O cansaço do transgressor
Há muita gente por aí fazendo coisa feia, se
locupletando na barbárie, exteriorizando o que tem de
pior dentro de si, em prejuízo de tantos, e
principalmente de si mesma.
Essas pessoas acham que estão se dando bem, mas uma hora
vão cansar, vão se sentir esgotadas por empregarem tão
mal o seu tempo. Muitas se esquecem de que há uma
infinidade de atos condenáveis que, se não tão graves
quanto matar ou roubar, nem por isso deixam de ter
consequências.
Vejo com muita tristeza a banalização, a naturalização
do mal em suas múltiplas expressões. Pessoas se
acomodando à mentira e dissimulação, sem perceber que
vulgarizam formas de agredir o bom senso, a
racionalidade, a urbanidade. E sem perceber também que
normalizando o anormal estão expondo a si mesmas. “E,
coisa curiosa, (o homem) parece criar de propósito os
tormentos, que só a ele cabia evitar” (1).
Às vezes, só o fato de não entenderem o que leram, viram
ou ouviram já é suficiente para sacarem a metralhadora
da agressão. Contudo, não só a imaturidade é a causa de
absurdos. Há ainda os interesses tolos e não refletidos
que acionam a perseguição e o ódio, gerando ações
lamentáveis.
Mas, se o transgressor habitual estiver no seu limite de
cansaço, exausto devido ao acúmulo de energias pesadas
e, “por acaso”, cruzar com uma frase, uma ideia
altruísta, otimista, um gesto construtivo, quem sabe se
não para um pouco para pensar!? Quem sabe se não vira
a chavinha!? Isso não é regra geral, mas
acontece com muitos.
Por isso, de minha parte, insisto no bem que me é
possível realizar, mesmo nas coisas miúdas. E se a minha
atitude positiva chegar a alguma pessoa, que bom! Se ela
souber de algo que fiz nesse sentido, quem sabe se não
poderá sentir-se tocada no seu lado fraco,
desequilibrado!
Não se trata de soberba ou atitude piegas de minha
parte. Trata-se de sugerir que as pessoas se afeiçoem,
como eu tenho procurado fazer, àqueles que desde sempre
têm deixado na Terra suas marcas de amor e
solidariedade. E
procurem imitar seus exemplos. Precisamos melhorar as
energias que emitimos.
(1) Allan Kardec, O Evangelho
segundo o Espiritismo, cap. V, “Os tormentos
voluntários”.
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