WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória
Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Estudo das Obras de Allan Kardec  Inglês  Espanhol

Ano 10 - N° 463 - 1° de Maio de 2016

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com

Londrina,
Paraná (Brasil)
 

 

Obras Póstumas

Allan Kardec 

(Parte 9)
 

Damos continuidade nesta edição ao estudo do livro Obras Póstumas, publicado depois da desencarnação de Allan Kardec, mas composto com textos de sua autoria. O presente estudo baseia-se na tradução feita pelo Dr. Guillon Ribeiro, publicada pela editora da Federação Espírita Brasileira.

Questões para debate

78. A obsessão pode, em determinada circunstância, apresentar um caráter epidêmico?

79. São abundantes as provas de que o Espírito, isolando-se de um corpo vivo, pode aparecer em um outro lugar?

80.  Qual é, nos fenômenos espíritas ou sonambúlicos, o limite onde se detém a ação própria da alma humana e onde começa a dos Espíritos?

81. Por onde e como o sonâmbulo vê pessoas e coisas?

82. A chamada segunda vista tem relação com o sonambulismo?

83. Podemos dizer que alguns cartomantes têm, em verdade, a faculdade da segunda vista?

84. Pode um cego ser dotado da faculdade da segunda vista?

85. Como entender o dom da presciência atribuído aos videntes?

86. O fluido perispiritual pode ser visto pelo homem? 

Respostas às questões propostas 

78. A obsessão pode, em determinada circunstância, apresentar um caráter epidêmico? 

Sim. O que um Espírito pode fazer sobre um indivíduo, vários Espíritos podem fazê-lo sobre vários indivíduos, simultaneamente, e dar à obsessão um caráter epidêmico. Uma nuvem de maus Espíritos pode invadir uma localidade, e ali se manifestar de diversas maneiras. Foi uma epidemia desse gênero que maltratou a Judeia ao tempo do Cristo, mas este, pela sua imensa superioridade moral, tinha sobre os demônios, ou maus Espíritos, uma superioridade moral tal que lhe bastava ordenar-lhes que se retirassem, e eles lhe obedeciam, sem empregar para isso nem sinais nem fórmulas. (Obras Póstumas, Obsessão e possessão.) 

79. São abundantes as provas de que o Espírito, isolando-se de um corpo vivo, pode aparecer em um outro lugar? 

Sim. Nesta obra estão relatados vários fatos extraídos da obra alemã Os fenômenos místicos da vida humana, por Maximilien Perty, professor na Universidade de Berna, publicada em 1861, sobre os quais Kardec ajuntou o seguinte comentário: Há fatos dos quais a lógica e as leis conhecidas demonstram a impossibilidade material. Tal é, por exemplo, o que está narrado na Revista Espírita do mês de fevereiro de 1859, página 41, sob o título de Meu amigo Hermann. Trata-se de um jovem alemão da alta sociedade, doce, benevolente, e do mais honrado caráter, que todas as tardes, ao pôr do Sol, caía num estado de morte aparente. Durante esse tempo, seu Espírito despertava na Austrália, no corpo de um bandido, que acabou por ser enforcado. O simples bom senso demonstra que, supondo a possibilidade dessa dualidade corpórea, o mesmo Espírito não pode ser, alternativamente, durante o dia um homem honesto e à noite um bandido num outro corpo. Dizer que o Espiritismo acredita em semelhantes histórias é provar que não o conhece, uma vez que dá os meios de provar-lhes o absurdo. Mas, ao mesmo tempo que ele demonstra o erro de uma crença, prova que, frequentemente, ela repousa sobre um princípio verdadeiro desnaturado ou exagerado pela superstição. É a despojar o fruto da casca que ele se dedica. (Obras Póstumas, Provas das aparições de pessoas vivas.) 

80.  Qual é, nos fenômenos espíritas ou sonambúlicos, o limite onde se detém a ação própria da alma humana e onde começa a dos Espíritos?  

Essa divisão não existe, ou melhor, nada tem de absoluta. Desde o instante em que não são, de nenhum modo, espécies distintas, que a alma não é senão um Espírito encarnado, e o Espírito uma alma livre dos laços terrestres, que é o mesmo ser nos dois meios diferentes, as faculdades e as aptidões devem ser as mesmas. O sonambulismo é um estado transitório entre a encarnação e a desencarnação, um desligamento parcial, um pé colocado, por antecipação, no mundo espiritual. A alma encarnada ou o Espírito próprio do sonâmbulo ou do médium pode, pois, fazer, com pouca diferença, o que fará a alma desencarnada, e mesmo mais se ela é mais avançada, com esta diferença de que pela sua libertação completa, sendo mais livre, o desencarnado tem percepções especiais inerentes ao seu estado. A distinção entre o que, num dado efeito, é produto direto da alma do médium, e o que provém de uma fonte estranha, às vezes é muito difícil de ser feita, porque, frequentemente, essas duas ações se confundem e se corroboram. Assim é que, nas curas pela imposição de mãos, o Espírito do médium pode agir sozinho ou com a assistência de um outro Espírito; que a inspiração poética ou artística, pode ter uma dupla origem. Mas do fato de uma distinção ser difícil, não se segue que seja impossível. A dualidade, com frequência, é evidente, e, em todos os casos, ressalta quase sempre de uma observação atenta. (Obras Póstumas, Clarividência sonambúlica e segunda vista.) 

81. Por onde e como o sonâmbulo vê pessoas e coisas? 

Eis algo que ele mesmo não pode definir. Notemos, no entanto, que no estado sonambúlico os fenômenos da visão e as sensações que o acompanham são essencialmente diferentes daquele que ocorre no estado ordinário. Na visão a distância, o sonâmbulo não distingue um objeto ao longe como poderíamos fazê-lo através de um binóculo. Não é, de nenhum modo, esse objeto que se aproxima dele por uma ilusão óptica. É ele mesmo que se aproxima do objeto. Ele o vê precisamente como se estivesse ao lado dele; ele mesmo se vê no lugar que observa; em uma palavra, ele se transporta. Seu corpo, nesse momento, parece aniquilado, sua palavra é mais abafada, o som de sua voz tem alguma coisa de estranha; a vida animal parece se extinguir nele; a vida espiritual está toda inteira no lugar para onde o seu pensamento o transporta; só a matéria fica no mesmo lugar. Há, pois, uma porção de nosso ser que se separa de nosso corpo para se transportar, instantaneamente, através do espaço, conduzida pelo pensamento e pela vontade.

Essa porção, evidentemente, é imaterial; de outro modo, ela produziria alguns efeitos da matéria; é a essa parte de nós mesmos que chamamos a alma. Sim, é a alma que dá ao sonâmbulo as faculdades maravilhosas das quais goza; é a alma que, em circunstâncias dadas, se manifesta isolando-se em parte e momentaneamente de seu envoltório corporal. É, pois, na alma que reside, necessariamente, a clarividência, e não em tal ou tal parte circunscrita de nosso corpo. (Obras Póstumas, Clarividência sonambúlica e segunda vista.) 

82. A chamada segunda vista tem relação com o sonambulismo?  

O estado sonambúlico não é uma condição indispensável para que ocorra o fenômeno designado pelo nome de segunda vista. A segunda vista quase nunca é permanente; em geral, esse fenômeno se produz espontaneamente, em certos momentos, sem ser um efeito da vontade, e provoca uma espécie de crise que modifica, algumas vezes, sensivelmente o estado físico: o olho tem alguma coisa de vago; parece olhar sem ver; toda a fisionomia reflete uma espécie de exaltação. É de notar que as pessoas que dela gozam não suspeitam disso; essa faculdade lhes parece natural como aquela de ver pelos olhos; para elas, é um atributo de seu ser. Há graus infinitos no poder da segunda vista, desde a sensação confusa, até a percepção tão clara e tão limpa como no sonambulismo.

Falta-nos uma palavra para designar esse estado especial e, sobretudo, os indivíduos que dele são suscetíveis. Tem-se utilizado no caso a palavra vidente, e embora não dê exatamente o pensamento, adotá-la-emos até nova ordem, por falta de melhor. É esse dom da segunda vista que, no estado rudimentar, dá a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma espécie de segurança em seus atos, e que se pode chamar a justeza do golpe de vista moral. Mais desenvolvida, desperta os pressentimentos, mais desenvolvida ainda, mostra os acontecimentos realizados, ou no ponto de se realizarem; enfim, chega ao seu apogeu, é o êxtase desperto.

Embora seja quase sempre natural e espontâneo, o fenômeno da segunda vista parece produzir-se, mais frequentemente, sob o império de certas circunstâncias. Os tempos de crise, de calamidade, de grandes emoções, todas as causas, enfim, que superexcitam o moral provocam-lhe o desenvolvimento. Parece que a Providência, em face dos perigos mais iminentes, multiplica, ao nosso redor, a faculdade de preveni-los. (Obras Póstumas, Clarividência sonambúlica e segunda vista.) 

83. Podemos dizer que alguns cartomantes têm, em verdade, a faculdade da segunda vista? 

Frequentemente fala-se de cartomantes que dizem coisas surpreendentes de verdade. Estamos longe de nos fazer apologistas dos ledores de sorte, que exploram a credulidade de espíritos fracos, e cuja linguagem ambígua se presta a todas as combinações de uma imaginação ferida; mas não há nada de impossível em que certas pessoas, fazendo esse ofício, tenham o dom da segunda vista, mesmo com seu desconhecimento. As cartas seriam, em suas mãos, somente um meio, um pretexto, uma base de conversação; elas falam segundo o que veem, e não segundo o que indicam as cartas que apenas olham. Ocorre o mesmo com outros meios de adivinhação, tais como as linhas das mãos, o resíduo de café, as claras de ovo e outros símbolos místicos. Os sinais da mão, talvez, tenham mais valor do que todos os outros meios, de nenhum modo por si mesmos, mas porque o suposto adivinho, tomando e apalpando a mão do consulente, se está dotado da segunda vista, encontra-se em relação mais direta com este último, como ocorre nas consultas sonambúlicas. (Obras Póstumas, Clarividência sonambúlica e segunda vista.) 

84. Pode um cego ser dotado da faculdade da segunda vista? 

Sim. Os médiuns videntes, que podemos incluir na categoria das pessoas que gozam da dupla vista, creem ver pelos olhos, mas, em realidade, é a alma que vê, e é essa a razão pela qual veem tão bem de olhos fechados quanto de olhos abertos. Segue-se, necessariamente, que um cego poderia ser médium vidente tão bem quanto aquele cuja visão está intacta. (Obras Póstumas, Clarividência sonambúlica e segunda vista.) 

85. Como entender o dom da presciência atribuído aos videntes? 

De todos os tempos, os homens quiseram conhecer o futuro, mas a Natureza foi muito sábia no-lo escondendo. Se soubéssemos, antecipadamente, o fim de cada coisa, ninguém duvide que a harmonia geral com isso sofreria. Um futuro feliz assegurado tiraria do homem toda atividade, uma vez que não teria necessidade de nenhum esforço para chegar ao objetivo que se propôs. A certeza da infelicidade teria as mesmas consequências pelo efeito do desencorajamento; todos renunciariam lutar contra o decreto definitivo do destino. O conhecimento absoluto do futuro seria, pois, um presente funesto que nos conduziria ao dogma da fatalidade, o mais perigoso de todos, o mais antipático ao desenvolvimento das ideias. É a incerteza do momento de nosso fim neste mundo que nos faz trabalhar até a última batida de nosso coração.

Nos fenômenos da dupla vista, estando a alma em parte desligada do envoltório material que limita nossas faculdades, não há mais, para ela, nem duração, nem distâncias; abarcando o tempo e o espaço, tudo se confunde no presente. Livre de seus entraves, ela julga os efeitos e as causas melhor do que podemos: vê as consequências das coisas presentes e pode nos fazer pressenti-las; é nesse sentido que se deve entender o dom da presciência atribuído aos videntes.

Suas previsões não são senão o resultado de uma consciência mais clara do que existe, e não uma predição de coisas fortuitas sem laço com o presente; é uma dedução lógica do conhecido para chegar ao desconhecido, que depende, muito frequentemente, de nossa maneira de fazer.

O vidente não é, pois, de nenhum modo, um adivinho; é um ser que percebe o que não vemos; é para nós como o cão do cego. (Obras Póstumas, Clarividência sonambúlica e segunda vista.) 

86. O fluido perispiritual pode ser visto pelo homem? 

Em condições normais, não, porque ele é imponderável, como a luz, a eletricidade e o calor. É, pois, invisível, para nós, no estado normal, e não se revela senão pelos seus efeitos; mas torna-se visível no estado de sonambulismo lúcido, e mesmo no estado de vigília para as pessoas dotadas de dupla vista. No estado de emissão ele se apresenta sob a forma de faíscas luminosas, bastante semelhantes à luz elétrica difusa no vazio. No estado ordinário, apresenta cores diversas segundo os indivíduos de onde emana; ora de um vermelho fraco, ora azulado ou acinzentado, como uma bruma leve; o mais das vezes, espalha sobre os corpos vizinhos uma nuvem amarelada, mais ou menos pronunciada.

As narrações dos sonâmbulos e dos videntes são idênticas sobre essa questão; aliás, teremos ocasião de voltar ao assunto falando das qualidades impressas ao fluido para o motivo de pô-lo em movimento, e para o adiantamento do indivíduo que o emite. Nenhum corpo lhe constitui obstáculo; penetra-os e os atravessa a todos; até o presente, não se conhece nenhum que seja capaz de isolá-lo. Só a vontade pode estender-lhe ou restringir-lhe a ação; a vontade, com efeito, é o seu mais poderoso princípio; pela vontade, dirigem-se-lhe os eflúvios através do espaço, ou os acumula, a seu contento, sobre um ponto dado, ou saturam-se certos objetos, ou bem são retirados dos lugares onde são superabundantes.

Digamos, de passagem, que é sobre esse princípio que está fundada a força magnética. Parece, enfim, ser o veículo da visão psíquica, como o fluido luminoso é o veículo da visão ordinária. (Obras Póstumas, Fluido perispiritual e atmosfera fluídica.) 

 

 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita