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por Eleni Frangatos

 

Você é mesmo espírita?


Você, sim, você que me lê agora. É a você mesmo que dirijo a pergunta.
Imagino as respostas afobadas de muitos! É claro que sou espírita. Que pergunta absurda, você me conhece aqui do Centro há quantos anos e vem agora me fazer uma pergunta impertinente dessas? E escutarei também as respostas mais dissertativas de outros, naquele tom de voz doutoral e de quem sabe tudo sobre o assunto.

Pois eu lhe digo daqui que não. Você julga que é espírita.

Então, vamos lá refletir sobre algumas situações:

1. Quando um morador de rua, com roupas sujas, barba crescida a esmo, e bafo de álcool se aproxima de você e pede uma ajuda, você finge que não escuta, ficou cego, surdo e mudo de repente, desvia seus passos e ignora aquele ser que Jesus considera seu irmão?

2. Ou você compra um lanche para minorar a fome do pobre coitado, mas faz questão de contar – com ar compungido - a sua ajuda ao maior número possível de pessoas que frequenta o mesmo Centro Espírita que você e inclui seus parentes e vizinhos?

3. Se um mendigo bate à sua porta e pede algo para matar a fome, você escolhe o que já está na geladeira há dias e que você, gozado, naquela manhã ia jogar no lixo? E ainda diz que ia se desfazer daquela comida e foi Deus quem colocou o mendigo na sua porta para que você pudesse oferecer esses restos que iam para o lixo (rs... rs...). Melhor rir para não chorar! Ou seja, Deus não tem mais nada o que fazer senão fiscalizar o conteúdo das geladeiras...

4. Quando você doa uma roupa que, um dia, foi especial, você corta os botões que são bonitos e que talvez ou nunca sirvam para colocar numa futura roupa. Ou seja, o que precisa de roupa vai vestir uma roupa, mas sem botões...

5. Quando alguém lhe conta algo de muito íntimo e pede sigilo total, você diz “minha boca é um túmulo” ou “pode confiar, morro, mas não falo”. Mas daí a uns minutos já está contando o que era sigiloso para outra pessoa a quem pede sigilo também.

6. Você estuda, faz seus cursos numa Casa Espírita. Já se considera douto no assunto, mas o seu ego desmedido faz com que você enalteça o que estudou, mas não o pratica.

7. Disse Divaldo, no programa do Jô Soares: "Eu respeito mais um ateu digno do que um religioso hipócrita".

8. Você, jovem ainda, que se inicia nas lides espíritas, saiba que o ensino/estudo do Espiritismo é essencial.

9. Lembre-se, porém, que o lema do Espiritismo é a caridade.

10. Considere, também, que este lema é abrangente demais com infinitos desdobramentos.  Então, não é um simples texto assim que vai dizer o quê e como você deve fazer para ser realmente um bom espírita.

11. Esteja sintonizado com seu coração e escute-o. Ele lhe dirá se você está fazendo o certo, se você está trilhando o caminho certo.


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Kardec assim definiu o verdadeiro espírita:


“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita