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Estudando as obras de Kardec
Ano 4 - N° 185 - 21 de Novembro de 2010

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1867

Allan Kardec 

(Parte 12)

Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1867. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Que é que o Sr. Jacob, famoso médium curador contemporâneo de Kardec, dizia a respeito das curas que fazia?

Primeiramente, o Sr. Jacob dizia que não podia curar todas as pessoas e jamais afirmou que tal ou tal doença seria curável, visto que, pelo fato de curar uma pessoa de tal enfermidade, não se segue que pudesse curar a mesma doença em outras pessoas, porquanto as condições fluídicas, segundo ele, não eram mais as mesmas. (Revue Spirite de 1867, pp. 312 a 317.) 

B. Que lições transmitiu o Abade Príncipe de Hohenlohe (Espírito) sobre o sofrimento e suas causas?

O Espírito do conhecido Abade, cujas curas o tornaram famoso na Europa, comunicou-se em Paris em março de 1867, ocasião em que fez importantes considerações acerca da mediunidade de cura. Acerca do sofrimento que acomete os enfermos, disse que ele tem quase constantemente uma causa mórbida imaterial que reside no estado moral do Espírito. Assim, se o médium curador só ataca o efeito, e a causa primeira persiste, o efeito pode reproduzir-se, quer sob a forma primordial, quer sob qualquer outra aparência. Aí está uma das razões pelas quais tal doença, subitamente curada pela influência de um médium, reaparece com todos os seus acidentes, desde que a influência benéfica se afaste. Para evitar essas recidivas, é preciso que o remédio espiritual ataque o mal em sua base, como o fluido material o destrói em seus efeitos: numa palavra, é preciso tratar ao mesmo tempo o corpo e a alma. (Obra citada, pp. 317 e 318.)

C. O Espiritismo admite o acaso?

Não. Reportando-se a uma carta recebida do Sr. Bonnemère, Kardec foi bastante claro: o Espiritismo não admite o acaso nem o sobrenatural nos acontecimentos da vida. Fora, pois, intencionalmente que os documentos citados pelo Sr. Bonnemère lhe haviam chegado às mãos, porque nas mãos do jovem bretão teriam, com certeza, ficado perdidos. Era preciso que alguém se encarregasse de os tirar da obscuridade. Ao Sr. Bonnemère, sugere o Codificador, coube essa missão. (Obra citada, pág. 335.)  

Texto para leitura 

150. A Revue transcreve reportagem publicada no Tour du monde, a respeito das curas realizadas por um curador tripolitano de nome Hassan, que curava usando o isqueiro e outras fórmulas que eram, na realidade, meros acessórios da faculdade curadora de que ele era dotado. O assunto foi tema de uma comunicação mediúnica assinada por Clélie Duplantier, obtida na Sociedade de Paris a 23 de fevereiro de 1867, na qual o Espírito diz que, no exercício da mediunidade curadora, podem apresentar-se dois casos distintos: ou o médium é curador por sua própria vontade, ou é o agente, mais ou menos passivo, de um motor extracorporal. (Págs. 308 a 311.)

151. No primeiro caso, só poderá agir se suas virtudes e sua força moral assim permitirem. O Cristo é a personificação suprema do curador e exemplo clássico desse grupo. Quanto ao curador que é apenas médium, sendo tão-somente um instrumento, pode ser mais ou menos defeituoso e os atos operados por seu intermédio não o impedem de ser imperfeito, egoísta ou orgulhoso. Constitui sinal de bondade da Providência permitir que essas faculdades se desenvolvam em meios e em pessoas imperfeitas. É um meio de lhes dar a fé que, mais cedo ou mais tarde, as conduzirá ao bem. “Não são os que têm saúde que precisam de médico”, afirmou Jesus. (Pág. 311.)

152. Num longo artigo sobre o Sr. Jacob, famoso médium curador contemporâneo de Kardec, a Revue reuniu sobre as atividades do músico zuavo as seguintes informações: I – As sessões realizadas pelo Sr. Jacob estão suspensas; era, por isso, inútil ir ao lugar onde elas se davam, na rua de la Roquette, em Paris. II – O motivo da suspensão foi o excessivo ajuntamento de pessoas, que dificultava a circulação numa rua muito frequentada e ocupada por grande número de industriais, que se viam impedidos em seus negócios. III – O Sr. Jacob não cura todo o mundo, como ele mesmo expressamente declara; só quando está diante do doente é que julga da ação fluídica e vê o resultado. IV – O Sr. Jacob não atende convites para ir a outras cidades, nem mediante indenização de suas despesas de viagem. Não podendo previamente responder pelos resultados, ele considera uma indelicadeza induzir pessoas em despesas sem certeza, mesmo porque, em casos de êxito, isso favoreceria a crítica. V – Ele também não cura por correspondência, nem diz que doenças são curáveis, porque pelo fato de curar uma pessoa de tal enfermidade não se segue que cure a mesma doença em outras pessoas, visto que as condições fluídicas não são mais as mesmas. VI – As notícias sobre as curas obtidas pelo Sr. Jacob em Paris tiveram ampla cobertura dos jornais, o que fez com que em quarenta e oito horas toda a França se inteirasse da novidade. VII – Passado o primeiro momento de surpresa, os adversários do Espiritismo, quando viram que o Sr. Jacob era paciente e de humor pacífico, começaram a atacá-lo. VIII – Ante as curas, os espíritas são os que testemunham menos surpresa, porque sabem qual é o mecanismo da mediunidade curadora. Os que ignoram a causa do fenômeno fazem inúmeras perguntas e há mesmo os que indagam se teríamos voltado aos tempos dos milagres. (Págs. 312 a 317.)

153. Em três comunicações sucessivas transmitidas em março de 1867 na Sociedade Espírita de Paris, o Abade Príncipe de Hohenlohe (Espírito) faz importantes considerações acerca da mediunidade de cura. Extraímos da primeira delas os pontos que se seguem: I – Todo o mundo possui mais ou menos a faculdade curadora, e se cada um quisesse consagrar-se seriamente ao estudo dessa faculdade, muitos médiuns que se ignoram poderiam prestar úteis serviços a seus irmãos. II – Restabelecer a saúde material é o menor dos serviços que a faculdade curadora está chamada a prestar. III – A faculdade curadora tem missão mais nobre e mais extensa. Se pode dar aos corpos o vigor da saúde, pode também dar às almas toda a pureza de que são suscetíveis, e é somente neste caso que poderá ser chamada curativa, no sentido absoluto da palavra. IV – O aparente efeito material, o sofrimento, tem quase constantemente uma causa mórbida imaterial que reside no estado moral do Espírito. Se o médium curador só ataca o efeito, e a causa primeira persiste, o efeito pode reproduzir-se, quer sob a forma primordial, quer sob qualquer outra aparência. V – Aí está uma das razões pelas quais tal doença, subitamente curada pela influência de um médium, reaparece com todos os seus acidentes, desde que a influência benéfica se afaste. VI – Para evitar essas recidivas, é preciso que o remédio espiritual ataque o mal em sua base, como o fluido material o destrói em seus efeitos: numa palavra, é preciso tratar ao mesmo tempo o corpo e a alma. VII – Para ser bom médium curador, é preciso que o corpo esteja apto a servir de canal aos fluidos materiais reparadores e que o Espírito possua uma força moral que não pode adquirir senão por seu próprio melhoramento. VIII – Para ser médium curador há, então, que se preparar para isto, não só pela prece, mas pela depuração de sua alma, a fim de tratar fisicamente o corpo pelos meios físicos e de influenciar a alma pela força moral. IX – Na questão de saúde moral há doentes por toda a parte e o dever do médico é ir a toda a parte onde o seu socorro é necessário. Devemos, pois, atender não somente os pobres, mas todos os que necessitem de atendimento, independentemente de sua condição social. (Págs. 317 e 318.)

154. Na segunda comunicação, o Príncipe de Hohenlohe reafirma seu conselho de que o tratamento moral e o tratamento físico dos doentes devem fundir-se em um só, aditando os motivos por que tal providência se impõe.  A mediunidade curadora pode, pois, comportar várias formas: A) Pode compreender unicamente o alívio material dos doentes e se dirige, então, aos encarnados. B) Pode compreender a melhora moral dos indivíduos e, neste caso, se dirige tanto aos Espíritos quanto aos homens. C) Pode compreender o melhoramento moral e o alívio material e, neste caso, tanto a causa quanto o efeito poderão ser combatidos vitoriosamente. “A mediunidade curadora abarca, assim e ao mesmo tempo, a saúde moral e a saúde física, o mundo dos encarnados e o mundo dos Espíritos”, asseverou o instrutor espiritual. (Pág. 319.)

155. Da terceira comunicação transmitida pelo Príncipe de Hohenlohe apresentamos, de forma resumida, os pontos que se seguem: I – Conforme o estado de nossa alma e as aptidões do nosso organismo, podemos, com a permissão de Deus, tanto curar as dores físicas quanto os sofrimentos morais, ou ambos. II – Nossas dúvidas a esse respeito provêm de nossas imperfeições; mas Deus não pede a perfeição, a pureza absoluta dos homens. Deus pede é que nos melhoremos, que façamos esforços constantes para nos purificarmos, e leva em conta nossa boa vontade. III – Desde que desejemos seriamente aliviar nossos irmãos, tenhamos confiança e esperemos que o Senhor nos conceda esse favor. IV – Atendamos a todos os doentes, sem fazer acepção de pessoas; todos, sejam ricos ou pobres, crentes ou incrédulos, bons ou maus, têm direito ao socorro. V – Não nos magoemos pelas recusas que encontrarmos. VI - Melhoremo-nos pela prece, pelo amor do Senhor e de nossos irmãos e não duvidemos da assistência que o Todo-Poderoso nos dará no exercício de nossa faculdade. (Págs. 320 e 321.)

156. No dia 16 de agosto, na Sociedade de Paris, o Sr. Morin, em estado de sonambulismo espontâneo, transmitiu uma sucessão de mensagens. A cada interlocutor que se apresentava, o médium mudava de tom, de atitude, de expressão, de fisionomia, e pela linguagem se reconhecia o Espírito que falava, antes que fosse nomeado. Depois de cada alocução, o médium ficava absorto durante alguns minutos; era o tempo de substituição de um Espírito por outro. (Pág. 321.)

157. Eis os pontos mais relevantes extraídos das comunicações transmitidas na sessão citada: I – A morte nada é. O atordoamento sobrevém, segue-se um esgotamento e ergo-me mais livre e feliz ao entrar neste mundo invisível, que minha alma havia pressentido. Vi, observei, e minha alegria delirante não era temperada senão pelo exagerado pesar dos meus. Mas hoje, que lhes pude provar a minha existência, sou feliz, muito feliz. (Leclerc.)  II – Para a alma que aspira à liberdade, como é longo o tempo na terra... Mas, também, uma vez partido o laço, com que rapidez o Espírito corre e voa para o reino celeste, que em vida via em sonhos e ao qual aspirava sem cessar! Agora não mais espero visitas dos que me são caros: vou visitá-los. (Ernestine Dozon.) III – Obrigado por vosso perdão sincero, obrigado por vossas preces, pelo interesse que me prodigalizastes e que abreviaram os meus sofrimentos! (D.) IV – Assisto aos vossos trabalhos com uma felicidade muito grande. Observo, estudo e posso ver os fluidos que em vão tinha procurado perceber em vida. E nessas moléculas fluídicas, átomos impalpáveis, distingo as diferentes forças propulsoras. Reúno, aglomero os fluidos simpáticos e vou, gratuitamente, despejá-los sobre os que deles necessitam. (E. Quinemant.) V – A despeito de todo o ardor até aqui empregado, no meio de vós e por vossos inimigos, contra as vossas boas intenções, vossa falange foi a mais forte e, se o mal fez algumas vítimas, é que a lepra já existia nelas. (São Luís.) VI – O cólera fere de novo a humanidade; seus efeitos são prontos e sua ação rápida. Sem nenhum aviso, o homem passa da vida à morte. Esse flagelo destruidor é simplesmente um dos meios para ativar a renovação humanitária, que se deve realizar. Mas não vos inquieteis: morrer é renascer. (Doutor Demeure.) (Págs. 321 a 326.)

158. Em carta dirigida a Kardec, o Sr. Bonnemère revela pormenores relacionados com a origem da obra Roman de l’Avenir - Romance do Futuro -, focalizado anteriormente pela Revue. O escritor confirma que, ao escrever o livro, não conhecia o Espiritismo e não possuía nenhuma obra sobre as questões tratadas no romance. O médium bretão – o verdadeiro responsável pelo livro – foi quem lhe forneceu os originais e explicou as condições em que os recebeu. “Quando devo servir de instrumento a algum dos amigos desaparecidos, seu nome ressoa em meu ouvido”,  disse-lhe o jovem bretão. “Se for um romance que devo escrever, para começar me vem o título, depois vêm os acontecimentos; às vezes é questão de um ou dois dias para o compor inteirinho.” (Págs. 327 a 329.)

159. Bonnemère argumenta, relativamente à origem mediúnica do livro: “Se um indivíduo que jamais abriu um livro de medicina escreve, sem ter consciência disso, remédios que podem curar, em muitos casos, a maioria dos males atualmente considerados incuráveis, parece-me incontestável que tais coisas lhe são reveladas por uma força desconhecida e misteriosa”. E, bastante seguro de si, conclui assim a carta: “Aqui pode haver um mistério, mas afirmo que não há mistificação. Se sou mistificado, restar-me-ão sempre os cento e tantos romances e novelas desse romancista sem o saber, cuja publicação vai ocupar agradavelmente os lazeres dos últimos anos de minha vida, e dos quais deixarei a maior parte para outros depois de mim”. (Págs. 331 e 332.)

160. Comentando o caso, Kardec recorda que existem médiuns inconscientes e médiuns conscientes. A primeira categoria, à qual pertence o jovem bretão citado pelo Sr. Bonnemère, é a mais numerosa e quase geral, a ponto de se poder dizer que em 100 pessoas 90 são dotados dessa aptidão em graus mais ou menos ostensivos. O Romance do Futuro era, sem dúvida, uma obra mediúnica do jovem bretão e o Sr. Bonnemère agiu corretamente por ter declinado a sua paternidade. (Pág. 333.)

161. Um único reparo é feito por Kardec à carta do Sr. Bonnemère: quando ele se felicita pelo acaso que lhe pôs em mãos os documentos fornecidos pelo médium bretão. O Espiritismo não admite o acaso nem o sobrenatural nos acontecimentos da vida. Foi, pois, intencionalmente que aqueles documentos lhe haviam chegado, porque nas mãos do jovem bretão teriam, com certeza, ficado perdidos. Era preciso que alguém se encarregasse de os tirar da obscuridade. Ao Sr. Bonnemère, sugere o Codificador, coube essa missão. (Pág. 335.)

162. Finalizando sua análise, Kardec lembra que o objetivo providencial da manifestação dos Espíritos é atestar a sua existência, provar ao homem que nem tudo acaba para ele com a vida corporal e instruí-lo sobre sua condição futura. (Pág. 336.)

163. A Revue reproduz notícia sobre o cura Gassner, publicada no jornal L’Exposition populaire illustrée. Nascido em 1727, Jean-Joseph Gassner, após quinze anos de sua ordenação sacerdotal, revelou-se ao mundo como dotado de um poder excepcional: o de curar as doenças pela simples aposição das mãos, sem empregar nenhum remédio nem exigir remuneração. O corpo médico ergueu-se contra ele, e também alguns bispos da Igreja assim agiram. Constrangido a submeter-se a um inquérito determinado pelo bispo de Constança, Gassner disse que as doenças podiam ser divididas em três grupos: 1) doenças naturais ou lesões. 2) doenças de obsessões. 3) doenças complicadas de obsessões. Gassner morreu em 1779, aos 52 anos de idade. (Págs. 336 e 337.)

164. Em artigo publicado em seguida, a Revue refere diversos fatos concernentes a pressentimentos e prognósticos extraídos da reportagem sobre o cura Gassner.  (Págs. 338 a 342.) (Continua no próximo número.)



 


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