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por Marcus De Mario

 

Capacitar para melhor evangelizar


Sendo o Espiritismo doutrina que revive o Evangelho através da imortalidade e da reencarnação, esclarecendo os ensinos morais de Jesus, portanto, sendo uma doutrina cristã e universal, temos que o serviço de evangelização desenvolvido normalmente nos centros espíritas, é da maior importância para a formação das novas gerações e equilíbrio da família, no propósito maior de realizar a transformação moral da humanidade. Contudo, nem sempre dirigentes e evangelizadores compreendem essa importância que, nas palavras do educador espírita Walter Oliveira Alves significa “tarefa das mais importantes na casa espírita”, pois “a casa espírita, como um todo, necessita preparar-se para o grandioso compromisso que lhe cabe: a imensa tarefa de educar os Espíritos que renascem entre nós. Para isso é preciso reconhecer que também somos Espíritos necessitados de nos educarmos, de sintonizarmo-nos com o Cristo para que o sentimento cristão vibre em nossos corações e possamos assumir a postura de espírita evangelizado” (Educação do Espírito, 1ª parte, capítulo 1).

Perguntemos: como nos evangelizar para evangelizar os Espíritos que reencarnam? Só existe um caminho: educação! Educação de nós mesmos, através do processo de autoconhecimento e autoeducação, e do processo de desenvolvimento das virtudes, combatendo as más tendências do caráter, ou como dizem os Espíritos em O Livro dos Espíritos, desenvolvendo o senso moral. Estamos falando de educar no seu sentido pleno e profundo, permitindo ao Espírito o desabrochar e desenvolver de suas potencialidades divinas, levando sua inteligência para a promoção do bem. Isso não se faz de qualquer modo, pois trata-se de ter visão pedagógica sobre a vida eterna, requerendo dos dirigentes dos centros espíritas, e também dos evangelizadores espíritas, estudo, muito estudo, feito pessoalmente e em grupo, e não nos referimos apenas ao estudo do Espiritismo, naturalmente imprescindível, mas também ao estudo de noções da pedagogia, que é a ciência da educação, e da psicologia do desenvolvimento, que significa uma abordagem para a compreensão da criança e do adolescente e seu desenvolvimento.

Esse estudo, com a ampliação dos conhecimentos e melhor preparação para educar/evangelizar, nem sempre é fácil de realizar individualmente, e como somos seres de relação, onde a troca de aprendizados e experiências garantem uma melhor formação e qualificação, é muito importante que no centro espírita tenhamos grupos de estudo sobre a educação espírita, assim como encontros periódicos de avaliação e planejamento do serviço de evangelização desenvolvido com as crianças, os jovens e os adultos.

Reconhecemos que muitos centros espíritas não possuem elementos humanos suficientes para essas realizações, carecendo de pessoas com a devida formação para implementar os grupos de estudo, as avaliações e os planejamentos na área educacional, mas para isso existe uma solução: participar do movimento espírita organizado, reunindo esforços com outros centros espíritas do bairro, da cidade e da região, pois é a união que faz a força.

Nesse esforço conjunto, devem entender os órgãos regionais de unificação espírita, que existem graças à reunião dos dirigentes dos centros espíritas, a necessidade urgente e contínua, da realização de encontros e cursos voltados para a melhor capacitação, qualificação, formação dos evangelizadores espíritas, o que temos visto bem pouco acontecer. Não basta à pessoa se voluntariar de boa vontade para o serviço de evangelização, que é serviço muito diferente daquele realizado nas escolas. É necessário entender a ampla e profunda visão do Espiritismo sobre a vida e o ser humano, Espírito reencarnado, assim como compreender o alcance dos ensinos morais de Jesus, além de saber, pelo menos nos seus fundamentos, tanto de pedagogia quanto de psicologia.

Ninguém precisa se assustar como isso, pois não é um bicho de sete cabeças. Temos no movimento espírita excelentes educadores, como José Herculano Pires, Ney Lobo, Lucia Moysés, Walter Oliveira Alves, Sandra Borba Pereira, Heloísa Pires, Pedro de Camargo, entre outros, e já nos desculpando por não citar todos, com obras publicadas, e alguns ainda entre nós, que podem perfeitamente orientar esses encontros, seminários e cursos. Não falta material orientativo para melhor educarmos, para melhor realizarmos o serviço de evangelização espírita. Se juntarmos a boa vontade e a união de esforços a esse conteúdo maravilhoso, teremos, com o tempo, um salto de qualidade na Educação do Espírito (que todos somos).

Precisamos dar formação aos evangelizadores, e também aos pais, pois o centro espírita não pode e não deve trabalhar divorciado da família. Estamos com muita falta de Jesus nos corações, ou seja, estamos assistindo muitas e muitas pessoas indiferentes e insensíveis, deixando-se levar pelas ideias materialistas, pelas ideologias de plantão, e é a evangelização espírita o antídoto eficaz, pois representa a educação moral trazida por Allan Kardec nas obras da Codificação Espírita e, em última análise, a Educação do Espírito, para que o futuro da humanidade seja de paz e fraternidade.

Evangelizemos, se queremos um mundo melhor. Capacitemos os evangelizadores espíritas, se queremos uma evangelização de qualidade.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita