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por Cláudio Bueno da Silva

 

Relação entre homens e espíritos


Segundo o escritor José Herculano Pires, “mediunidade é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos” ¹. É um dom natural como o de falar, ouvir, ver, sentir... Esses dons do corpo põem o homem em relação com o mundo físico, enquanto a mediunidade favorece a percepção extrassensorial. É uma faculdade psíquica que precisa aprimoramento e educação constantes para atender melhor aos seus objetivos.

Da mesma forma que os sentidos materiais servem para o homem de instrumentação de progresso, a ação mediúnica serve para que ele se instrua e avance, desde que usada com critério e elevação de propósitos.

A pessoa que não sabe se expressar, que usa termos chulos ou inadequados, não consegue se comunicar com o seu meio, além de criar antipatias. Aquele que não aprendeu a ouvir entende as coisas segundo o seu prisma, e raramente compreende a posição dos outros. Aquele que não sabe ver distorce os fatos, comprometendo pessoas. Assim, os médiuns que não procuram educar a sua faculdade sujeitam-se a tropeçar em dificuldades como a obsessão, a mistificação, a perda ou suspensão da mediunidade etc., e vir a sofrer com isso.

Todos são chamados a servir de algum modo, segundo suas características individuais e necessidades evolutivas. Os que foram investidos da faculdade mediúnica ostensiva dediquem-se a ela, vendo-a como uma oportunidade ímpar de crescimento espiritual. Procurem estudá-la, exercitá-la com disciplina, bom senso e amor.

Esse convite ao estudo, à observação e à vigilância acaba servindo a qualquer indivíduo, já que todos somos médiuns, conforme enunciou Allan Kardec. Herculano Pires endossa essa ideia, pois, segundo ele, não há quem não tenha intuições, inspiração, pressentimentos e até visões. Não há quem não se relacione com os espíritos, de alguma forma. A mediunidade, portanto, é patrimônio da humanidade em geral, “faz parte da nossa natureza (...) é um elemento essencial da nossa constituição humana” ².

Dessa maneira, todos têm responsabilidades na construção do mundo melhor que se deseja, e a faculdade mediúnica é mais um recurso que Deus ofereceu ao homem para seu progresso moral e espiritual. Contudo, a responsabilidade é ainda maior para o médium que trabalha na casa espírita. Investido de tarefas, ele é o maior beneficiário do processo mediúnico, e deverá desempenhá-lo com os melhores recursos que dispuser. 

Para desincumbir com equilíbrio a função mediúnica é preciso conhecer seus mecanismos e seus objetivos. Além da boa vontade e do espírito de serviço, é fundamental o estudo permanente da teoria espírita, sem o que, o comprometimento com a tarefa fica prejudicado.

 

Referências:

¹ Herculano Pires, José. Mediunidade (Vida e comunicação), capítulo “Conceito de Mediunidade”. EDICEL.

² Idem, capítulo “Mediunidade estática”.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita