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por Wagner Ideali

 

Do materialismo ao homem espiritual: uma breve análise sobre a evolução humana na ótica espírita


Fazendo uma breve análise da evolução humana, partindo dos primórdios da vida, quando a necessidade primeira da criatura humana era apenas a sobrevivência e a reprodução, desde esse momento fazíamos uso do raciocínio, pois era necessário descobrir, verificar, analisar, mesmo ainda uma análise bruta, mas importante para a sobrevivência. Já, nesse estágio, ocorriam elementares reflexões e buscávamos entender algo mais da vida, e nesse momento elegíamos o sol, a chuva, a lua, as montanhas, entre outros objetos, para representar os deuses, pois desde esse momento o self já se fazia presente em nossas vidas como nos ensina Joanna de Ângelis, apresentando a existência de Deus.

Com a chegada de Moisés, a humanidade é presenteada com os dez mandamentos, base de toda justiça, até os dias de hoje. Os mandamentos chegaram num momento importante para o povo hebreu, mas na verdade esses ensinamentos são essenciais para toda a humanidade por demonstrar de uma forma lógica, partindo da premissa da existência de Deus, todo o profundo contexto de justiça. 

Depois de muito caminhar, já utilizando o pensamento lógico, mas ainda presos ao comportamento bruto e aos interesses primeiros do corpo, entramos numa fase de uma sociedade mais complexa. Nesse instante temos Sócrates com ensinamentos que muito nos lembram o Espiritismo e seus princípios. Seu discípulo direto, Platão, transcreve para o mundo todo os ensinamentos deixados pelo mestre grego. Nessa época a busca do conhecimento ainda ocorria de uma forma muito primitiva e poucos se dedicavam a tal tarefa. Nesse momento o cérebro, ainda fortemente reptiliano e mamífero, dominava o nosso comportamento, com pouca atividade cognitiva profunda.

Passados muitos anos, a humanidade, na escalada de sua evolução, caminha um pouco mais, e ainda dentro de um sistema de aprendizado sendo obtido, em sua maioria das vezes, pelo sofrimento, quando, nesse momento angustiante, recebemos um presente divino, o início da mudança do planeta: nasce Jesus, nosso Mestre Maior.

Jesus nos oferece, não um raciocínio frio, como ocorre muito nos dias atuais, mas sim uma lógica simples e direta, um raciocínio baseado num profundo sentimento de amor ao próximo, à vida e a Deus. Jesus nessa sua caminhada na Terra ensinava e exemplificava a todo momento, que é a perfeita forma de fixar o aprendizado.

Assim Jesus transformou um grupo de homens brutos e simples em discípulos profundamente conectados com seus profundos ensinamentos.

Transcorridos séculos, a mensagem de Jesus foi estudada por muitos e alguns assimilaram e procuraram vivê-la, tais como Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, Giordano Bruno, entre tantos outros, sendo, porém, ainda rejeitado por outros, que não querem ver a luz e, com ela, a felicidade profunda da alma.

Muitos cientistas no passado, diferente do que muitos pensam, eram dotados de um forte sentimento religioso, desenvolvido através de um estudo profundo, da análise e da vivência, como ocorreu com Isaac Newton, Albert Einstein, Pierre Curie, William Crookes, Camille Flammarion, Giordano Bruno, entre outros estudiosos que muito refletiram sobre espiritualidade, dentro de seus momentos na vida física.  

As ciências tomam então um caminho espantoso, descobertas, desenvolvimentos tecnológicos e tudo para preparar a humanidade para um novo mundo, uma nova forma de viver.

Infelizmente uma grande parte dos homens, aprofundando-se na Ciência e com a desculpa das exigências das comprovações segundo os ritos científicos, desviaram-se do pensamento moral, oferecido pelo Mestre Jesus.

Chegamos assim a Kardec, que escolhido pela espiritualidade para codificar todo um conjunto de conhecimento e estudos realizado por muitos, seja por análise de fatos como também por mensagens vindas do além-túmulo, informando que a vida é eterna e nosso objetivo maior é evoluir em amor e verdade, assim como Joanna de Ângelis nos ensina: Com a elevação moral e o conhecimento nos tornamos seres plenos, conscientes e em total harmonia com o Universo, portanto com Deus.

Da mesma forma como ocorreu com Jesus, a chegada do Espiritismo se fez de forma muito discreta e foi chamada de terceira revelação, a volta do Cristo como foi dita pelo próprio Mestre.

A formação da Doutrina Espírita se faz com um grupo de nobres espíritos, que propõem a Kardec o trabalho de preparar para o futuro as bases de uma doutrina que veio para relembrar os ensinos do nosso Mestre Jesus e apresentar uma nova forma de enxergar a vida, baseando-se na reencarnação, pluralidade dos mundos, mediunidade e caridade, pois são as bases necessárias para o futuro da humanidade.

Allan Kardec então estuda todo material que lhe foi apresentado, busca nas reuniões mediúnicas os conhecimentos, reflexões e equaciona assim, n'O Livro dos Espíritos, o problema do ser, do destino e da dor (título de uma obra de Léon Denis).

Na atualidade, uma parte da humanidade ainda se expressa como esse homem puramente animal a que nos referimos acima, mas passo a passo tem a oportunidade de se transformar dando lugar ao homem espiritualizado, que preserva e cuida do seu lado material, pois encarnados estamos, mas vai acima de tudo, procura compreender o sentido da vida, em suas relações espirituais num estudo profundo do ser, com bases dos ensinamentos da filosofia espírita.

Como nos fala Viana de Carvalho, pela pena de Divaldo Franco:

“Enquanto as desvitalizadas doutrinas religiosas do passado ofereceram seiva ao materialismo que trombeteava as suas vanglórias, embora de curta duração, o Espiritismo veio para iluminar e acalmar as consciências em sombras e tormentos, propondo o modelo do homem de bem, ideal, que se faz construir com os equipamentos do amor, do conhecimento e da experiência em torno da própria imortalidade.

Estudando Deus e o Infinito, a matéria e o Espírito, a Criação, o princípio vital, as causas dos sofrimentos, a encarnação, a desencarnação e a reencarnação, aprofunda análise em torno do intercâmbio espiritual, dos fenômenos que dizem respeito ao sonambulismo e ao êxtase, ao sono e aos sonhos, às Leis que Regem a Vida, às esperanças e consolações, revelando-se como a maior síntese do pensamento a respeito do Universo, da vida, dos seres e da sua evolução, causando impacto cultural e firmando novos conceitos nas páginas vivas da História, marco decisivo para a transformação que começou a operar-se no planeta terrestre.”

Precisamos sempre buscar a verdade, estudando a profundidade de nossa alma, pois somos um espírito encarnado num corpo físico e jamais um corpo físico que tem espírito. Estamos aqui na matéria para aprender, nos conhecer, exercitar a caridade, portanto, evoluir. Assim aprender, compreender e viver os ensinos dados pelos espíritos ao mestre de Lyon, será mais fácil nos aproximar dos ensinos de Jesus, bem como compreendê-los.

Uma das importantes funções dos Centros Espíritas é realizar o despertar de nossas consciências através dos estudos sistemáticos e profundos, da prática da caridade, do trabalho de passe e do contato com a espiritualidade. Tais são as atividades básicas e primordiais de um Centro Espírita.

Viana de Carvalho nos apresenta um resumo da doutrina espírita quando diz: “Kardec nos apresenta, por primeira vez, uma fé racional, que pode enfrentar a razão em todas as épocas da Humanidade, portanto, legítima, os seus ensinamentos têm a ver com os mais diferentes ramos da Ciência, propondo uma nobre filosofia espiritualista, rica de otimismo e bem-estar, cujos alicerces fundam-se na ética-moral proposta por Jesus”.

Vamos dar início agora a esse despertar da consciência, com o estudo constante e profundo de nós mesmos, lembrando sempre que Jesus é o nosso modelo e objetivo maior da nossa evolução, e nos oferece o Espiritismo como um caminho para chegar a ELE.

 

Bibliografia:

Divaldo Franco, pelo espírito Viana de Carvalho, Novos Rumos, Editora LEAL, 2023.

Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora Paidéia, 1990.

Divaldo Franco, pelo espírito Joanna de Ângelis, Vidas Vazias, Editora LEAL, 2022. 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita