O
amor e a
educação
É possível
desenvolver a
capacidade de
amar através da
educação? Essa é
a pergunta que
se nos impõe
diante do
enunciado de
Jesus: amai-vos
uns aos outros.
E fazemos esse
questionamento
motivados pela
assertiva dos
Espíritos que o
egoísmo
predomina entre
os homens, e
sabemos que o
egoísta não
consegue fazer a
caridade, não
ama aos outros.
Terá a educação
o poder de
despertar as
fibras íntimas
da alma para que
o amor ao
próximo possa
ser uma
realidade?
Quando se trata
da educação
cognitiva, ou
intelectual, na
aquisição de
conhecimentos e
preparação
técnico-profissional,
é sabido que a
educação
desenvolve a
mente do
educando e lhe
proporciona a
aquisição de
mais e mais
conhecimentos,
ou seja, é
possível
desenvolver a
inteligência, e
de fato é o que
acontece, por
meio da
educação. Agora,
isso também
poderá ocorrer
em se tratando
de sentimento,
de virtudes,
qual é o amor?
Segundo o
Espiritismo,
todos somos
Espíritos
criados por Deus
e, no ato da
criação,
recebemos em
germe, em
potência, tanto
a inteligência
quanto o
sentimento, ou
seja, são
potenciais
divinos que,
paulatinamente,
vamos
desenvolvendo.
Nesse ensino
está implícito
que o sentimento
pode ser
desenvolvido,
tanto quanto a
inteligência.
Entendemos que
esse
desenvolvimento
se dá através
das diversas
encarnações a
que o Espírito é
submetido,
quando passa por
experiências que
lhe facultam
desenvolver-se,
até o ponto em
que seu
aperfeiçoamento
o torna Espírito
Puro. O que
perguntamos é se
numa mesma
encarnação, por
força do
processo da
educação, o
Espírito pode
desenvolver o
sentimento do
amor,
independente das
injunções
reencarnatórias.
Para elucidarmos
essa questão com
o apoio dos
princípios
formadores da
Doutrina
Espírita,
precisamos
entender a visão
espírita sobre o
amor e sobre a
educação. Para o
Espiritismo o
amor é o maior
dos sentimentos,
ou seja, é a
maior das
virtudes, entre
elas a
paciência, a
solidariedade, a
tolerância, a
fraternidade, a
indulgência, a
caridade e assim
por diante, mas
a maior, a mais
sublime das
virtudes é o
amor. Deus é
amor e é por
amor que tudo
ele criou, e
tudo vibra no
seu amor. Não é
por outra razão
que Jesus, nosso
Mestre,
corroborou o
amar a Deus
acima de todas
as coisas, como
está escrito no
primeiro
mandamento dos
Dez Mandamentos
recebidos
mediunicamente
por Moisés, e
sancionou o amar
ao próximo como
a si mesmo, como
segundo grande
mandamento da
lei divina.
Sendo o amor uma
virtude presente
em germe no
Espírito desde o
ato divino de
sua criação, a
razão nos diz
que o amor é sim
suscetível de
desenvolvimento,
como qualquer
outra virtude.
Resta-nos
entender a
educação, e o
entendimento
espírita está
presente em O
Livro dos
Espíritos,
quando vemos em
seu estudo que o
Espiritismo
considera a
educação: 1.
como processo de
combate às más
tendências do
Espírito; 2.
criação de
hábitos; 3.
direcionamento
da inteligência
para o bem; 4.
desenvolvimento
harmônico,
equilibrado, da
inteligência e
do sentimento.
Tanto para os
Espíritos
Superiores
quanto para
Allan Kardec,
trata-se da
aplicação da
educação moral,
processo de
despertamento e
desenvolvimento
das potências do
Espírito.
Aperfeiçoar-se,
transcendendo a
matéria, é o que
devemos fazer,
mas isso somente
pode ocorrer se
adentrarmos ao
campo da
espiritualidade,
ou seja, se nos
considerarmos
uma alma, um
Espírito
encarnado,
preexistente e
sobrevivente,
como estuda e
comprova o
Espiritismo
através da
pluralidade das
existências e a
continuidade da
vida após a
morte, a chamada
vida futura.
Libertar-se do
corpo físico é a
senha evolutiva,
mas sem desprezo
ao mesmo, que é
necessário para
nossa existência
e nela
cumprirmos os
desígnios de
Deus.
Libertar-se no
sentido de não
se deixar
escravizar pelas
paixões, pelo
egoísmo, pela
vaidade, pela
ambição, pelo
sensualismo,
pela inveja,
pelo ódio,
enfim, não se
deixar
escravizar tanto
pelos vícios
físicos como
pelos vícios
morais.
A libertação do
corpo pela
plenitude do
Espírito é um
processo
educacional,
razão pela qual
o Espiritismo
conclama os
indivíduos para
o
autoconhecimento
e a
autoeducação. No
lugar do
egoísmo, a
caridade. No
lugar do
orgulho, a
humildade. E a
educação moral é
o antídoto a
essas duas
chagas do
egoísmo e do
orgulho, porque
as ataca na
raiz. A educação
moral não atua
sobre os
efeitos, mas sim
sobre as causas.
É preventiva,
não remedia.
A caridade é a
ação do amor,
por isso na
educação moral,
que se reveste
da plenitude da
Educação do
Espírito, a
inteligência é
utilizada como
suporte para o
desenvolvimento
do sentimento,
pois fé
inabalável é
somente aquela
que encara a
razão, face a
face, em
qualquer época
da humanidade,
espancando de
vez o místico, o
sobrenatural, o
dogmático.
Com o
Espiritismo não
temos dúvida em
responder
afirmativamente
à pergunta: É
possível
desenvolver a
capacidade de
amar através da
educação? Sim, é
possível, e esse
é o trabalho
urgente que
precisamos
realizar tanto
na família
quanto na
escola.
Marcus De Mario
é escritor,
educador,
palestrante;
coordena o Seara
de Luz, grupo
on-line de
estudo espírita;
edita o canal
Orientação
Espírita no
YouTube; é
editor-chefe da
Revista Educação
Espírita; produz
e apresenta
programas
espíritas na
internet; possui
40 livros
publicados.