas e, por isso, não se dão conta, às vezes, de que precisam se despojar dos usos e costumes ainda arraigados no caráter. Daí o triste espetáculo visto em inúmeras Casas Espíritas onde os antigos costumes se mesclam aos princípios doutrinários em impossível convivência. Jesus foi muito claro ao dizer que não podemos colocar remendo de pano novo em vestido velho.

Quando Allan Kardec resolveu editar o livro básico “O Evangelho segundo o Espiritismo”, o objetivo principal que o moveu na empreitada foi tornar inteligíveis as máximas do Cristo, muitas delas incompreensíveis em suas alegorias e mescladas de intencional misticismo.

Afirma o Mestre Lionês[2]: “(...) toda a gente admira a moral evangélica; todos lhe proclamam a sublimidade e a necessidade; muitos, porém, assim se pronunciam por fé, confiados no que ouviram dizer, ou firmados em certas máximas que se tornaram proverbiais. Poucos, no entanto, a conhecem a fundo e menos ainda são os que a compreendem e lhe sabem deduzir as consequências. A razão está, por muito, na dificuldade que apresenta o entendimento do Evangelho que, para o maior número dos seus leitores, é ininteligível. A forma alegórica e o intencional misticismo da linguagem fazem que a maioria o leia por desencargo de consciência e por dever, como leem as preces, sem as entender, isto é, sem proveito. Passam-lhes despercebidos os preceitos morais, disseminados aqui e ali, intercalados na massa das narrativas. Impossível, então, apanhar-se-lhes o conjunto e tomá-los para objeto de leitura e meditações especiais”.

Ao seu tempo Sócrates sofreu por tentar mostrar mais amplos horizontes aos seus coevos: pagou a audácia com a própria vida! E o mesmo foi o destino de muitíssimas outras criaturas que estavam à frente de seu tempo, tentando acordar os que dormiam na acomodação e na ignorância...

Allan Kardec ensina[3] que da mesma forma, pela obtusidade de muitos, “(...) a Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Uma vez comprovadas pela experiência essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontrou de ilógico na fé; vencido foi o materialismo. Mas, nisso, como em tudo, há pessoas que ficam atrás, até serem arrastadas pelo movimento geral, que as esmaga, se tentam resistir-lhe, em vez de o acompanharem”.

Segundo nossa confreira Cristina Sarraf, “adotar uma postura semelhante à de Kardec nos faz muito bem: posicionamento de destemor e abertura mental de análise e confiança, separando os fatos de opiniões e interpretações”. Segundo ela “as transformações ideológicas e conceituais sobre a vida não se fazem da noite para o dia. Pelo contrário, vão se instalando pouco a pouco, rompendo as resistências naturais e as oponências. Esse processo acompanha sempre o fazer-se da maturação, englobando acertos e erros.

No inconsciente coletivo, ainda mora a ideia, a aspiração ao padrão, ao estável, ao costumeiro. Isso porque mudanças implicam em temporária desestabilização, tanto na fase das buscas, quanto na da implantação da conquista. O que afeta o homem, traz desconforto, temor e preguiça... Mas a Lei da Evolução que é um Princípio do Espiritismo emerge ostensivamente em toda exposição doutrinária, marcando-a e caracterizando-a. E isso equivale a dizer que essa lei está ‘puxando’ e ‘empurrando’ nossa forma de pensar, sem que notemos.

Se de fato pensarmos como espíritas, muito clara fica essa observação. Sendo a evolução, a progressão, como disse Kardec, uma lei Universal, temos que vê-la em tudo, desde as transformações físicas individuais e planetárias até no campo ideológico, nos fatos do nosso dia a dia e naqueles que englobam coletividades.

Como foi que o homem assenhoreou-se de todo o planeta, passando por cima da ideia da Terra ser achatada? Como conseguiu os hoje indispensáveis objetos da vida moderna?  Como pôde ter remédios e técnicas de cura impensáveis nos séculos passados? Como adquiriu potencial e conhecimentos que vão desvendar outros planetas? Com certeza absoluta é de passo em passo, no acumular de experiências frustradas e acertadas que o progresso se faz, carregando consigo as resistências e apagando, no tempo, os sofrimentos e a pequenez dos pensamentos.

Há uma informação bem interessante no Espiritismo, diretamente ligada ao entendimento da Lei de Evolução, que é a questão da transformação qualitativa do nosso planeta, o qual se caracterizando como local para provas e expiações, passa gradativamente, a planeta regenerativo. Esta mudança vem se fazendo no decorrer de algum tempo, pois não será de um dia para outro. Mas o curioso é que não se nota um entendimento espírita dessa etapa. Pensa-se nela como feita por Deus, quando somos nós que a estamos fazendo. Não são as “mãos” Divinas que estão fazendo as transformações necessárias para essa mudança de fase; somos nós, os Espíritos encarnados e desencarnados que estamos fazendo isso, é claro que dentro de um plano superiormente formulado, mas que não implica em perda do livre-arbítrio. A rapidez ou a demora de certas ações, a qualidade moral delas e se são completas ou parciais, fica por nossa conta. No funcionamento da lei de evolução temos, como humanidade, progredido em todos os campos do conhecimento, gerando as condições para que uma nova fase possa predominar, socialmente. Não será dos espíritas exclusivamente que se faz a transformação moral do planeta, mas sim de todos aqueles que aqui habitam. Cada conquista científica significa um passo para viver de forma diferente da que vivemos; cada avanço tecnológico é também outro passo para que vivamos com recursos que antes não tínhamos. (...) Tudo se interliga numa sequência belíssima que é o processo evolutivo dos Espíritos encarnados aqui na Terra. Importa para nós entendermos que o Espírito é o ser inteligente e a causa de tudo que possa ser feito, na medida em que usando das leis Universais e das leis decorrentes delas (físicas, biológicas, químicas, matemáticas, de cada planeta), vai provocando as devidas transformações necessárias à sua vida e necessárias aos seus recursos de entendimento, criatividade e domínio da matéria”.

 

[1] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 781.

[2] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 125. ed. Rio: FEB, 2006, introdução, § 2º.

[3] - Idem, ibidem, cap. I, item 8, § 3º.



 


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