Brasil
por Rita Cirne

Ano 17 - N° 857 - 14 de Janeiro de 2024

 

Amélia Rodrigues, a escritora que enalteceu fatos vividos por Jesus


Quem já viu palestras do orador Divaldo Franco certamente já o ouviu recitar versos do “Poema da gratidão”, de Amélia Rodrigues. Um dos trechos desse poema diz: 


Muito obrigado, Senhor!
Porque eu posso ver meu amor.
Mas diante da minha visão
Detecto cegos que tropeçam na escuridão
que tropeçam na multidão
E que choram na solidão.


Esses versos são um exemplo da sensibilidade da obra de Amélia Rodrigues, poetisa baiana, escritora, teatróloga, professora e tradutora, uma mulher que esteve à frente do seu tempo e foi ligada ao movimento católico, já que na época em que viveu o movimento espírita ainda estava chegando ao Brasil. Assim, sua maior contribuição à doutrina espírita se deu no plano espiritual. Através da psicografia de Divaldo Franco, Amélia produziu uma obra literária vasta e esclarecedora, baseada no Evangelho. 


Quem foi Amélia Rodrigues

Amélia Augusta do Sacramento Rodrigues nasceu em 26 de maio de 1861 na Fazenda Campos, situada em Freguesia de Oliveira dos Campinhos, município de Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Hoje essa cidade se chama Amélia Rodrigues, num reconhecimento à sua dedicação à literatura, ao jornalismo e à assistência social. Foi também empreendedora: fundou uma escola em Salvador, o Instituto Maternal Maria Auxiliadora, com o objetivo de dar não só formação educacional, mas que também contribuísse para que os alunos compreendessem a mensagem de Jesus. Em 1905, quando um dos seus alunos foi selecionado para lecionar inglês pelo sistema do filósofo Spencer, Amélia o ajudou a compreender o pensamento daquele filósofo. Disse a ele: "O jovem precisa de educação moral, que é o princípio fundamental da disciplina social; sem apelar para o coração, educar é formar no homem as mais duradouras forças da ordem social".

 

Defensora das artes e da educação

De acordo com a escritora espírita Denise Luna, a existência de Amélia foi de engajamento a várias causas, defendendo direitos a todos, trabalhando pelas artes e pela educação. Até hoje é uma autora estudada na academia por sua atuação nessas áreas. Também se dedicou ao jornalismo, colaborando em publicações religiosas, como em O Mensageiro da Fé. Depois, na revista A Paladina e A Voz. Escreveu algumas peças teatrais, como Fausta e A Natividade. Colaborou ainda com poesias: "Religiosa Clarisse" e "Bem me queres" e escreveu obras para literatura infantil, didáticas e romances. 

Ela desencarnou em Salvador, com 65 anos de idade, em 22 de agosto de 1926. Trinta anos depois, na década de 1950, já estava dando continuidade ao seu trabalho esclarecedor e educativo, inspirando palestras de Divaldo Franco, baseando-se principalmente no Evangelho. Muitas das suas narrativas que apareciam nas

palestras do orador baiano foram transformadas em contos, como o caso do livro Primícias do reino, de 1977, com histórias que trazem acontecimentos vivenciados por
Jesus, desconhecidos até então.

Amélia faz isso com riqueza de detalhes, como se estivéssemos, de fato, convivendo com o mestre. No prefácio de seu livro Luz do mundo, de 1971, a escritora diz que no mundo espiritual é comum os espíritos se reunirem para recontar os ditos e feitos de Jesus e partilhar suas vivências. 

 

Vivências que passaram de geração a geração

Dessa parceria de Amélia Rodrigues com o médium Divaldo Franco vieram inúmeras obras, como Quando voltar a primaveraPelos caminhos de JesusTrigo de Deus e há também participações da escritora em coletâneas de mensagens de espíritos diversos, como no livro Sol de esperança, em que está o “Poema da gratidão”, que o orador baiano psicografou em Buenos Aires, na Argentina, em 1962, e que passou a apresentá-lo para encerrar as suas palestras.

Segundo Amélia Rodrigues explica, suas narrativas são interpretações de algumas das ocorrências que assinalaram o apostolado de Jesus, que passaram de geração a geração, tornando-se motivo de comentários felizes que se repetem entre os desencarnados. “Nunca se ouviram palavras iguais às que ele pronunciou, nem música semelhante à que saiu dos seus lábios” – reflete a escritora.


Bibliografia
:

¹ Federação Espírita Brasileira - LINK-1

² Palestra da escritora espírita Denise Luna de 22.10.2022 - LINK-2

Rita Cirne é jornalista e colaboradora do Grupo Espírita Batuíra, em São Paulo, e do jornal Valor Econômico.

 

Este texto foi publicado originalmente no Correio Fraterno, de São Bernardo do Campo (SP), em 4 de dezembro de 2023. 


 
  


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita