Um leitor pede-nos que
expliquemos o que nos é
ensinado pelo Espiritismo
com respeito à regeneração
dos Espíritos que cometem
faltas graves no curso de
suas existências.
O tema é tratado com todas as
minúcias por Allan Kardec no
cap. VII de seu livro O
Céu e o Inferno, do qual
reproduzimos os trechos a
seguir:
16º - O arrependimento,
conquanto seja o primeiro
passo para a regeneração,
não basta por si só; são
precisas a expiação e a
reparação.
Arrependimento, expiação e
reparação constituem,
portanto, as três condições
necessárias para apagar os
traços de uma falta e suas
consequências.
O arrependimento suaviza os
travos da expiação, abrindo
pela esperança o caminho da
reabilitação; só a
reparação, contudo, pode
anular o efeito
destruindo-lhe a causa. Do
contrário, o perdão seria
uma graça, não uma anulação.
17º - O arrependimento pode
dar-se por toda parte e em
qualquer tempo; se for
tarde, porém, o culpado
sofre por mais tempo. Até
que os últimos vestígios da
falta desapareçam, a
expiação consiste nos
sofrimentos físicos e morais
que lhe são consequentes,
seja na vida atual, seja na
vida espiritual após a
morte, ou ainda em nova
existência corporal.
A reparação consiste em
fazer o bem àqueles a quem
se havia feito o mal. Quem
não repara os seus erros
numa existência, por
fraqueza ou má vontade,
achar-se-á numa existência
ulterior em contacto com as
mesmas pessoas que de si
tiverem queixas, e em
condições voluntariamente
escolhidas, de modo a
demonstrar-lhes
reconhecimento e fazer-lhes
tanto bem quanto mal lhes
tenha feito. Nem todas as
faltas acarretam prejuízo
direto e efetivo; em tais
casos a reparação se opera,
fazendo-se o que se deveria
fazer e foi descurado;
cumprindo os deveres
desprezados, as missões não
preenchidas; praticando o
bem em compensação ao mal
praticado, isto é,
tornando-se humilde se tem
sido orgulhoso, amável se
foi austero, caridoso se tem
sido egoísta, benigno se tem
sido perverso, laborioso se
tem sido ocioso, útil se tem
sido inútil, frugal se tem
sido intemperante, trocando
em suma por bons os maus
exemplos perpetrados. E
desse modo progride o
Espírito, aproveitando-se do
próprio passado.
(Obra citada, cap. VII,
Código penal da vida
futura.)
No processo de regeneração
do Espírito culpado, o
Espiritismo é, pois, bem
claro ao dizer que ele
exigirá três elementos: o
arrependimento, a reparação
e a expiação.
Um indivíduo lesou alguém em
determinada existência.
Quando se arrepender
sinceramente, ele deverá, em
futura existência, reparar o
mal cometido.
Ocorrerá ainda, no processo
depurador, a necessidade da
expiação, isto é, deverá
passar por uma situação
semelhante à que ele mesmo
provocou no passado. Mas
ninguém virá ao mundo com a
tarefa de atormentá-lo. Se
isso fosse verdade,
criar-se-ia um círculo
vicioso. O que ocorre então?
O culpado, necessitado de
expiar sua falta, nascerá em
um meio no qual passará
naturalmente, em face do
atraso espiritual daquele
meio, pela situação de que
necessita.
Há na literatura espírita
exemplos inúmeros disso e,
em muitos casos, nem
existirá a participação de
terceiros. Um desses casos,
citado com frequência por
palestrantes espíritas,
ilustra bem o que dizemos.
Havendo decepado a mão de
uma pessoa, um Espírito
reencarnou tendo a mesma
mutilação prevista no seu
programa reencarnatório, o
que ocorreu por meio de um
acidente simples com uma
máquina da fábrica onde
trabalhava. Ele se distraiu
e, sem que ninguém tivesse
culpa, decepou parte da mão,
expiando, a seu pedido, a
falta cometida no passado.
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