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por Luiz Guimarães Gomes de Sá

 

Os flagelos d'alma


Para nossa felicidade os ensinamentos da Doutrina dos Espíritos elucidam grandemente as dúvidas próprias do ser humano, enquanto transitamos no Orbe terrestre. Apesar do progresso de ordem material que assume o destaque na humanidade, padecemos de forma espontânea dos infortúnios que nós mesmos buscamos na presente existência, como se não bastasse o fardo que trazemos do pretérito do qual precisamos nos desvencilhar.

Essa incoerência naqueles que têm o privilégio de conhecer a Doutrina Consoladora não comporta a falta de compreensão para tantos fatos e argumentos que corroboram a imortalidade do Espírito e mostram que nele residem todas as mazelas que desaguam no nosso corpo físico, trazendo-nos os mais variados transtornos psicossomáticos que afligem a humanidade.

A avalanche de conhecimentos de que dispomos nos dias de hoje demostra cabalmente a capacidade criativa do ser humano. Mas, ao tempo que progride celeremente no âmbito tecnológico, dispensa quase nada do seu tempo precioso para o aprimoramento moral, que será o arquivo de sua consciência além-túmulo.

No livro A Coragem da Fé, pg.2, psicografia de Carlos A. Bacelli, pelo Espírito Bezerra de Menezes, temos: “(...) De nada vale o brilho da inteligência, se o coração permanece às escuras. A reencarnação que não promove o renascimento moral da criatura não passa de ato que não está à altura de sua transcendência e significado”.

Depreende-se, pois, que a visão materialista ainda predominante encobre o espaço que temos para buscarmos a ascensão moral nesse trajeto temporário do corpo físico, que, por ser frágil e perecível, falece a cada dia que vivemos. A curta visão de “futuro finito” no campo material perde-se no caminho dos tempos da eternidade... A ausência dessa maturidade favorece os desmandos de toda ordem, como se o corpo físico fosse a essência do nosso ser. Mantendo-nos nesse equivoco estaremos amealhando migalhas de prazer efêmero, que nos levará ao sofrimento logo adiante.

A mudança de comportamento passa antes de tudo pelo pensamento. É nele que tudo se arquiteta, se molda e ajusta, para que pelas atitudes tornemo-lo fato. A depender desse campo mental que criamos teremos objetivos que, se concretizados, nos proporcionarão felicidade, desgosto ou outros malefícios. Esses flagelos que construímos são evitáveis e diretamente proporcionais à colheita que nos aguarda no futuro.

Conscientes desta realidade cumpre-nos rever nosso modo de viver e conviver, já que no âmbito da sociedade participamos de forma integral, caso queiramos fornecer e obter informações, ajudar e sermos ajudados. Estamos todos envolvidos no processe evolutivo que a Lei do Progresso exige.

Esse caminho de crescimento espiritual estará sempre diante de nós com os percalços próprios para nossa reparação e ninguém irá percorrê-lo por outrem, visto que o trajeto é individual e dependerá, antes de tudo, das nossas necessidades de aprimoramento. Para tal, é imprescindível esforço, perseverança e capacidade para transpor os desafios encontrados.

No livro Respostas da Vida, pg.7, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito André Luiz, encontramos: “(...) Não permita que a dificuldade lhe abra porta ao desânimo porque a dificuldade é o meio de que a vida se vale para melhorar-nos em habilitação e resistência”. Nessa citação percebemos que a resignação é um fator necessário para realizarmos esse processo. A reencarnação sempre será reeducativa, jamais punitiva.  A resiliência deve, também, se fazer presente afastando todo pensamento pessimista, para que cheguemos ao êxito almejado.

Na Revista Espírita de maio de 1866, pg.185, encontramos: “(...) O Espírito só se depura com o tempo, sendo as diversas encarnações o alambique em cujo fundo deixa de cada vez algumas impurezas”. Já em Efésios 4:23-24, temos: ”Renovai-vos, pois, no espírito do vosso entendimento e vesti-vos do homem novo”.

Isto posto, cabe a cada um cumprir com a sua missão soerguendo seu espírito, mas não esquecendo que, como cristãos, temos, também, o dever de auxiliar nossos irmãos. Não esperemos que nos batam à porta! Alcancemos a vastidão de criaturas carentes do alimento do corpo e da alma. (Resignar-se nas dificuldades é valorizar a experiência.)


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita