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por Luiz Guimarães Gomes de Sá

 

Renúncia: uma necessidade evolutiva


"E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a vida eterna."
 (Mateus, 19:29)


A Doutrina dos Espíritos revela-nos a imperiosa necessidade de evolução do ser humano. Os relatos são substancialmente ricos e convincentes. Sabemos que ao nascermos trazemos as “sombras” das vidas pretéritas, que correspondem aos hábitos cristalizados ao longo das nossas existências.

Esse modelo de “comportamento” repleto de equívocos está presente em todos nós e, como eram prática corrente, influenciam, ainda de forma contundente, tudo aquilo que pensamos e fazemos na presente encarnação. O que nos leva a evoluir são as virtudes, visto que nelas é que se encontram os valores morais, que ainda estão muito aquém das nossas conquistas e das exigências próprias da felicidade no Reino Celestial. Ao nos despojarmos dos apegos viciosos da matéria sentiremos o alívio da “perda” que nos conduzia à ansiedade, que, por sua vez, se esvai no vazio que não nos fará falta. É nesse estado de espírito que vivenciaremos a felicidade relativa nos momentos de nossas vidas.

Divaldo Pereira Franco, ao psicografar o livro Até o fim dos tempos, autoria do Espírito Amélia Rodrigues, pg.42, nos diz: “(...) Um sentido exclusivo tem a existência humana: a preparação para a sua imortalidade espiritual. Todos quantos transitam no carro físico, deixam-no e seguem com os valores amealhados emocionalmente, sejam quais forem”. Em certas situações deveremos levar em conta o valor da renúncia, que não deixa de ser um recuo, mas não significa necessariamente uma derrota... Há momentos em que se impõe essa postura, para que adiante e, após uma reflexão proveitosa, possamos avançar para o melhor e com mais segurança. Esse é o contexto de vida de todos nós e, quando antecipamos o conhecimento dessas necessidades, estaremos permitindo-nos uma melhor qualidade de vida e ascensão espiritual, decorrentes das preciosas experiências vividas.

Segundo Aristóteles (384-322 a.C.) “A felicidade consiste em uma atividade d’alma conforme à virtude. É o bem supremo, que tem um fim em si mesmo, sendo almejado por todos. O que constitui a felicidade são as ações virtuosas, e as atividades viciosas conduzem ao contrário”. Ele enfatizou com o seu entendimento as virtudes como sendo os elementos próprios a serem conquistados pelo ser humano, a fim de obter a felicidade. Destarte somos impelidos a renunciar às paixões inferiores que nos impedem alicerçar o nosso caminho evolutivo. Todos esses sentimentos nefastos estão atrelados às nossas vivências pretéritas. Essa luta interior, que considero ser a maior batalha que o ser humano trava consigo mesmo, está na dependência da vontade, da perseverança e da fé, para que possamos chegar à plenitude espiritual.

Reportemo-nos ao Livro dos Espíritos, questão 907: ”Será substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na Natureza? Resposta: Não; a paixão está no excesso de que se acresceu à vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal”.

No livro Caminho, Verdade e Vida, psicografia de Francisco Cândido Xavier, autoria de Emmanuel, cap. Renunciar, pg.161, temos: “(...) Observemos, portanto, o que representa renunciar por amor ao Cristo. É perder as esperanças da Terra, conquistando as do Céu”. Esse caminho é longo e não estamos livres das dificuldades que encontraremos.  

Tal qual o diamante que para reluzir passa por um processo árduo de lapidação, o Espírito com suas mazelas precisa, também, ser aprimorado em cada existência, para que faça brilhar a sua luz, segundo Mateus 5:26:  ”Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem o Pai de vocês que está nos céus”.  

É válido, ainda citar texto do livro Coragem, cap. Tuas dificuldades, pg. 7, psicografia de Francisco Cândido Xavier, autoria de Emmanuel: “(...) tuas dificuldades – tuas bênçãos. Nelas e por elas, encontrarás o estímulo necessário para que não te precipites nos despenhadeiros do orgulho, e nem te encarceres nas armadilhas do marasmo, prosseguindo, passo a passo, degrau a degrau, em tua jornada de burilamento e ascensão”. (Os percalços da vida oportunizam mudança de rumos.)


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita