Continuamos
o estudo
metódico e sequencial do
clássico "No Invisível",
de Léon Denis, cujo
título no original
francês é
Dans l'Invisible.
Questões preliminares
A. O que
é fundamental para a
qualidade das
manifestações espíritas?
Nas
sessões que Léon Denis
dirigia, quando a
unidade e a elevação dos
pensamentos cessavam
entre os assistentes,
assim que o recolhimento
era interrompido por
conversas ou discussões
inoportunas e surgiam
divergências de opinião,
logo as manifestações
diminuíam de valor e
intensidade. Espíritos
inferiores se
intrometiam e, sob a sua
influência, as
faculdades dos médiuns
se turbavam, não
produzindo mais que
imperfeitíssimos
resultados. Era preciso
um enérgico esforço de
reação interior e obter
a intervenção das
potências invisíveis,
para restabelecer o
curso regular das
manifestações. É que na
experiência espírita os
resultados dependem da
proteção oculta que
podemos obter e,
sobretudo, da extensão e
eficácia dessa proteção.
Ora, esta só se pode
exercer no limite em que
a tornemos possível,
colocando-nos em estado
moral e mental de
harmonia que facilite a
ação dos Espíritos
adiantados. Sem
afinidade de pensamento
e de sentimento, sem
comunhão entre si, não
podem as almas
comunicar-se senão
confusa e
acidentalmente. Essa é a
lei suprema e a suprema
ciência das
manifestações!
(No Invisível - O
Espiritismo
experimental:
Os fatos - XIX - Transe
e incorporações.)
B. No
campo da oratória, como
ocorre no caso de
Divaldo Franco, existem
outros exemplos de
médiuns que, no estado
de transe, proferiam
discursos eloquentes e
arrebatadores?
Sim. Esta
obra menciona dois
deles: Cora Tappan e T.
G. Forster. Cora Tappan
percorreu os Estados
Unidos e a Inglaterra,
fazendo ouvir em cada
cidade maravilhosos
discursos, em verso e em
prosa. Respondia, além
disso, a perguntas de
todos os gêneros, dando
prova de surpreendente
erudição. Afirmava que
suas respostas não
provinham dela mesma e
disso não tirava motivo
de vaidade. Suas
prédicas – dizia ela –
emanavam de um grupo de
Guias, sempre prontos a
falar por sua boca, toda
vez que seus serviços
eram reclamados. T. G.
Forster não causava
menor impressão, pois,
sob a ação dos
Espíritos, falava de
tudo com uma eloquência
pouco vista.
(Obra citada - O
Espiritismo
experimental:
Os fatos - XIX - Transe
e incorporações.)
C. Padres
em atividade que se
declaravam adeptos do
Espiritismo não eram
algo comum na história
do Espiritismo. Léon
Denis cita, porém, um
deles. Quem foi esse
padre?
O padre
Grimaud,
diretor-fundador do
Instituto dos enfermos
dos órgãos vocais e
surdos-mudos de Avignon,
França. No dia 17 de
abril de 1899 ele firmou
um documento em que se
declara fervoroso adepto
do Espiritismo,
acrescentando: “Não
tenho a menor dúvida em
o declarar
publicamente”.
(Obra citada - O
Espiritismo
experimental:
Os fatos - - XIX -
Transe e incorporações.)
Texto para leitura
831. Para
transformar a esse ponto
a opinião de um homem
tão prevenido como o Dr.
Hodgson, foram precisos
fatos bem eloquentes. O
mais significativo é a
manifestação espontânea
de seu amigo George
Pelham, homem de letras,
falecido havia alguns
meses, e que a médium
não podia conhecer. A
identidade do defunto
foi estabelecida de modo
muito positivo, no curso
de numerosos diálogos.
832. O Dr. Hodgson
trouxe à presença da
médium adormecida todos
os antigos amigos de G.
Pelham que pôde
encontrar – cerca de uns
trinta. O Espírito os
reconheceu a todos, logo
à chegada, e os acolheu
com ditos imprevistos.
Não somente os chamava
por seus nomes, como
lhes falava no mesmo tom
familiar, usando das
expressões habituais de
que se servia com cada
um deles, segundo o grau
de intimidade que os
ligava na Terra, e isso
sem a menor hesitação da
parte da médium. A todos
forneceu também as mais
minuciosas provas de
identidade. Um deles, o
professor Newbold,
propôs a Pelham uma
tradução do grego,
língua que ele conhecia,
mas que a Sra. Piper
ignorava absolutamente.
O Espírito traduziu com
exatidão, acompanhando o
texto literal grego.
833. Durante a primeira
fase das experiências, o
médium é influenciado,
dirigido, fiscalizado
(segundo a expressão
americana) por Espíritos
pouco adiantados. Um
certo Phinuit responde
de modo incoerente às
perguntas formuladas e
torna-se necessária toda
a paciência
anglo-saxônia para
acompanhar o
desenvolvimento do
fenômeno durante anos,
através do labirinto de
suas divagações. É
provável que
investigadores franceses
não tivessem tido essa
perseverança e houvessem
perdido todo o benefício
das concludentes
manifestações que
sucederam a esse período
confuso.
834. Com George Pelham
as comunicações se
tornam mais claras; mas,
no correr do tempo,
sente-se a falta de
direção competente.
Phinuit e Pelham não são
Espíritos que tenham
bastante força nem
aptidões para manterem o
transe em grau profundo
e impedirem a
personalidade do
sensitivo de imiscuir-se
algumas vezes nos
fenômenos e os
perturbar. Estimulada
por influências
contrárias, a médium se
esgota rapidamente. A
“máquina”, conforme a
expressão dos guias, se
deteriora. As
manifestações se tornam
de novo confusas.
835. Evoca-se o Espírito
Stainton Moses, autor
dos “Ensinos
Espiritualistas”, há
pouco restituído à vida
do Espaço, e trava-se
com ele controvérsia
sobre um ponto de
doutrina. O escritor
inglês afirmava em seu
livro que os Espíritos
atrasados conservam no
outro mundo suas paixões
e apetites terrestres e
ainda os procuram
satisfazer. Essa teoria
desagrada em extremo ao
professor Newbold, que
pede a Stainton Moses se
retrate. Este acede
imediatamente, e suas
explicações são
deploráveis. Certos
escritores, comentando
este fato, acreditaram
dele poder tirar
conclusões desfavoráveis
à filosofia espírita.
836. As condições em que
Stainton Moses se
pronunciou nos parecem
suspeitas. A médium
funcionava mal; o
Espírito não pôde sobre
ela firmar seu império,
nem mesmo chegou a
provar sua identidade.
Talvez não houvesse
afinidade suficiente
entre seu organismo
fluídico e o da Sra.
Piper. É essa uma
dificuldade que os
críticos não tomam
bastante em
consideração. Por seu
lado, o professor
Newbold, com sua opinião
muito arraigada, teria
exercido ação sugestiva
sobre o sensitivo.
837. De resto, aí estão
os fatos, aos milhares,
para demonstrar a
inanidade dessa teoria
muito cômoda, dessa
opinião de que a morte
bastaria para nos
desembaraçar de nossos
vícios. O Espírito, na
realidade, conserva-se o
mesmo que se fez durante
a vida terrestre. As
necessidades procedem do
corpo e com ele se
extinguem. Os desejos e
as paixões são do
Espírito e o acompanham.
838. Quase todos os
fenômenos das casas
mal-assombradas são
produzidos por Espíritos
atrasados que vêm
satisfazer, post mortem,
rancores nascidos aqui
na Terra, de males ou de
prejuízos causados por
certas famílias, que
assim se tornam presa de
nefastas influências. O
mesmo se dá em todos os
fatos de obsessão e em
certos casos de loucura.
A sensualidade e a
avareza subsistem nas
almas inferiores. Os
fenômenos produzidos por
Espíritos “íncubos” e
“súcubos” não são
imaginários e assentam
em testemunhos formais.
É fácil negar; seria
preferível observar e
curar.
839. A manifestação
efêmera de Stainton
Moses e a discussão de
seus “Ensaios” sugeriram
aos experimentadores a
ideia de evocar os
Espíritos que os haviam
ditado, Espíritos
superiores, designados
nessa obra sob os nomes
de Imperator, Rector,
Doctor e Prudens. Estes
acudiram ao chamado, e
imediatamente o aspecto
das sessões mudou.
Sentiu-se que ação nova
e combinada se exercia
sob a direção de alta
Inteligência. Cessam as
incoerências; as
obscuridades, os erros
se dissipam; as
explicações se tornam
claras, as provas
abundantes; as últimas
dúvidas dos
experimentadores se
desvanecem. O médium é
objeto de cuidados
fluídicos assíduos; a
“máquina”, reparada,
funciona daí em diante
com precisão.
840. Rector é
especialmente preposto a
sua guarda e afasta os
intrusos, os Espíritos
levianos. Todas as
manifestações têm que se
submeter à sua
fiscalização. É ele quem
se encarregará de
transmitir as
comunicações úteis, as
respostas às perguntas
formuladas. Imperator
começa sempre por uma
prece. Quando fala pela
boca da Sra. Piper, sua
voz é grave, imponente;
impressiona e comove.
Suas vibrações provocam
o recolhimento,
restabelecem a harmonia
nos pensamentos dos
consultantes.
841. Esse fato vem
confirmar o que tantas
vezes notamos em nosso
longo tirocínio de
experimentadores. Quando
se empreende o estudo
dos fenômenos, como
diletante, sem nenhum
cuidado pelas condições
psíquicas a preencher,
raramente se obtêm
resultados perfeitos e
satisfatórios. Nas
sessões que eu dirigia,
de acordo com um método
rigoroso, desde que a
unidade e elevação dos
pensamentos cessavam
entre os assistentes,
desde que o recolhimento
era interrompido por
conversas ou discussões
inoportunas e surgiam
divergências de opinião,
logo as manifestações
diminuíam de valor e
intensidade. Espíritos
inferiores se
intrometiam e, sob a sua
influência, as
faculdades dos médiuns
se turbavam, não
produzindo mais que
imperfeitíssimos
resultados. Era preciso
um enérgico esforço de
reação interior e obter
a intervenção das
potências invisíveis,
para restabelecer o
curso regular das
manifestações.
842. Na experiência
espírita – não o
esqueçamos – os
resultados dependem da
proteção oculta que
podemos obter e,
sobretudo, da extensão e
eficácia dessa proteção.
Ora, esta só se pode
exercer no limite em que
a tornemos possível,
colocando-nos em estado
moral e mental de
harmonia que facilite a
ação dos Espíritos
adiantados. Sem
afinidade de pensamento
e de sentimento, sem
comunhão entre si, não
podem as almas
comunicar-se senão
confusa e
acidentalmente. Eis aí a
lei suprema e a suprema
ciência das
manifestações!
843. Que valem as
críticas dos teóricos
fantasistas diante da
lição dos fatos? Os que
só veem no Espiritismo
uma ciência semelhante
às outras ciências hão
de forçosamente chegar a
reconhecer a
insuficiência de suas
concepções, desde que,
passando da teoria à
prática, verifiquem o
mau resultado de seus
esforços, ou, pelo
menos, a indigência dos
resultados obtidos.
844. Outro notável
investigador, tão
perspicaz quão
escrupuloso, cujo
testemunho não podemos
deixar em esquecimento,
é o professor Hyslop, da
Universidade de
Colúmbia, em Nova York.
Esse sábio entregou-se a
demorada pesquisa sobre
a mediunidade da Sra.
Piper, da qual resulta
que os fenômenos obtidos
não se poderiam explicar
nem pela telepatia, nem
pela leitura de
pensamento.
845. O professor
formulou 205 perguntas,
dirigidas ao Espírito de
seu falecido pai, por
intermédio do Dr.
Hodgson. Enquanto
Hodgson falava, J.
Hyslop, disfarçado com
uma máscara e colocado
por trás da médium, não
proferia uma só palavra.
Nessas condições, a Sra.
Piper não podia ler no
cérebro do interrogante
respostas que este
ignorava, porque o
professor tivera o
cuidado de escolher
assuntos de caráter
inteiramente íntimo,
ignorados por todos.
846. Assim se pôde
verificar, depois de
longas e laboriosas
investigações, que das
205 respostas obtidas,
152 eram perfeitamente
exatas e 16 inexatas; 37
ficaram em dúvida,
porque não puderam ser
averiguadas. Essa
verificação exigiu
numerosas viagens
através dos Estados
Unidos, a fim de serem
reconstituídas
minuciosamente certas
particularidades da
história da família
Hyslop, a que se
referiam as perguntas.
847. Todas essas
respostas são admiráveis
por sua clareza e
precisão. Nelas, a
personalidade dos
manifestantes, suas
ideias, suas expressões
familiares se patenteiam
com tamanha fidelidade
que impõem fatalmente
aos observadores a
convicção. O professor
Hyslop, abrindo mão de
toda desconfiança,
conversa, pelo órgão da
Senhora Piper em transe,
e sob a vigilância de
Rector, com seu pai
desencarnado, “com tanta
facilidade como se ele
estivesse vivo”. “Nós
nos compreendíamos por
meias palavras – diz ele
– como numa conversação
ordinária.”
848. Além disso, pôde o
Sr. Hyslop, em diálogos
animados e cheios de
incidentes, conversar
com alguns de seus tios
e primos falecidos, com
seu irmão Carlos, morto
quando ele tinha quatro
anos, com suas irmãs Ana
e Elisa, e de todos
obteve respostas
satisfatórias, cuja
enumeração enche
centenas de páginas de
seu relatório publicado
no “Harpers Magazine”,
depois nos “Proceedings”
da S.P.R., tomo XVI. Aí
se encontram reunidos em
quantidade considerável
fatos miúdos, incidentes
da vida de família
esquecidos pelo
professor e, após exame,
reconhecidos
verdadeiros.
849. Sobre as provas
colhidas, diz o
professor:
“Para o leitor estranho,
a narrativa de uma
sessão não pode produzir
a convicção que se
apodera do parente ou do
amigo que torna a
encontrar, depois de
longo tempo, os hábitos
de linguagem, as
construções de frases,
as expressões
pitorescas, a maneira de
discutir, tão bem
conhecidas e que
caracterizavam de modo
inconfundível aquele com
quem outrora convivera.”
850. Vêm depois
característicos novos,
desconhecidos e de
profunda originalidade.
Por exemplo:
“Em que subconsciente
teria podido a Sra.
Piper achar essas
personagens – Imperator,
Rector, G. Pelham, etc.
– com seus modos de
intervenção tão justos e
apropriados a cada
incidente, sem que
jamais seus caracteres
se confundam? A todo
instante, Imperator
revela seu caráter cheio
de dignidade e suas
tendências imperiosas,
que tão bem justificam o
seu pseudônimo, enquanto
Rector encaminha as
conversações e Pelham
resolve as dúvidas e
retifica os erros quanto
aos fatos e, sobretudo,
às pessoas e às relações
entre elas e os
consultantes.”
851. A telepatia,
acrescenta o professor,
não pode explicar melhor
essas revelações. Os
próprios erros, em sua
opinião, contribuem para
excluir a possibilidade
dessa hipótese, porque
diversas vezes os
Espíritos se enganaram
em pontos que ele,
Hyslop, conhecia
perfeitamente, e sobre
os quais a médium tinha
toda a facilidade de
informar-se. E conclui
nestes termos:
“Considerando o problema
com imparcialidade,
outra explicação não há
senão a intervenção dos
mortos.”
852. A história do novo
Espiritualismo nos
fornece numerosos
exemplos de médiuns que
possuem, no estado de
transe, faculdades
extraordinárias e se
exprimem com
arrebatadora eloquência.
Cora Tappan percorreu os
Estados Unidos e a
Inglaterra, fazendo
ouvir em cada cidade
maravilhosos discursos,
em verso e em prosa.
Respondia, além disso, a
perguntas de todos os
gêneros, dando prova de
surpreendente erudição.
Afirmava que suas
respostas não provinham
dela mesma e disso não
tirava motivo de
vaidade. Suas prédicas –
dizia – emanavam de um
grupo de Guias, sempre
prontos a falar por sua
boca, toda vez que seus
serviços eram
reclamados.
853. T. G. Forster não
causava menor impressão.
Eis o que dele dizia um
literato de Luisiana
que, depois de haver
perdido três filhos e a
esposa idolatrada, à
força de desespero
chegara a trazer consigo
“o vidro fatal que
deveria pôr termo às
suas misérias e
adormecer suas dores
para sempre”:
“Fui ouvir T. G. Forster;
entrei disposto a rir e
divertir-me; fiquei para
escutar e maravilhar-me;
saí comovido e abalado,
e lá voltei ainda. Esse
homem falava de tudo com
uma eloquência de que
nunca até então pudera
ter ideia. Tenho ouvido
oradores célebres: li
Cícero, Chatham, Pitt e
outros; jamais vi coisa
que se aproximasse da
eloquência irrefutável
desse homem adormecido.
