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por Wagner Ideali

 

Espiritismo sem espíritos


O Espiritismo foi concebido para mostrar ao mundo a realidade espiritual, ou seja, somos e estamos rodeados de espíritos. Como eles mesmos disseram a Kardec, os espíritos interferem em nossas vidas muito mais do que imaginamos. Assim, vivemos envolvidos com espíritos, sejam bons ou deficitários moralmente, dependendo da nossa atitude mental no dia a dia.

A descoberta da mediunidade, sobre a qual Kardec procurou catalogar os tipos e as formas com que a mediunidade se manifesta nas pessoas, tem mostrado que somente existe mediunidade se existir espíritos.

A influência dos espíritos sobre nós já é por demais conhecida e muitas casas espíritas mantêm trabalhos de desobsessão, que podemos chamar de despertamento de espíritos problemáticos, evangelização de espíritos sofredores, psicoterapia de desencarnados em aflição, por fim doutrinação dos mesmos, entre outros termos, mas cujo objetivo é procurar fazer acordar os espíritos adormecidos, presos em suas conjecturas de curto alcance espiritual.

Na atualidade muitos companheiros de doutrina têm atenuado ou até mesmo removido das casas espíritas os trabalhos doutrinários baseados em atividades mediúnicas, informando que eles não mais seriam necessários, ou então que os médiuns não são confiáveis, ou até mesmo porque ficamos à mercê do animismo e isso iria atrapalhar a qualidade do trabalho.

Necessário lembrar com base nos estudos dos contemporâneos de Kardec, bem como do próprio codificador, que o animismo vai diminuindo na medida em que estudamos, bem como fazemos nossa reforma íntima e assim nos conectando com a alta espiritualidade.

Se for mantido esse afastamento do trabalho mediúnico, estaremos então tendo casas espíritas sem espíritos.

O trabalho de assistência social, os cursos, os passes, a orientação doutrinária através de reuniões de palestras, bem como aconselhamento individual, formam algumas das caraterísticas das casas espíritas.

Importante que os dirigentes e organizadores entendam que centros espíritas precisam ter alguma atividade mediúnica, sejam elas de doutrinação ou uma que chamaríamos de “conversa com a espiritualidade”.

Kardec precisa estar vivo dentro das casas espíritas ditas “kardecistas”. A trindade caridade, estudos e mediunidade não pode faltar. Esses três aspectos são básicos e são os impulsionadores para entendermos melhor e mais profundamente a reencarnação, que sem dúvida é a base fundamental da doutrina espírita.

Importante lembrar que a mediunidade na atualidade, predominantemente consciente, é de extrema importância, pois ela ajuda muito os médiuns no seu desenvolvimento pessoal dentro dos fatores: estudar para se aprimorar cognitivamente e, acima de tudo, elevar seu padrão moral.

Assim, é necessário mantermos o contato com a espiritualidade, lembrando sempre que a tarefa aqui no plano físico é nossa, embora eles possam nos orientar e até mesmo nos ajudar de forma muito sutil, algo que muitas vezes não percebemos.

Lembremos ainda que a mediunidade não se limita à casa espírita, mas faz-se presente em toda a nossa vida, pois esse contato é permanente e assim permanente é a nossa necessidade de nos conhecer, estudando e vivenciando os ensinos de Jesus.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita