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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 462 - 24 de Abril de 2016

LEDA MARIA FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
   

 


Fé e obra


“Um homem tinha dois filhos. Chegando ao primeiro disse: filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele responde: Irei, Senhor; e não foi. O segundo disse: não quero. Mais tarde, tocado pelo arrependimento, foi.”

Esta passagem, narrada na Parábola dos Dois Filhos (Mt, 21: 28-32), mostra Jesus perguntando-nos, através dos discípulos: “Qual dos dois fez a vontade do Pai?” Duas personalidades revelando, sem dúvida, as suas qualidades em palavras e ações.

O interessante nessa questão proposta por Jesus é a possibilidade de desdobramentos no que se refere às atitudes que temos, sem que, necessariamente, apresentemo-nos tão somente como personalidades da luz ou da sombra.

São muitas as nuanças que surgem quando somos defrontados com situações que exigem uma tomada de decisão. A própria parábola mostra essa possibilidade quando, de um lado, temos o filho que aceita a tarefa e não comparece para sua execução, e, de outro, o filho que nega, mas que muda de atitude após pensar melhor.

Com base nisso, podemos observar três situações bastante comuns – os desdobramentos podem ser maiores ainda –, no momento evolutivo no qual nos encontramos, e que nos permite refletir um pouco sobre elas.

Temos, de um lado, o trabalhador que crê, simplesmente, porque lhe disseram que era preciso crer em um ser superior, sem a escolha pela razão; de outro, aquele que crê pelo entendimento e não obra; e, por último, aquele que não crê, mas que, raciocinando com lógica, num grande esforço intelectual, discernindo e refletindo sobre o convite ao trabalho no bem, transforma o “não quero” em ação produtiva.

Na primeira situação, temos aqueles trabalhadores que espalham inquietação e desânimo, pois iniciam um trabalho de caridade – qualquer que seja – e logo o abandonam porque o mundo não presta – por que vou esforçar-me? –; ou porque não nasceram para executar tarefas que não tenham destaque; ou porque não se acham dignos de posição de evidência, e quando chamados a testemunharem essa humildade, logo se revoltam; ou porque, aproximando-se qualquer fé religiosa à espera de benesses imediatas, e não conseguindo, afastam-se alegando que tudo é mentira.

Essas criaturas transitam entre lamentações e queixumes, de um altar para outro, de uma igreja para outra, com tempo suficiente para se sentirem perseguidas e desconsideradas. Nunca terminam a tarefa pela qual se responsabilizaram, lembrando o aluno que estuda continuamente sem aprender a lição.

Na segunda, surgem aquelas criaturas que creem e, ainda assim, vivem em paisagem improdutiva sem nada realizarem de útil a si e ao próximo. É o trabalhador de fé inoperante. Recorda Emmanuel que podem ser comparados a motores preciosos dos quais ninguém se utiliza e que acabam por enferrujarem. Que são fontes que não se movimentam para fertilizar, nem o campo íntimo, nem o que estiver ao seu redor, e, estagnadas, sem utilidade, ficam repletas de lodo. São, enfim, luzes que não se irradiam.

Na verdade, nessa situação, somos sementes guardadas, que sem serem cultivadas não têm qualquer serventia; ou aqueles seres que afirmam ter esperança nas obras que uma tora, que possuem, possa apresentar – móveis, casas, obras de arte etc. – sem que se disponham a usar as ferramentas necessárias para que isso ocorra. Certamente, essa tora ali ficará, indefinidamente, até sua desintegração.

E por fim, na terceira situação, temos os trabalhadores que tardam, que demoram a aceitar o convite ao trabalho no bem, mas, afinal, mudam sua forma de pensar e acabam por se tornarem, na maioria das vezes, grandes obreiros na Seara Divina.

Qual dos dois fez a vontade do Pai?”pergunta Jesus. “O segundo, responderam os discípulos, e ele completa o ensinamento, dizendo: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entrarão primeiro que vós no Reino de Deus.”

A fé é sempre o caminho, mesmo que ela não seja ostensiva. A caridade – trabalho no bem – é o fim. A fé na essência é a semente de mostarda do ensinamento evangélico que crescerá na proporção do trabalho de elevação que realizarmos em nós. É a semente transformada em obras, beneficiando a tantos...

Nas palavras de Emmanuel¹, a fé sem obras constitui embriaguez perigosa que nos convida a aguardarmos benesses sem esforço pessoal. É a atitude do assalariado que aguarda o pagamento sem ter trabalhado.

É importante não esquecermos que quando nos dedicamos à ação, colocamos em movimento energias cósmicas que são acrescidas do poder divino. A nossa fé, nesse momento, é em Deus, que nos sustenta a tarefa, e em nossa capacidade de realização.

A fé precisa ser revelada ao mundo através de nossas obras para a felicidade de muitos, pois somos cooperadores do Pai na construção de um mundo melhor. O nosso amor, através do trabalho, estimula o amor do outro. A nossa paz, conquista pessoal e intransferível, constrói a paz entre aqueles que nos cercam. A caridade nos nossos passos, através do exemplo, despertará a caridade no caminhar do outro. E com nossa fé inabalável na providência divina, semearemos a fé ao redor de nós mesmos.

 

Bibliografia:

1 – XAVIER, F. C. Fonte Viva – pelo Espírito Emmanuel – 16ª ed., Editora FEB, Brasília/DF – lições 26 e 39.

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 11 – item 13.

SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensinos de Jesus – 14ª ed., Casa Editora O Clarim – 1ª Parte – Parábola dos dois Filhos e Parábola do Grão de Mostarda.



 


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