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Ano 2 - N° 65 - 20 de Julho de 2008

ORSON PETER CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo (Brasil)
 

Eliseu Mota Júnior: 

“É urgente a atualização da casa espírita” 

Temas atuais e importantes na visão de um
professor universitário, advogado e
promotor de Justiça aposentado

Natural de Franca (SP), onde também reside, autor de vários livros e espírita há 25 anos, vice-reitor do UNIVEM - Centro Universitário Eurípides de Marília, mantido pela Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha, entidade espírita de Marília (SP), e articulista da Revista Internacional de Espiritismo (RIE), nosso entrevistado, Eliseu Mota Júnior (foto), é orador requisitado em todo o Brasil e traz lúcidas respostas a temas importantes da atualidade.  

O Consolador:  Quais  são  seus livros

publicados?  

Pena de morte e crimes hediondos à luz do Espiritismo, Aborto à luz do Espiritismo e Que é Deus? (os três publicados pela Casa Editora O Clarim, de Matão, SP) e Direito autoral na obra psicografada (dissertação de Mestrado pela UNESP de Franca, publicado pela Editora A Nova Era, de Franca, SP). 

O Consolador: Seu livro Que é Deus? obteve excelente aceitação dentro e fora do meio espírita. Constituindo-se numa abordagem repleta de pesquisas e estudando um dos princípios fundamentais do Espiritismo, a obra ensejou permanentes viagens com a mesma temática. O tema Deus continua ainda a despertar interesse? Por quê? 

Esse tema continua - e acho que continuará - despertando interesse, dentro e fora do movimento espírita. Este ano (2008), por exemplo, já o abordei em dois grandes eventos no Brasil (Porto Seguro e Itabuna, na Bahia) e uma no exterior (Porto Rico), devendo retornar à Bahia (Barreiras), para outra palestra sobre o mesmo assunto. Creio que a razão, como sempre, é a dificuldade para entender Deus e seus atributos, o que procuro fazer de maneira simples, a fim de que todos possam entender a mensagem. 

O Consolador: Das outras obras, especialmente a que trata do aborto, que repercussões marcantes podem ser relatadas?   

O ensaio sobre o aborto, gostaria de revelar agora, foi uma homenagem que procurei prestar às mulheres em geral, mas sobretudo para aquelas envolvidas com uma gravidez indesejada. Acredito que é uma situação complicada, porque a decisão final deverá ser exclusivamente dela: abortar ou dar à luz um filho não esperado? Por isso, se porventura esse modesto livro ajudar uma só mulher a não abortar, creio que todo o trabalho para a sua elaboração estará pago! 

O Consolador: Existem outras obras inéditas ou em andamento para futura publicação?  

Estou tentando concluir um livro, há cerca de dez anos, sobre os fenômenos psicossomáticos à luz do Espiritismo, mas a pesquisa ainda deverá prosseguir. Isto porque o assunto é complexo, a bibliografia é extensa e o tempo é curto.  

O Consolador: A temática de embriões congelados e células-tronco tem ocupado a mídia nacional e internacional. O que podemos dizer sobre o tema na visão espírita? 

Eis aí um tema que só é polêmico por falta de maior atenção. De fato, a Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005), em seu artigo 5º, permite a utilização, para fins de pesquisa e terapia, de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, desde que sejam embriões inviáveis, ou congelados há 3 (três) anos ou mais, sempre com o consentimento dos genitores. Além disso, as instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em pesquisa. O ex-Procurador Geral da República, alegando suposta violação do direito à vida desses embriões, ajuizou uma ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, que decidiu pela constitucionalidade da lei. Em minha opinião, a lei, de fato, não é inconstitucional e, observadas todas as suas exigências, não vejo como proibir as pesquisas com esses embriões, que, do contrário, serão jogados na lixeira. 

O Consolador: Sua coluna Ponto de Vista, na Revista Internacional de Espiritismo, também tem despertado grande interesse. Quais as motivações e critérios para sua elaboração? 

Normalmente, sou motivado pela agenda que está na ordem do dia da opinião pública, procurando sempre abordar o assunto também do ponto de vista espírita. 

O Consolador: Qual sua visão sobre os temas polêmicos vigentes no movimento espírita? 

São vários, porém alguns deles, mais do que polêmica, envolvem preconceitos e opiniões que não estão atualizadas. Isto é mais evidente nos assuntos relativos aos costumes e às pesquisas científicas, como acontece, por exemplo, com a sexualidade e com a já mencionada questão das células-tronco embrionárias. Acredito que o espírita tem de tolerar as mudanças morais e éticas, bem como acompanhar o progresso da ciência, como sempre recomendou Allan Kardec, que tinha como divisa a trilogia trabalho, solidariedade e tolerância

O Consolador: E os temas polêmicos em andamento na sociedade brasileira? 

Além daqueles acima citados, a sociedade brasileira enfrenta muitos problemas com os políticos, sobretudo em anos eleitorais, quando muitos deles levam às últimas conseqüências a necessidade da sua eleição ou reeleição. Acho que até Maquiavel ficaria assustado com a política brasileira, e teria de rever alguns conceitos que estão na sua obra O Príncipe. Além disso, a educação moral das nossas crianças e jovens está abandonada, com pais e mães trabalhando fora, sem a necessária atenção para com os filhos. O resultado dessa omissão não poderia ser mais desastroso: atividade sexual precoce, abortos, crianças desamparadas, drogas, criminalidade infanto-juvenil cada vez mais violenta e outros malefícios familiares e sociais que seria fastidioso enumerar. 

O Consolador: Dentre os aspectos da Doutrina Espírita, qual lhe chama mais a atenção? Por quê? 

Dentro do possível, procuro estudar a Doutrina Espírita sob todos os aspectos. Entretanto, o aspecto filosófico é o que mais tem merecido minha atenção, talvez por causa da minha formação humanista.  

O Consolador: Em suas palestras, qual o tema mais solicitado?  

Sem a menor sombra de dúvida, o tema "Deus" é o mais solicitado, já tendo, inclusive, retornado mais de uma vez à mesma cidade, para nova abordagem, quase sempre para fins de gravação. Mais recentemente, com o avanço dos recursos audiovisuais, tenho sido convidado para seminários sobre as obras básicas, sobretudo O Livro dos Espíritos, O Céu e o Inferno e A Gênese, cuja publicação da primeira edição completou 140 anos no início de 2008. Não por acaso, a polêmica está acirrada entre as teorias do criacionismo e do evolucionismo, de forma que achei interessante estudar um pouco mais a fundo essa obra da codificação espírita. Quanto ao movimento espírita e respectivas instituições, creio que a maioria está seguindo a orientação de Kardec: acompanhar o progresso científico, procurar o autoconhecimento, buscar a transformação moral para melhor e combater as más inclinações. 

O Consolador: Há uma receita para incentivar de maneira eficiente o estudo do Espiritismo? 

Há várias. Uma delas, por exemplo, é a urgente atualização da casa espírita, tanto no que se refere ao método de abordagem dos temas, quanto ao emprego da tecnologia. De fato, é inadmissível que o espírita da atualidade, acostumado com informática de ponta no seu trabalho, na escola e mesmo em casa, chegue ao Centro Espírita e seja obrigado a ouvir sermões dinossáuricos! Por causa disso, tenho notado que o freqüentador da casa espírita está envelhecendo, com 50 anos ou mais, porque os jovens foram se afastando dali, atraídos pelos apelos consumistas.  

O Consolador: Suas palavras finais. 

Estou honrado e grato pelo ensejo de expressar a minha opinião sobre as questões aqui apresentadas, por sinal muito bem elaboradas. Espero que os espíritas brasileiros não deixem de estudar, em primeiro lugar e acima de tudo, as obras básicas da codificação espírita, relegando para mais tarde os romances e os livros de auto-ajuda. Além disso, é preciso resgatar a bandeira espírita de que fora da caridade não há salvação, com a ressalva de que caridade, segundo entendia Jesus (LE, 886), é benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias e perdão das ofensas.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita