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Crônicas e Artigos

Ano 10 - N° 461 - 17 de Abril de 2016

GUARACI DE LIMA SILVEIRA
guaracisilveira@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 


 
E o Brasil... é mesmo a Pátria do Evangelho?


Um dia desses fui a uma casa espírita assistir à reunião pública. Um homem de modos elegantes e postura professoral assumiu a tribuna e iniciou seu discurso com a pergunta título deste artigo. Acomodei-me melhor e agucei os ouvidos e os sentidos para ouvir o que tinha a nos dizer. Ao meu lado muitos irmãos e irmãs. Acredito que grande parte deles e delas ali estavam de passagem, tentando um contato “promissor” com a doutrina espírita, como quem busca aqui e acolá um nicho, um enredo, um lugar para ficar. Já sou antigo no Espiritismo. Já nasci cultuando os fundamentos dessa doutrina iluminada por mentes conscientes que a postularam. Ao meu lado, contudo, estava um senhor de tez morena e olhar circunspecto. Parecia vir de longe, das estradas empoeiradas da vida e, de repente, uma porta se abriu: a porta de um centro espírita!

O homem da tribuna iniciou seu discurso em tom de sábio. Falaria sobre o Brasil. “Brasil... Ah! Brasil...” Foi assim que deu as primeiras notas da sua melodia composta por acordes de uma nota só. E derramou sobre nós uma série de incongruências e até chamou Humberto de Campos e Chico Xavier de visionários e distantes da realidade nacional. “O Brasil é um pobre peregrino dentre nações gigantescas e ricas!” – disse o anunciador de tristezas, apagador de lampiões. Ah! que vontade de sair dali e entrar em uma biblioteca e ler Humberto de Campos através do nosso querido Chico Xavier. Quem de nós está em condições de avaliar tais obras?

O homem ao meu lado mexeu-se de um lado para o outro e sussurrou-me: “Mas eu amo minha pátria. Ela é rica em reservas!” E foi aí que me fiz porta-voz do livro Brasil Coração do Mundo e Pátria do Evangelho e lhe disse: “As reservas brasileiras não se circunscrevem ao mundo de aço do progresso material, mas se estendem infinitamente ao mundo do ouro dos corações, onde o país escreverá a sua epopeia de realizações morais, em favor do mundo”. O homem me olhou e eu concluí: “Escreverá do verbo: vai escrever e para tal se prepara. O Brasil é menino de quinhentos e poucos anos e querem que ele seja adulto, senhor das suas ações, enquanto ainda se prepara para ela”.

Um dia, ouvindo outro orador, apóstolo deste país, anotei sua fala: “Analisemos: trezentos e vinte e dois anos de colônia, sessenta e sete de monarquia e cento e vinte e sete de república com ditaduras e impeachment. Foi e está sendo um caminho árduo. Sabendo-se ainda que o período colonial foi o de intensa exploração das nossas jazidas. E ainda querem uma nação amadurecida? Ora, viajemos pelo país e encontraremos progressos sobre progressos, realizados de formas muitas vezes hercúleas e à custa de suor e lágrimas. As cátedras nem sempre oferecem o comboio que sai para ver e sentir o lado de fora das teorias basais”. E aquele orador do momento, sem dúvida, era um teórico.

O homem ao lado me cutucou e pediu: “Fale mais”. Então continuei, repetindo Humberto de Campos: “Qual o lugar da Terra que não é santo? Em todas as partes do mundo por mais recônditas que sejam, pairam as bênçãos de Deus, convertida na luz e no pão de todas as criaturas”. – O que me diz, senhor? – perguntou-me meu companheiro de jornada. Apenas repeti palavras de Jesus quando esteve no plano físico por volta de 1375 e buscava nicho para o Seu Evangelho – falei-lhe. Fechei meus olhos e relembrei o texto do livro que fala sobre o Brasil e psicografado por Humberto de Campos: – “Helil – perguntou Jesus –, onde fica, nestas terras novas, o recanto planetário, do qual se enxerga, no infinito, o símbolo da redenção humana?” – “Este lugar de doces encantos, Mestre, de onde se veem, no mundo, as homenagens dos céus aos vossos martírios na Terra, fica mais para o Sul.” E eles estavam no continente Americano!

Agora chegamos ao ponto-chave e que infelizmente aquele pregador se omitiu em sua eloquente conversa. Vejam a descrição de Humberto de Campos: “Mãos erguidas para o alto, como se invocasse a bênção do seu Pai para todos os elementos daquele solo extraordinário e opulento, exclama então Jesus: – Para essa terra maravilhosa e bendita será transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade e amor. No seu solo dadivoso e fertilíssimo, todos os Povos da Terra aprenderão a lei da fraternidade universal. Sob estes céus serão entoados os hosanas mais ternos à misericórdia do Pai Celestial”. Noutro dia, num grupo de estudos, lemos em conjunto esta citação. As lágrimas de todos nós se fizeram abundantes. – É o Mestre dizendo! – falou uma senhora presente. – Sim, foi Jesus quem disse e o que os homens estão dizendo no hoje, principalmente certos espíritas distanciados da Gerência Divina de Jesus? Que o Brasil vai perder esta distinção por causa dos seus habitantes. Mas quem determina reencarnações é o mundo espiritual. Ninguém renasceu aqui vindo numa nave espacial ou de paraquedas. Foram reencarnações planejadas para que aqui aportassem e realizassem o bem em si, ajudando a pátria. Mas ela não depende apenas dos homens. Há um projeto divino, há uma programação.

– “Ismael, manda o meu coração que doravante sejas o zelador dos patrimônios imortais que constituem a Terra do Cruzeiro. Recebe-a nos teus braços de trabalhador devotado da minha seara, como a recebi no coração, obedecendo a sagradas inspirações do Nosso Pai.” É, o grande pregador se esqueceu de dizer que temos um mentor espiritual que recebeu de Jesus a determinação acima e ainda a bandeira branca com as insígnias: Deus, Cristo e Caridade. Caridade esta que não fazemos com a pátria quando a julgamos incapaz de produzir bons elementos que a conduzam. E há os que dela se ausentam sob o pretexto de buscar maiores ganhos e benefícios externos. Mas, em qual lugar do mundo de hoje há que não esteja vivendo a grande deflagração motivada pela mudança do ciclo planetário?

O indivíduo brasileiro foi forjado pela interação de europeus, africanos e ameríndios. Foram as interações singulares e multifacetadas entre esses indivíduos que guiaram nossa história e deram à nossa população seu caráter heterogêneo e diversificado – dizem nossos sociólogos. E lá vem o poeta anônimo e diz: “Esta gente, cujo rosto às vezes luminoso e outras vezes tosco, ora me lembra escravos ora me lembra reis”. Estamos fazendo coro com a poesia? Ou somos martelos e bigornas a macerar enquanto deveríamos forjar? De mim digo que o indivíduo brasileiro é aquele que pisa num solo fértil, que olha para um céu que tem o Cruzeiro do Sul, que olha para trás e vê que sua história começou há pouco mais de 500 anos, que inda não se constituiu como um ser político, capaz de exercer com propriedade seu direito na escolha de processos administrativos ideais. É um indivíduo quase sempre passional, herdeiro de uma cultura colonialista que lhe forjou caracteres de submissão e que agora tenta se libertar, mas, ainda sem um roteiro seguro. É em síntese um indivíduo pronto a se constituir como elemento principal no contexto social, entendendo que, através dele, tudo se modifica para o bem ou para o mal. Inicia assim seu processo de libertação dentro de uma pátria que ainda não sente que é sua.

Este é a meu ver o grande problema do brasileiro. Ainda não se apropriou deste bem tamanho que é o Brasil e busca nele apenas recursos para sua sobrevivência. E o discursador espírita daquela noite continuava, e disse: “Com certeza Jesus se decepcionou conosco! A pátria do Seu Evangelho vai para a Polinésia!” Sem nenhuma alusão aos habitantes de lá, mas o Evangelho necessita de terra extensa e não de ilhas onde comumente se falam dialetos. A mensagem do Evangelho é una e não pode ser fragmentada. Mais à frente ele disse: “E os nossos governantes? E a nossa política de apropriação infinita, acumulando destroços sobre destroços da imoralidade e da corrupção?” Amigo leitor, foi aí que busquei nos refolhos da memória algo sério e conclusivo que li de Humberto de Campos em seu livro Brasil, Coração do Mundo Pátria do Evangelho: “A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopeia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração. As injunções políticas terão nela atividades secundárias, porque, acima de todas as coisas, em seu solo santificado e exuberante estará o sinal da fraternidade universal, unindo todos os Espíritos. Sobre a sua volumosa extensão pairará constantemente o signo da minha assistência compassiva e a mão prestigiosa e potentíssima de Deus pousará sobre a terra de minha cruz, com infinita misericórdia. As potências imperialistas da Terra esbarrarão sempre nas suas claridades divinas e nas suas ciclópicas realizações. Antes de o estar ao dos homens, é ao meu coração que ela se encontra ligada para sempre”. Para sempre... Vamos repetir mil vezes esta colocação do Mestre Divino, Governador e Determinador das ações neste planeta.

Esqueceu-se o homem da tribuna de dizer que o tempo transforma a história. Este momento frágil de imaturidade política pelo qual estamos passando vai ser pulverizado e exterminado como fumaça nos ares desta pátria que abriga as promessas sãs e constantemente vitalizadas de Jesus. Pena que muitos não conseguem ver assim e pregam e pregam e dormem e comem em solo brasileiro aguardando a morte. O Brasil segue adiante. Hoje somamos cerca de quatorze mil centros espíritas realizando palestras, estudos, terapias e aconselhamentos fraternos diariamente. Isto conta, minha gente, e conta como recursos de Jesus para os brasileiros. Outras religiões ou centros terapêuticos e holísticos também trabalham todos os dias e por que focarmos tão somente nos problemas?

Amadureçamos social e politicamente para sermos construtores do futuro de luz deste país. E ele o será para todos nós, por nós e apesar de nós. A construção deste desiderato é individual e coletivo. Todas as nossas ações devem ser direcionadas para o bem próprio e geral. Será mesmo que posso apontar o dedo? Parafraseando uma amiga e de oratória fértil, numa de suas belíssimas palestras, ela fez com a mão direita o sinal daquele que denuncia e disse: “São três dedos apontados para quem acusa um indeciso, o polegar e somente o indicador apontado para o acusado”. Todos se mexeram em suas cadeiras, se olharam e até sorriram. Quem acusa o outro ou as circunstâncias, está se autoacusando ou indeciso do que fazer. Então, façamos parte do Exército de Jesus e construamos aqui a Pátria do Evangelho ao invés de infantilmente tentar destruir esta vontade divina.

E o pregador da escatologia nacional terminou sua fala dizendo: “Tomara que da próxima vez eu renasça na verdadeira pátria do evangelho, porque daqui quero distância. Estão todos distanciados de Jesus”. O homem desceu da tribuna e o homem que estava assentado ao meu lado aproximou-se dele e disse: “Perdão, mas hoje o senhor não me ajudou em nada. Tomara que da próxima vez...”. 
 


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita