Socialismo e Espiritismo
Léon Denis
(Parte
8)
Continuamos a apresentar o
estudo do clássico
Socialismo e Espiritismo,
de Léon Denis, com base
na tradução
de
Wallace Leal V.
Rodrigues, publicada
pela Casa Editora O
Clarim.
Questões preliminares
A. Por que há tanta dor
e sofrimento no mundo em
que vivemos? |
A vida é um cadinho em
que a substância da alma
se afina, em que todas
as suas partes se fundem
sob o fogo das provas e
onde se realiza a divina
alquimia da sua
transformação. É preciso
esta lenta purificação
dos séculos para fazer
da alma primitiva,
brutal e selvagem um ser
renovado. É essa a
finalidade da vida, de
todas as vidas; aí está
o papel que incumbe à
Terra na cadeia dos
mundos. O sofrimento é a
lei dos mundos
inferiores, lei grave e
austera, porém profunda
em suas finalidades. Mas
a fonte de nossos males
reside em nós mesmos.
(Socialismo e
Espiritismo, pp. 114 e
115.)
B. Chegam ainda ao
planeta Terra Espíritos
grosseiros com o
objetivo de educar-se?
Sim. Chegam, sem cessar,
a nós, dos planos
inferiores, contingentes
de almas ainda
grosseiras que vêm
procurar educar-se na
esfera terrestre. Eis
por que o nível moral do
planeta muda tão
lentamente. Herdam-se
trabalhos de gerações
passadas e não se herdam
virtudes que permanecem
individuais. Essa,
aliás, é a razão por que
é preciso trabalhar
acima de tudo na
educação do povo, se
quisermos melhorar a
sorte da Humanidade.
(Obra citada, pág. 116.)
C. Onde reside o ponto
fraco do Socialismo?
Toda obra humana, para
ser bela, grande,
durável, deve ser como
um reflexo, como uma
imagem reduzida da obra
eterna. Ora, é aí que
reside o ponto fraco do
Socialismo, a causa de
seus insucessos, cada
vez que ele quer passar
teorias e sistemas
diversos a uma
realização prática, a
uma organização viva. É
que o Socialismo cuida
muito pouco das leis
superiores e do fim real
da vida, que é uma
finalidade de evolução e
aperfeiçoamento. Ele se
preocupa muito com o
corpo material, que é
passageiro, e muito
pouco com o Espírito,
que é imortal.
(Obra citada, pág. 122.)
Texto
para leitura
81. Pergunta-se por
vezes qual é o fim de
tantas vidas obscuras,
atormentadas,
laboriosas, que
constituem a maioria em
nosso mundo. Por que
tantas dores,
dilaceramentos e
lágrimas? A vida é um
cadinho em que a
substância da alma se
afina, em que todas as
suas partes se fundem
sob o fogo das provas e
onde se realiza a divina
alquimia da sua
transformação. É preciso
esta lenta purificação
dos séculos para fazer
da alma primitiva,
brutal e selvagem um ser
renovado. (Pág. 114)
82. Há na alma humana
uma força divina que a
evolução, através dos
tempos, faz despertar,
preparando-a para
tarefas mais altas. É
essa a finalidade da
vida, de todas as vidas;
aí está o papel que
incumbe à Terra na
cadeia dos mundos. A
vida não se cria nem se
desenvolve senão através
do sofrimento. É preciso
sofrer para subir,
engrandecer-se,
depurar-se, abrir a alma
a todas as sensações
delicadas. O sofrimento
é a lei dos mundos
inferiores, lei grave e
austera, porém profunda
em suas finalidades. Mas
a fonte de nossos males
reside em nós mesmos.
(Págs. 114 e 115)
83. As almas
suficientemente
evoluídas, quando deixam
a Terra, vão quase todas
viver em mundos
melhores, enquanto que
chegam, sem cessar, a
nós, dos planos
inferiores, contingentes
de almas ainda
grosseiras que vêm
procurar educar-se na
esfera terrestre. Eis
por que o nível moral do
planeta muda tão
lentamente. Herdam-se
trabalhos de gerações
passadas e não se herdam
virtudes que permanecem
individuais. Essa,
aliás, é a razão por que
é preciso trabalhar
acima de tudo na
educação do povo, se
quisermos melhorar a
sorte da Humanidade.
(Pág. 116)
84. A reforma do
indivíduo deve conduzir
à reforma social, de
maneira a que tudo
triunfe no homem e sobre
si mesmo e sobre aqueles
que o cercam. É
trabalhando pela
elevação dos outros que
trabalhamos mais
eficazmente para elevar
a nós mesmos. (Pág.
116)
85. Notemos, contudo,
que a noção de
fraternidade não implica
a de igualdade. Entre as
doutrinas sociais
correntes, esta é uma
das mais contestadas.
Não há igualdade na
natureza e igualmente
não o há na Humanidade.
No Além, os seres são
hierarquizados segundo
seu grau evolutivo. As
teorias revolucionárias,
que pretendem tudo
nivelar por baixo,
cometem ao mesmo tempo
um erro monstruoso e um
crime. Seria mais
conforme à lei universal
de progresso estabelecer
instituições que
contribuam para
facilitar a ascensão do
homem designando-lhe uma
finalidade sempre mais
elevada. (Págs. 117 e
118)
86. É legítimo que todos
os homens aspirem ao
bem-estar material,
tanto quanto às alegrias
do espírito e às do
coração, mas é sobretudo
graças à ação moral que
se chegará a melhorar
nossas instituições e a
aperfeiçoar a ordem
social. (Pág. 118)
87. Em sua juventude,
Denis diz ter se
interessado pela ideia
da constituição das
cooperativas operárias
de produção e
participado de seus
trabalhos. Mais tarde,
quando se dedicou à
propaganda do
Espiritismo, dirigiu-se
de preferência às massas
trabalhadoras. A
receptividade foi tão
boa que Denis escreveu:
“Se se quiser saber
quanto pode o
Espiritismo sobre o
público de
trabalhadores, pode-se
medir sua vasta extensão
entre os mineiros da
bacia de Charleroi”.
Feita esta observação,
ele advertiu: “Ao invés
da luta de classes,
trabalhemos, pois, em
sua fusão preparando os
materiais das cidades
futuras feitas de
justiça e de harmonia.
Nisso o Espiritismo nos
ajudará em nos ensinando
que a condição dos
humildes pode se tornar
a nossa um dia e que a
alma deve renascer em
meios diferentes para aí
realizar sua educação”.
(Págs. 118 e 119)
88. À medida que o
Espírito se ergue na
escala dos mundos, a
matéria se torna mais
sutil, o trabalho mais
fácil, as necessidades
menos imperiosas. O
Espírito penetra então
no seio das sociedades
mais perfeitas e mais
felizes e aí goza de
prazeres espirituais
reservados às almas
purificadas. (Pág.
121)
89. Toda obra humana,
para ser bela, grande,
durável, deve ser como
um reflexo, como uma
imagem reduzida da obra
eterna. As instituições,
as regras, as leis
sociais devem
inspirar-se no grande
plano geral da ordem do
Universo. Ora, é aí que
reside o ponto fraco do
Socialismo, a causa de
seus insucessos, cada
vez que ele quer passar
teorias e sistemas
diversos a uma
realização prática, a
uma organização viva. É
que o Socialismo cuida
muito pouco das leis
superiores e do fim real
da vida, que é uma
finalidade de evolução e
aperfeiçoamento. Ele se
preocupa muito com o
corpo material, que é
passageiro, e muito
pouco com o Espírito,
que é imortal. (Pág.
122)
90. As instituições que
não estejam em harmonia
com os princípios
eternos destinam-se a
perecer. O Socialismo
deve, pois, antes de
tudo, agrupar o conjunto
das forças e dos
conhecimentos, de
maneira a dar um impulso
mais vivo à evolução do
homem durante sua
jornada na Terra. O
verdadeiro Socialismo
consistiria, assim, em
estudar e observar as
leis e a harmonia
universais, a fim de
realizar tanto quanto
possível no meio
terrestre as qualidades
do coração. Só então é
que cada indivíduo terá
adquirido a saúde
perfeita da alma e do
corpo e a dominação de
si mesmo. Quando a
coletividade tiver
tomado plena consciência
de seus deveres e de sua
destinação é que a
Humanidade avançará com
um passo mais seguro na
via do bem. Até lá é
preciso esperar por
provas e catástrofes,
males de toda a sorte,
pois existe correlação
em todas as coisas, e a
desordem dos espíritos
leva à desordem da
natureza e da sociedade.
(Págs. 122 e 123)
91. Aos que objetam que
a massa humana é ainda
pouco apta à compreensão
das altas verdades,
dizemos que a hora das
renovações parece que se
aproxima. Em meio às
vicissitudes de nosso
tempo conturbado, fatos
significativos se
produzem e a despeito
dos males do século
vê-se manifestar por
toda a parte uma vontade
de viver, de saber, de
progredir, que constitui
uma garantia certa da
restauração moral e da
evolução humana.
(Pág. 123)
(Continua no próximo
número.)