Entrevista

por Orson Peter Carrara

Da Piracicaba de Vinícius aos dias atuais; cidade é berço do nobre educador

Natural de Vitória (ES) e residente em Piracicaba (SP), Álvaro Augusto Teixeira Vargas (foto) é engenheiro agrônomo, com Ph.D. pela Universidade de Minnesota-EUA, e atualmente empresário no ramo do agronegócio. Vinculado à USE Piracicaba, em que atua como palestrante e coordenador/monitor em Curso de Médiuns, é o presidente da instituição, tanto no âmbito intermunicipal como no regional. Nesta entrevista que gentilmente nos concedeu, ele nos relata sua experiência pessoal e com o próprio movimento espírita da cidade, não deixando de citar o notável Pedro Camargo, nosso conhecido Vinícius, que nasceu em Piracicaba:

 

Como e quando conheceu o Espiritismo?

Conheci o Espiritismo partir dos 22 anos, depois de retornar para a minha cidade natal, Vitória (ES), quando concluí o curso de Agronomia no Rio de Janeiro, e fui atender à solicitação de minha mãe para levá-la a ao centro espírita que ela frequentava. Como era uma distância razoável, não valia a pena deixá-la retornar para casa. Por segurança, não ficava no carro, permanecendo dentro do centro espírita e ouvindo as palestras. Um dia, ao tomar um passe tive um desdobramento espiritual consciente que me marcou profundamente. Percebi que meu destino estava traçado para servir ao Espiritismo. Meses depois já estava participando ativamente. Fiquei surpreso em encontrar uma doutrina capaz de responder a todos os questionamentos sobre a nossa origem, as diferenças sociais, as causas da existência do sofrimento e o destino do homem. A partir daí, passei a fazer parte dos trabalhadores da casa, coordenando a mocidade e assumindo a evangelização infantil, na época com minha namorada, com que contraí, posteriormente, matrimônio.

Qual seu principal foco de interesse para estudo e reflexão diante do tríplice aspecto?

Compreender a essência da Boa Nova de Jesus. Ele, Espírito puro, que coordenou a construção de nosso planeta e se submeteu ao sacrifício de encarnar como todos nós, veio com a mensagem mais relevante que temos necessidade de compreender e vivenciar. Toda doutrina espírita tem esse foco, mas o Espiritismo, além de falar ao coração como Jesus fez na Palestina, se dirige também à nossa capacidade intelectual, de modo que possamos fortalecer a nossa fé em Deus, equilibrando as nossas ações entre a razão e o sentimento.

Do gosto pela literatura espírita, o que destaca para os leitores?

Todas as mensagens de autores espíritas consagrados têm o seu valor. O romance “adoça” a nossa alma, permite aprimorar e desenvolver os nossos sentimentos, particularmente aqueles que recordam o sacrifício dos mártires nos primeiros séculos do cristianismo, antes de sua romanização. Mas as obras doutrinárias são indispensáveis para desenvolvermos uma base de conhecimentos de que podemos lançar mão, todas as vezes que temos de enfrentar os desafios que a vida nos oferece como parte de nosso processo evolutivo.

E o envolvimento com o movimento espírita de Piracicaba, como surgiu?

Depois de ter concluído meu doutorado nos EUA, onde permaneci por cinco anos afastado das atividades espíritas, procurei uma casa que necessitasse de voluntários para atender às suas atividades. Permaneci por mais de 20 anos no Grupo Espírita Fora da Caridade Não Há Salvação, trabalhando em vários setores (atendimento fraterno, passes, palestras), tendo sido o presidente dessa casa por vários anos. Posteriormente, devido às dificuldades que um outro centro estava passando, fui convidado a colaborar e permaneci na diretoria por vários anos (União Espírita de Piracicaba), continuando a colaborar, ministrando cursos e palestras.

Sobre a história espírita na cidade, com tantos vultos importantes que aí atuaram, o que diria aos leitores?

Inúmeros trabalhadores têm-se dedicado à tarefa de divulgação do Espiritismo em Piracicaba e região. Vários já retornaram para o mundo espiritual, deixando exemplos de uma existência cristã. Sem desmerecer todos aqueles que continuam conosco nessa atividade e as almas nobres que cumpriram a sua missão aqui na Terra, destacamos uma que merece a nossa atenção. Trata-se de Pedro de Camargo, que se destacou pelo conhecimento e pela oratória espírita e nos legou vários livros de sua autoria, utilizando o pseudônimo de Vinícius, nos quais deu ênfase a mensagens doutrinárias.

No presente momento como situa o movimento espírita da cidade?

Através da União das Sociedades Espíritas Intermunicipais de Piracicaba (USE), que possui 29 centros adesos, é mantida a aproximação entre as casas espíritas visando à união e à unificação do movimento espírita. São várias as atividades que desenvolvemos, desde o jornal bimensal da USE (O Arauto) às reuniões mensais itinerantes na sede dos centros associados, a feira anual do livro espírita, a promoção de cursos e seminários, a manutenção de uma livraria no centro da cidade e um estúdio para gravação e difusão dos programas espíritas. A USE também possui um portal espírita, no qual atualizamos as atividades dos centros adesos e divulgamos todos os eventos espíritas na região (www.usepiracicaba.com.br).

Fale-nos da programação semanal veiculada pela USE local por intermédio da Web TV.

A USE patrocina dois programas que vão ao ar semanalmente, um aos domingos às 10h e outro às segundas-feiras às 19h, com duração de uma hora. Os temas tratados estão de acordo com as obras de Allan Kardec, sem qualquer viés político-partidário e com o devido respeito a todas as demais seitas religiosas. Esses programas são gravados e disponibilizados no youtube, podendo também ser acessados pela página web (uniãoradioweb.com.br).

De suas lembranças de atuação no movimento espírita, qual gostaria de destacar?

As atividades desenvolvidas na evangelização infantil e na mocidade. Foram momentos gratificantes e inapagáveis de minha memória. A alegria das crianças quando chegavam para as aulas era contagiante. Destaco também o período de aprendizado no trato com os Espíritos sofredores e obsessores nas reuniões mediúnicas, em termos de compreender a dor humana e as consequências dos desvios morais que ainda assolam a Humanidade.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Vivenciamos no momento o epílogo de uma longa jornada evolutiva. Nunca necessitamos tanto de estar ao lado de Jesus, para superarmos os obstáculos que têm surgido no crepúsculo desta civilização ainda presa ao materialismo que se vai, frente a alvorada da Humanidade mais cristianizada que está surgindo. Independentemente da situação atual que estamos vivenciando, é necessário fortalecer a nossa fé em Deus, na certeza de que nosso Mestre Jesus permanece na direção da nau Terra, e aqui no Brasil, nosso anjo guia Ismael cuida de toda a nação.

Suas palavras finais.

Parafraseando o divulgador do Espiritismo que tanto admiro, Raul Teixeira: “ser espírita não é para quem quer, mas para quem aguenta”. Realmente, ser espírita exige disciplina, estudo e renúncia. Mas creiam. É compensador!

 
 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita