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por Marcus Vinicius de Azevedo Braga

 

Pensar para falar


Uma crítica muito comum nos tempos atuais é de que não podemos falar o que pensamos, pois as pessoas se sentiriam ofendidas, mas ao mesmo tempo, ao não falarmos o que vem à nossa mente, estaríamos sendo hipócritas, escondendo a nossa verdadeira essência.

Essa argumentação, um tanto pueril, é comum entre os que se incomodam por serem repreendidos socialmente por exporem as suas opiniões sobre a aparência, a raça, a orientação sexual, dentre outras características das pessoas, por acharem que é a sua opinião e deve ser expressa.

Valem duas ponderações nesse sentido, e o conhecimento espírita será essencial nessa construção.

O primeiro ponto é que expressar a opinião ofensiva sobre a característica de qualquer pessoa é um desrespeito, uma ofensa, e, em última instância, uma falta de caridade. Daí nascem o bullying, o preconceito, o ódio nas relações, que se afastam da solidariedade e da empatia, dando espaço para suicídio, brigas e ataques de fúria.

Se a característica da pessoa não produz efeitos danosos a outrem, ela deve ser respeitada, e mesmo que supostamente cause danos, a forma de tratar a questão não dispensa o amor no coração, dado que, como espíritas, seguimos aquele que diante da prostituta a ser apedrejada invocou a primeira pedra.

Palavras são navalhas e falas ofensivas, em especial derivadas de parentes próximos, são instrumentos que causam dor moral, e distante de ser uma forma de ajudar um irmão em dificuldades, se for o caso, é apenas um tipo de agressão, que ofende e afasta, distante do amor ao próximo que pauta o Espiritismo.

O segundo argumento é de que no convívio social nos pautamos pela tríade pensamento-palavra-ação, e que deixar de fazer ou falar o mal é uma forma de educar nosso pensamento, pela reflexão, para que aos poucos tenhamos este mais coerente com o que buscamos na essência da palavra do Cristo.

Se fazemos coisas reprováveis, é interessante cessar. Mas, se ainda assim, falamos, é preciso abandonar esse caminho aos poucos. E fruto dessas reflexões, nosso pensamento se modifica. Essa é a essência da ideia da evolução. Muitos de nós no passado, inclusive nesta encarnação, agredimos física e verbalmente pessoas por conta de características, e agora vemos que essas atitudes eram equivocadas, e fomos abandonando essas práticas paulatinamente, e hoje, renovados, pensamos diferente, o que se reflete nas falas e nas ações.

O pensamento é a fonte das falas e das ações, mas essas também alimentam e reforçam o nosso coração, em um eixo aprisionador, que precisa ser quebrado para garantir a renovação, e o exercício da empatia, de se colocar no lugar do próximo, amando-o como a si mesmo, é um bom caminho nesse sentido.

No Espiritismo aprendemos que podemos fazer, falar e pensar o que quisermos, mas também sabemos que colheremos as consequências dessa sintonia, que é, nada mais, nada menos, que um reflexo de nosso grau evolutivo, que não é uma marca fossilizada, e sim uma condição transitória, e que estamos nesta encarnação para superar e ser algo melhor ao final dela.


    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita