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Ano 3 - N° 117 – 26 de Julho de 2009

JOSÉ CARLOS MONTEIRO DE MOURA
jcarlosmoura@terra.com.br
Belo Horizonte, Minas Gerais (Brasil) 

 


A divindade de Jesus

Nos relatos dos quatro evangelistas não existe uma só palavra
que autorize ou justifique a ideia de que Jesus seja Deus.
Ele sempre se colocou na condição de seu filho, ressaltando
que também nós participamos dessa situação

 
“Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis por ter dito: Vou para o Pai; porque o
Pai é maior do que eu.” –
João, 14:28.
 

Já perdemos a conta das vezes em que temos ouvido, nas preces iniciais ou de encerramento de trabalhos e atividades de inúmeras Casas Espíritas, o responsável por elas, depois de longas explanações que acabam por se transformar em autênticas e extemporâneas palestras, a recitação piedosa e compungida da Ave Maria, com inconfundível ênfase para a parte que diz: Santa Maria, mãe de Deus. 

Infelizmente, talvez em face de nossa indigência espiritual, refletida numa manifesta intolerância por tudo aquilo que constitui herança da Igreja, causa-nos o maior mal-estar e mesmo irritação algo que foi longa e exaustivamente refutado por Allan Kardec, com base nas palavras de Jesus, extraídas do próprio texto evangélico.  

Ademais, contém um absurdo incomensurável e que atenta contra a mais rudimentar lógica: a maternidade divina! Não obstante, ele constitui um dos dogmas da Igreja e sobre ele, à custa de ferro e sangue, juntamente com outras aberrações dogmáticas, a Igreja construiu sua coercitiva teologia, inteiramente distante e diferente de tudo aquilo que Jesus pregou e vivenciou. 

A deificação de Jesus não passa de uma cópia mal acabada das crenças e tradições das religiões primitivas, entre as quais se colocam aquelas que faziam parte dos costumes hebraicos. Os judeus trouxeram do cativeiro a ideia de que os filhos dos deuses ou até mesmo os deuses, depois de gerados por virgens e fecundados pela própria divindade, costumavam viver entre os homens (aí reside a principal explicação para o dogma da imaculada conceição). Admitiam, também, a comunicação direta entre Deus e os homens, fato que se dava através do que chamavam de um espírito santo. 

Além dessas duas crenças, inúmeras outras foram absorvidas pelo Cristianismo, dentro de uma estratégia muito mais política do que religiosa, visando, sobretudo, conciliar os interesses do Catolicismo nascente com o poder constituído. Começava, assim, o cesarismo romano e a Igreja passava, segundo Emmanuel, a estar, no decurso dos séculos, sempre com César.  

Em 325, no Concílio de Niceia, a divindade de Jesus já havia sido adotada, mediante violência e ameaça
de excomunhão
 

O Cristianismo – leia-se Catolicismo – acolheu de braços abertos as diversas trindades existentes  em  quase   todas   as

religiões do  passado, das quais a mais conhecida é a Trimurti Brâmane, composta de Brama, Vishnu e Siva, que convivia com as da Acádia (Sin, Shamash e Istar), de Mâri (Anat, Dagan e Addu), da Suméria (An, En-Lil e En-Ki), da Babilônia (Marduk (Baal) Shamash e Adad), da China (Fu, Lo e Cho) e da Cananeia (Baal, Vam e Môt). 

Elas foram convenientemente adaptadas nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensejando a criação do dogma da Santíssima Trindade, o que ocorreu no Concílio de Constantinopla I, realizado em 381 sob a tutela de Teodósio I. 

Anteriormente, em 325, no Concílio de Niceia, a divindade de Jesus já havia sido adotada, mediante violência e ameaça de excomunhão. Na oportunidade, foi formalmente condenado o arianismo, seita fundada por Ário, sacerdote de Alexandria, cuja principal divergência com os teólogos católicos era a negação da natureza divina do Messias.  Sustentava ele que o filho teria que, naturalmente, ser inferior ao pai, razão por que Jesus era inferior e distinto de Deus. Para a Igreja Romana, a questão era e é de fundamental importância. A sua negativa implica, segundo seus doutores, um profundo abalo na sua doutrina. Em sua HISTÓRIA DA IGREJA (Liv. José Olympio Editora, 1954, p. 43), o Padre Álvaro Negromonte – um dos mais intransigentes teólogos brasileiros do século passado - insurge-se contra o "astucioso herege” (Ário) e afirma que sua concepção “destruía os próprios fundamentos do Cristianismo: a Trindade, a Eucaristia, a Redenção". Todavia, paradoxalmente, esse pilar do Cristianismo de Roma somente foi acatado por 300 dos 2.084 prelados que compareceram ao aludido concílio... 

Nos relatos dos quatro evangelistas não existe uma só palavra que autorize ou justifique a ideia de que Jesus seja Deus. Ele sempre se colocou na condição de seu filho, ressaltando ainda que também nós participamos dessa situação. Jamais afirmou, admitiu ou insinuou uma outra espécie de relação, e em suas palavras e ações não se encontra qualquer indício de uma possível identidade física (melhor seria identidade ontológica) com Deus. Tudo não passa, pois, de mera e fantasiosa criação humana.  

Se Jesus fosse realmente Deus, não teria rejeitado o qualitativo de bom, por se tratar de um atributo
próprio da Divindade

Em OBRAS PÓSTUMAS (pp. 126 a 138), Kardec teve o cuidado de enumerar cento e vinte sete passagens evangélicas que infirmam, explícita ou implicitamente, a divindade de Jesus. Cento e vinte e três se referem a episódios ocorridos durante a sua vida, e quatro, a fatos verificados após a sua morte.  

Esses textos dos Evangelhos estão distribuídos da seguinte maneira: 24 (vinte e quatro) em Mateus; 12 (doze) em Marcos; 20 (vinte) em Lucas e 67 (sessenta e sete) em João. (Veja o apêndice.) 

Alguns são de uma clareza tão evidente que até aqueles dotados de uma inteligência pouco desenvolvida não sentem qualquer dificuldade em compreendê-los perfeitamente. Como exemplo, poderíamos invocar os capítulos 19:16 e 17, de Mateus, 10:17 e 18, de Marcos, e 18:18 e 19, de João, cujos conteúdos são praticamente idênticos, contendo apenas ligeiras diferenças na redação: - “E eis que, aproximando-se dele um mancebo, disse-lhe: Bom Mestre, que farei para conseguir a vida eterna? E ele disse-lhe: Por que me chamas de bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos”.    

A resposta dada por Jesus à expressão Bom Mestre enseja algumas conclusões, a saber:

Primeira: A certeza da unicidade de Deus, afirmada peremptoriamente. Em linguagem ainda mais simples, Ele disse: Só Deus é bom. Não existe outro bom. Eu não sou Deus, logo não sou bom;

Segunda: Se Jesus fosse realmente Deus, não teria rejeitado o qualitativo de bom, por se tratar de um atributo próprio da Divindade, principalmente se se levar em conta que Ele, por mais de uma vez, destacou a imperiosa necessidade de sim ser sempre sim e o não, sempre não;

Terceira: A inferioridade natural do Filho (Jesus) em relação ao Pai (Deus), situação que a trindade santa não acata.  

Jesus é para o homem o modelo de perfeição moral
 que a Humanidade pode pretender sobre a Terra

Poder-se-ia alinhar uma série de outras afirmativas em que Jesus põe em relevo a sua inferioridade em relação a Deus. Esse fato exclui qualquer semelhança, identificação ou confusão entre Deus, Pai e Criador, e Jesus, filho e criatura, não obstante o seu superlativo grau de evolução espiritual, principalmente se levarmos em conta que, se alguma coisa é inferior a outra, elas não podem ser iguais.  

Na questão no. 625 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a Espiritualidade esclarece que Jesus foi “o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e de modelo” e Allan Kardec, em seus comentários à resposta, propôs à nossa reflexão as seguintes considerações: - “Jesus é para o homem o modelo de perfeição moral que a Humanidade pode pretender sobre a Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do espírito divino e foi o ser mais puro que apareceu sobre a Terra. Se alguns daqueles que pretenderam instruir o homem na lei de Deus, algumas vezes a extraviaram por meio de falsos princípios, foi por se deixarem dominar, eles mesmos, por sentimentos muito terrestres e por terem confundido as leis que regem as condições da alma com aquelas que regem a vida do corpo. Vários deram como leis divinas o que não eram senão leis humanas criadas para servir às paixões e dominar os homens”.  

Jesus, na verdade, em face de sua elevadíssima postura espiritual, estava animado do espírito divino, mas isso não significa nem autoriza a conclusão de que era o próprio Deus! É hora, pois, de os verdadeiros espíritas abandonarem a igrejeira e atávica herança reencarnatória de atribuírem à Maria de Nazaré a estapafúrdia condição de mãe de Deus. Prece mesmo, só existe uma, aquela que Jesus nos ensinou: O Pai Nosso. Todas as outras não passam de fruto da imaginação humana e quase todas se caracterizam muito mais pelo interesse e atrasado imediatismo das ações dos homens, quando não integram o seu folclore. 

Apêndice 

Textos evangélicos que negam a divindade de Jesus, explícita ou implicitamente 

(Dados retirados do livro OBRAS PÓSTUMAS)
 

1 - DURANTE SUA VIDA
 

Mateus

Marcos

Lucas

João

Cap.

versículos

Cap.

versículos

Cap.

versículos

Cap.

versículos

10

32 e 33

9

7 e 37

9

26 e 48

5

16 e 17;   22 a 27;

30; 36 a 38

19

16 e 17

10

17 e 18

10

16

6

38

20

23

12

35 a 37

12

8 e 9

7

16 a 18; 23

22

41 a 45

13

32

18

19

8

16; 25 e 26; 28 e 29; 38; 40 a 42

24

35 e 36

14

34 a 36

20

41 a 44

10

17 e 18; 29 a 38

25

31 a 34

15

34

22

28 a 30; 40 a 44

11

41 e 42

26

39 e 42

 

 

23

46

12

49 e 50

 

 

 

 

 

 

14

10; 20 e 24; 30 e 31; 38

 

 

 

 

 

 

15

10

 

 

 

 

 

 

17

1 a 5; 11 a 14; 17 a 26


2 - APÓS SUA MORTE
 

Mateus

Marcos

Lucas

João

Cap.

versículos

Cap.

versículos

Cap.

versículos

Cap.

Versículos

28

18

24

48 e 49

 

20

17

-

-

 


 

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