Os oradores de cátedra e
de tribuna são obrigados
a preencher com palavras
o intervalo entre duas
ideias; com ele não se
dá isso: as ideias, os
fatos, as datas se
sucediam sem interrupção
nem esforço e sem a
menor hesitação. A
história de todos os
povos lhe era conhecida;
todas as ciências lhe
eram familiares, como se
lhe houvesse consagrado
todo o prazo de uma vida
humana ao estudo de cada
uma delas, e sua
linguagem, ao mesmo
tempo simples e elevada,
sempre se conservava à
altura de sua ciência.
Procurei ser-lhe
apresentado, quando
voltou a seu estado
normal, e nele encontrei
um homem eminente, mas
não – e bem longe disso
– o homem universal de
seus discursos. Ele
concedeu-me uma sessão
de transe e por seu
intermédio conversei com
o professor Drayton, seu
Espírito-guia. Fiquei
convencido. Sou agora
outro homem; sou feliz,
oh! bem feliz!”
854. O seguinte caso
ocorreu na França e a
pessoa do manifestante
se revelou de modo
irrefragável. Citamos
textualmente o
relatório, cujo original
se acha em nosso poder:
“A 13 de janeiro de
1899, doze pessoas se
haviam reunido em casa
do Sr. David, à praça
Corps-Saints nº 9, em
Avignon, para a sessão
hebdomadária de
Espiritismo.
Após um instante de
recolhimento, vimos a
médium, a Sra. Gallas,
em estado de transe,
voltar-se para o lado do
Sr. Abade Grimaud e lhe
falar na linguagem dos
sinais empregados por
certos surdos-mudos. Sua
volubilidade mímica era
tal que foi preciso
pedir ao Espírito que se
comunicasse mais
devagar, o que
imediatamente fez. Por
precaução, cuja
importância vai ser
apreciada, o Sr. Abade
Grimaud limitava-se a
enunciar as letras, à
medida que eram
transmitidas pela
médium. Como cada letra
insulada nada significa,
era impossível, mesmo
que o tivéssemos
querido, interpretar o
pensamento do Espírito;
e só no fim da
comunicação foi que
ficamos conhecendo o seu
conteúdo, após a leitura
dela por um dos membros
do grupo encarregado de
registrar os caracteres.
Ao demais, a médium
empregou um duplo
método: o que consiste
em enunciar todas as
letras de uma só
palavra, para
indicar-lhes a
ortografia, única forma
perceptível à vista, e o
que enuncia a
articulação sem se
preocupar com a forma
gráfica, método
inventado pelo Sr.
Fourcade, e que só é
usado no Instituto dos
Surdos-mudos de Avignon.
Estes pormenores são
fornecidos pelo Abade
Grimaud, diretor e
fundador do
estabelecimento.
A comunicação, relativa
à obra de excelsa
filantropia a que se
dedicou o Sr. Abade
Grimaud, estava
assinada: ‘Irmão
Fourcade, falecido em
Caen.’ Nenhum dos
assistentes, com exceção
do venerável sacerdote,
conheceu nem podia
conhecer, quer o autor
dessa comunicação, posto
que ele tivesse passado,
há trinta anos, algum
tempo em Avignon, quer o
seu método.”
855. Subscreveram o
relatório os membros do
grupo que assistiram à
sessão: Toursier,
diretor aposentado do
Banco de França; Roussel,
mestre de música do 58º;
Domenach, tenente do
58º; David, negociante;
Bremond, Canuel, Sras.
Toursier, Roussel,
David, Bremond. Junto ao
relatório vinha o
seguinte atestado:
“Eu, abaixo assinado,
Grimaud, padre,
diretor-fundador do
Instituto dos enfermos
dos órgãos vocais,
surdos-mudos, gagos e
crianças anormais em
Avignon, certifico a
absoluta exatidão de
tudo o que acima é
referido. Devo dizer, em
testemunho da verdade,
que estava longe de
esperar semelhante
manifestação, da qual
compreendo toda a
importância, no ponto de
vista da realidade do
Espiritismo, de que sou
fervoroso adepto. Não
tenho a menor dúvida em
o declarar publicamente.
Avignon, 17 de abril de
1899.
(assinado) Grimaud,
padre.”
(Continua no próximo
número.)