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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 465 - 15 de Maio de 2016

GEBALDO JOSÉ DE SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)

 


O passe nas Casas Espíritas

Esclarecer os companheiros quanto à inconveniência da petição de passes todos os dias, sem necessidade real, para que esse gênero de auxílio
não
se transforme em mania.
É falta de caridade abusar
da bondade alheia.” 1 (Grifamos.)

 
Conta-nos Irmão X 2 que Simão Pedro, secundado por Filipe, pediu ao Mestre que primeiro curasse os enfermos, para depois falar-lhes do Evangelho do Reino, pois, dizia o último:

“– (...) É quase impossível meditar nos problemas da alma, se a carne permanece abatida de achaques...”.

No dia seguinte, enquanto Jesus, com o auxílio dos apóstolos, curava os enfermos, iam os discípulos convidando os beneficiados para que aguardassem a pregação do Médico Celeste, a qual seria um banquete de verdade e luz.

Estes, contudo, tão logo recebiam a cura, afastavam-se apressados, com breves agradecimentos e desculpas.

Quando o último feridento foi curado, permaneciam à margem do lago somente Jesus e os doze aprendizes...

“– Pedro, estuda a experiência e guarda a lição. Aliviemos a dor, mas não nos esqueçamos de que o sofrimento é criação do próprio homem, ajudando-o a esclarecer-se para a vida mais alta.”

O conto ilustra o fato de que nós, homens, somos eternos egoístas, preocupados sobretudo com a saúde física e apenas em receber, jamais em doar. A aquisição da verdade e da luz exige esforços, mudanças e reformas, para os quaisnão temos tempo”.

Observamos que na maioria das Casas Espíritas não orientação adequada quanto à utilização do passe. Ele é ministrado a todos os frequentadores, indistintamente; de forma que, sobretudo os novatos, entendem que, ao ouvirem uma exposição espírita, devem, após, sempre receber o benefício do passe. Habituam-se, anos a fio, a recebê-lo uma ou mais vezes por semana.

Os que se tornam trabalhadores do Centro ficam com o hábito não de tomar os seus passes diários (chegando ao absurdo de recebê-los após aplicá-los), mas com o de induzir todos a recebê-los. Há os que ainda requisitam “passe especial”... como se houvesse uma escala de valores para os passes, uns diferentes dos outros: o ‘comum’ e o ‘especial’.

São os “papa-passes” que até demonstram estranheza quando alguém, por se sentir em harmonia, dispensa esse extraordinário recurso. Acham-no orgulhoso...

O estudo esclarece a questão. Os livros da Doutrina Espírita são fartos em ensinamentos. Vejamos o que dizem a propósito do tema.

O opúsculoOrientação ao Centro Espírita3 afirma, na página 27, que o passe e a fluidificação da água sãorecursos terapêuticos do plano espiritual às pessoas carentes deste auxílio”.  E na página 28, com transparente clareza, registra:

Após a explanação do Evangelho, à luz da Doutrina Espírita e atendendo à recomendação de Jesus ‘se impuserem as mãos sobre os enfermos eles ficarão curados’, o passe será aplicado às pessoas que o desejarem, de acordo com o seguinte esquema:

2.1 - O dirigente da reunião permitirá a saída do recinto, em silêncio, dos que não sentirem necessidade de receber os passes; (...)

2.4 - o passe deverá ser transmitido com simplicidade, evitando-se a gesticulação exagerada, a respiração ofegante, o bocejo continuado e o toque direto no paciente”. 

Ora, a proposta é generosa, pois deixa ao arbítrio de cada um recebê-lo, ou não. No caso, ninguém melhor do que o próprio paciente, se de posse de suas faculdades mentais, para avaliar-se.

Contudo, se a pessoa está com saúde física e mental, por que recebê-lo?

Esclarece Martins Peralva4:

“O socorro, através de passes, aos que sofrem do corpo e da alma, é instituição de alcance fraternal que remonta aos mais recuados tempos”. (Grifamos.)

Cremos que a falha, aqui, é dos dirigentes das reuniões, quando não liberam aqueles que não estão enfermos, quando não criam a oportunidade para que se retirem. Há até os que estimulam os presentes a recebê-los. Assim agindo, passam a impressão de que obrigatoriedade na recepção de passes. O que não é verdade. Pois seria absurdo crer-se que todos estejam enfermos; sobretudo se são antigos frequentadores dos Centros Espíritas.

Ou então os assistentes não estão recebendo – ou observando – a orientação das Casas Espíritas, quanto à necessidade da reforma íntima, da prática do bem, do Culto do Evangelho no Lar, indispensáveis à conquista do bem-estar físico e mental. O que seria outro absurdo: admitir que Instituições Espíritas deixem de orientar corretamente os que as frequentam! É claro que não se vai impedir alguém de receber o passe, mas todos devem ser orientados adequadamente.

Nas reuniões públicas, antes do início da transmissão dos passes, a orientação deve ser repetida, pois que sempre frequentadores novos, a cada reunião.

Quando iniciamos a reforma íntima e aderimos ao trabalho em benefício do próximo, aprendemos a doar e naturalmente nos equilibramos. E os remédios, em muitos casos, se tornam dispensáveis. O passe é um desses medicamentos que, a partir daí, será utilizado quando absolutamente necessário, o que se dará, raramente, em pessoas saudáveis.

É o que nos recomenda Emmanuel5:

“Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em substância, é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração e o cérebro. Ninguém deita alimento indispensável em vaso impuro”.

Mas admoesta, na mesma página, judicioso como sempre:

Não abuses, sobretudo daqueles que te auxiliam. Não tomes o lugar do verdadeiro necessitado...

O passe exprime, também, gastos de forças e não deves provocar o dispêndio de energias do Alto, com infantilidades e ninharias.

Se necessitas de semelhante intervenção (...) humilha-te (...) e, recordando que alguém vai arcar com o peso de tuas aflições, retifica o teu caminho (...)” - Grifamos.

O passe é recurso de emergência para tratamento de doenças físicas e mentais. Mas a cura definitiva depende da cura do espírito enfermo e se dará pela nossa reforma íntima, pela nossa Evangelização.

É ajuda que vem do Alto, por acréscimo de misericórdia. Assim como não bebemos água porque está disponível, não abusemos dele, pois é algo sagrado, que deve merecer nosso respeito.

Na passagem evangélica: — “E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva” (Marcos 5:23). — Jairo recorre ao passe de Jesus, porque sua filha estava enferma.6

Façamos o mesmo, quando enfermos, mas retifiquemos a conduta que desequilibra a saúde física, mental e espiritual. A felicidade, conquistá-la-emos ao adquirir a saúde espiritual.

Não sobrecarreguemos, pois, o Divino Mestre, desnecessariamente. Nem tomemos “o lugar do verdadeiro necessitado”.

                                                                                                      

Referências bibliográficas: 

1. Conduta Espírita, André Luiz/Waldo Vieira, Cap. 28, 18ª ed., FEB, Rio, 1995.

2. Contos e Apólogos, Irmão X/Francisco C. Xavier, Cap. 6, 8ª ed., FEB, Rio, 1995.

3. Orientação ao Centro Espírita, 3ª ed., FEB, Rio, 1988.

4. Estudando a Mediunidade, Martins Peralva, Cap. 26, 18ª ed., FEB, Rio, 1995.

5. Segue-me, Emmanuel/Francisco C. Xavier, 6ª ed., O Clarim, Matão, 1987.

6. Citação de Emmanuel/Francisco C. Xavier, Caminho, Verdade e Vida, Cap. 153, 15ª ed., FEB, Rio, 1994.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita