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por Martha Triandafelides Capelotto

 

As potências da alma


Várias são as potências da alma que podemos nominar como a vontade, a consciência, o livre-arbítrio, o pensamento, a disciplina do pensamento, a dor, entre outras de foro íntimo, interno, responsáveis pelo nosso desenvolvimento ilimitado. Todas essas forças, energias ocultas em nós, latejam nas profundezas misteriosas da Alma.

O “Reino dos céus está dentro de vós”, disse o Cristo. O mesmo pensamento, de outra maneira expressado pelos Vedas, diz: “Tu trazes em ti um amigo sublime que não conheces”, assim como na sabedoria persa vamos encontrar um pensamento de Suffis Ferdousis: “Vós viveis no meio de armazéns cheios de riquezas e morreis de fome à porta”. E o que abstraímos desses grandes ensinamentos é que na vida íntima está todo o manancial das felicidades futuras e estas não se acham em lugares determinados no espaço; tampouco as encontraremos no mundo, no exterior.

Léon Denis, majestosamente, nos ensina que: “Há em toda alma humana dois centros, ou melhor, duas esferas de ação e expressão. Uma delas, circunscrita à outra, manifesta a personalidade, o ‘eu’, com suas paixões, suas fraquezas, sua mobilidade, sua insuficiência. Enquanto ela for a reguladora de nosso proceder, temos a vida inferior semeada de provações e males. A outra, interna, profunda, imutável, é, ao mesmo tempo, a sede da consciência, a fonte da vida espiritual”.

E que podemos fazer para conectarmos essa esfera interior, já que nela residem todas as esperanças, a paz, a serenidade e a tão almejada felicidade que escorrega, fugidia, pelos nossos dias de incerteza, de desalento, de ilusões?

Arriscando buscar a resposta, vamos ao encontro da vontade, a maior de todas as potências da alma, que age como um ímã, nos atraindo para os recursos vitais, obedientes à lei de evolução.

O princípio superior, a força motora da existência, é a vontade. Por ela, sua ação atinge tanto a ordem visível, material, quanto a ordem invisível, pois essa força está intimamente atrelada à Vontade Divina, que é, por sua vez, o motor da Vida Universal.

Pela vontade criadora dos Grandes Espíritos, envolvidos plenamente do Espírito Divino, uma vida repleta de maravilhas pode se descortinar diante de nós, se estendendo, degrau a degrau, até o infinito, nas profundezas do céu, aproximando-nos de Deus.

Se as criaturas pudessem conhecer a extensão dos recursos que nelas dormitam, talvez ficassem deslumbradas e, ao invés de se sentirem fracas, medrosas, inseguras, temendo a morte e tantas outras angústias, compreenderiam que elas próprias poderiam criar o seu futuro, repleto de alegrias.

A vontade coloca em movimento todas as vibrações da alma, e cada alma, se juntando a outras, formando as sociedades, concentradas num mesmo fito, constituiriam um centro de forças irresistíveis.

Querer é poder e o poder da vontade é ilimitado.

Pela sua educação e exercício, certos povos chegaram a resultados que parecem prodígios. Porém, aqui, é preciso salientar que essa vontade deverá ser acionada e exercitada, tendo em conta os valores mais profundos do Espírito, gerando uma vontade de Potência Divina.

Tal educação retempera os ânimos e assegura a vitória em todos os terrenos.

Assim, vendo claramente o caminho que se descortina e sabendo que temos a chave de toda a elevação, conservar-nos-emos firmes, inabaláveis, tendo como guia na Estrada Infinita a compreensão da lei de vida, de progresso e amor, que rege todas as coisas.

Nossa vontade chama-nos para frente, sempre para frente, cada vez mais conhecimento, mais vida, vida divina! E, com ela, conquistaremos a plenitude da existência, construindo para nós uma personalidade melhor e mais radiosa.

Saibamos, definitivamente, que toda criatura pode ser boa e feliz; para sê-lo, basta que o queira com energia e constância.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita