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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 464 - 8 de Maio de 2016

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 

 

 
A triste desencarnação de uma lenda do rock progressivo


É praticamente inevitável que, com o dobar dos anos, o indivíduo venha a ter de enfrentar alguns problemas claramente inerentes ao avanço da idade. Mais precisamente, o processo de envelhecimento tende a trazer uma série de desconfortos, dissabores e dificuldades à vida. Assim sendo, doenças inesperadas surgem, os movimentos antes tão lépidos e naturais cedem a uma indesejada lentidão geralmente acompanhada de dores constantes ou até mesmo excruciantes.

Às vezes, a memória apresenta sentidas deficiências e, em decorrência, torna o diálogo com outras pessoas enfadonho. Enfim, todos nós estamos sujeitos a passar por ásperas experiências, particularmente no último quartel da existência física, não obstante os consideráveis avanços da medicina.

É claro que para as pessoas mais destacadas na sociedade – especialmente os artistas e as celebridades – as limitações sejam, talvez, mais chocantes. Uma atriz, por exemplo, que tenha desfrutado de rara beleza provavelmente sentirá certo amargor ao perceber as inevitáveis transformações orgânicas decadentes que se seguem nesse período da existência. Seja como for, é fundamental se preparar para essa fase da vida na qual geralmente há lições e ensinamentos indispensáveis para todos os Espíritos em processo de acrisolamento.

É igualmente ingenuidade imaginar que conseguiremos fazer e entender tudo com a mesma destreza mental, agilidade e perspicácia típica da juventude ou madureza. Como bem pondera o Espírito Humberto de Campos, na obra Jerusalém Libertada (psicografia de R. A. Ranieri), “Assim como as águas do rio se tornam claras nos choques por entre as pedras, o espírito humano evolui através de restrições, lutas e sofrimentos”.

O tema em pauta nos evoca o triste desencarne recentemente ocorrido de Keith Emerson, excepcional tecladista e líder do fenomenal grupo inglês de rock progressivo: o Emerson, Lake & Palmer. Essa banda fez muito sucesso nos anos 70 e 80, sempre produzindo um som contagiante e futurista no qual o virtuosismo dos três músicos assomava com grande intensidade. Keith Emerson foi responsável, juntamente com os seus companheiros, por notáveis músicas como From the Beginning, Jerusalém, Fanfare for The Common Man, Tarkus, Hoedown, Trilogy, entre tantas outras.

Por isso, Keith Emerson insculpiu o seu nome numa das fases mais ricas da música mundial no século passado, o rock progressivo. Ao que me recordo foi um dos primeiros a tocar o sintetizador Moog extraindo-lhe toda a sonoridade ímpar, assim como solos admiráveis. Nos concertos da banda, que não raro aconteciam em estádios, para milhares de pessoas, a sua técnica apuradíssima, arranjos criativos e estilo agressivo se sobressaíam. Ademais, tocava com impressionante rapidez chegando à perfeição. Enfim, dominava o piano, o órgão e outros instrumentos de teclado como verdadeiro mestre.

Em março passado, aos 71 anos, Keith Emerson, lamentavelmente, foi encontrado morto em seu apartamento em Santa Mônica, Califórnia, com um tiro na cabeça. A autópsia confirmou que o músico tinha se suicidado. A sua namorada, Mari Kawaguchi, revelou, em entrevista ao jornal Daily Mail, que o músico sofria com problemas na mão e no braço direito há anos, e que isso o atrapalhava para tocar.  

Emerson aparentemente não conseguia lidar mais com o fato de que as suas performances já não alcançavam o nível de outrora. Com efeito, os problemas no braço o infelicitavam amargamente. Ao ler os comentários a respeito de seus shows ficava atormentado pela perspectiva de que as críticas não fossem positivas. Segundo Mari, “Emerson não queria decepcionar seus fãs, ele era perfeccionista, e saber que não poderia tocar mais tão bem o deixava depressivo, nervoso e ansioso”.

Além disso, o tecladista teria feito há alguns anos uma cirurgia para a retirada do músculo que causava o problema, mas as dores haviam piorado. Obviamente, os companheiros de banda também se pronunciaram sobre o falecimento do músico. Carl Palmer, baterista do conjunto, por sua vez, fez uma declaração em que disse se sentir “profundamente triste ao saber do falecimento de seu bom amigo e irmão em música”. Aliás, Emerson, Lake & Palmer tinham uma turnê marcada pelo Japão, e, conforme Mari, Emerson se aposentaria logo depois.

Fica patente, portanto, que Emerson não conseguiu aceitar e/ou se resignar aos limites físicos impostos pela sua idade. Diferentemente do Maestro brasileiro João Carlos Martins, que se reinventou profissionalmente após uma sucessão de trágicos acidentes, Emerson, ao que tudo indica, optou tristemente pelo caminho mais “fácil”. É lamentável que um músico tão talentoso tenha chegado ao extremo de cometer o autocídio por não aceitar as naturais nuances existenciais, por não ter tentado buscar outros caminhos profissionais, por não ter apelado aos bons Espíritos para que lhe dessem força e resignação nessa difícil hora, embora superável.

Como diz uma de suas conhecidas canções: “C'est La Vie”. A literatura espírita é pródiga em apontar os efeitos deletérios advindos do suicídio. A Espiritualidade já nos informou com absoluta clareza os terríveis padecimentos que aguardam o Espírito suicida do lado de lá e em futuras encarnações. Desse modo, rogamos ao Pai generoso que se compadeça desse irmão, bem como de outros, que tomam idêntica decisão, isto é, a de não saber lidar adequadamente com as vicissitudes da vida. Definitivamente, a Terra não é uma morada de almas felizes.     




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita