Joias da poesia
contemporânea

Autora: Alceu Wamosy

 

Página ao homem

 

Romeiro da ansiedade, em lágrimas avanças,

A estrada é solidão enquanto a luz declina,

Esbravejam bulcões na tela vespertina,

Faz-se a noite aguaceiro em súbitas mudanças!…

 

Nem estrelas no céu, nem lar nas vizinhanças,

Mais granizo a descer, mais sombra, mais neblina…

A tempestade ruge, o caos troa e domina,

A calhaus e marnéis mais trôpego te lanças…

 

Não temas! Segue e vence a lúrida procela,

Não procures saber se o frio te enregela,

Nem te prendas ao fel da senda atormentada…

 

Resguarda-te na fé! Sofre, luta, porfia!…

Renascerá da treva a bênção de outro dia

Nos caminhos de sol da nova madrugada.

 

Glossário:

1 – Bulcões (plural de bulcão): 1. Aglomeração de nuvens densas e compactas.2. Nevoeiro espesso que antecede uma tempestade.3. Redemoinho de vapores, fluidos ou partículas sólidas em turbilhão.

2 – Calhau: Pedra dura e solta de diferentes tamanhos; seixo.

3 – Marnéis (plural de marnel): Campo alagadiço, apaulado e que só em pequenos barcos se pode vadear.

4 – Lúrida (forma feminina de lúrido): 1. Pálido, lívido, descorado.2. Poét. Escuro, sombrio.

5 – Procela: Tempestade marítima; tormenta.

 
Do livro Poetas redivivos, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.




 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita