Brasil
por Marinei Ferreira Rezende

Ano 17 - N° 834 - 30 de Julho de 2023

 

Newton Boechat, um dos grandes oradores espíritas de nosso país


 

Newton Boechat, orador e médium espírita conhecido nacional e
internacionalmente, nasceu em Apiacá, cidade do Interior do Estado do Espírito Santo, bem próximo à divisa com o estado do Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1928 e desencarnou, aos 62 anos, em 1990.

Foram seus pais Clodomiro Lemgruber Boechat e Himbelsa Boechat. Recebeu as primeiras letras em sua terra natal, passando a estudar, a partir dos 10 anos de idade, em Santo Antônio de Pádua, no estado do Rio, onde concluiu o curso secundário. O Espiritismo, a essa altura, já fazia parte de sua existência, pois seu avô, Júlio Boechat, tinha fama na região pelas curas que efetuava, sendo notáveis as reuniões mediúnicas que dirigia, com comunicações psicofônicas e doutrinação de Espíritos.

Por volta dos 17 anos mudou-se para Belo Horizonte, quando iniciou estudos na área das línguas neolatinas, em nível superior, graduando-se quatro anos depois. Através de concurso público foi admitido no antigo IAPETEC, hoje incorporado ao INSS.

Em Belo Horizonte fez amizade com vários membros atuantes do Movimento Espírita, tais como César Burnier, de quem se tornou grande amigo, Rubens Romanelli, Henrique Rodrigues, Camillo Chaves, iniciando visitas que se tomaram constantes a Pedro Leopoldo, quando conheceu Chico Xavier e o Dr. Rômulo Joviano. Nessa época, também, passou a falar constantemente nas reuniões públicas do Centro Espírita Luiz Gonzaga, enquanto o famoso médium mineiro recebia, por psicografia, as mensagens. Revezava-se, nesse mister, com Henrique Rodrigues, ficando a dupla de oradores e grandes amigos conhecida como “Cosme e Damião do Espiritismo”.

Durante o período de estudos, em Belo Horizonte, fundou, com grande dificuldade financeira, um jornal, em parceria com Gustavo Pancrácio, intitulado “A Luz do Mundo”. Esse jornal, contudo, não passou de 7 edições, mas nele foi publicada uma entrevista feita por ele com Pietro Ubaldi, quando este visitou Belo Horizonte e Pedro Leopoldo, por ocasião do encontro histórico com Chico Xavier, estando presentes Newton Boechat, Rubens Romanelli, César Burnier, Clóvis Tavares e outros.

Por volta de 1956 pediu e obteve transferência para o Rio de Janeiro, onde ficou até aposentar-se. Trabalhava também como tradutor juramentado, traduzindo textos em francês, que conhecia como poucos. A partir daí intensificou conferências por todo o Brasil, fora as inúmeras participações em reuniões mais íntimas e informais, as chamadas “reuniões do lar”, às quais comparecia, em casa de numerosos amigos, sempre expondo seus pensamentos com palavra clara e didática impecável, maravilhando os que o ouviam. Obviamente, destacava-se-lhe a memória prodigiosa, citando com exatidão o versículo, o capítulo, a página, o livro. Conhecia tudo de memória. Após sua desencarnação, nenhum livro foi encontrado em sua residência. Ele os dava aos amigos, após lê-los. O de que precisava, gravava no cérebro privilegiado.

A mediunidade mais ostensiva começou a se lhe manifestar no início da década de 1970, com o surgimento de vidência e audição espirituais. Por sua faculdade mediúnica vieram diversos poetas, como Azevedo Cruz, Auta de Souza, Lobo da Costa, Augusto do Anjos etc.

Viajou por diversos países da América do Sul, tendo feito palestras no Paraguai, Uruguai, Argentina e também na Europa, em fins da década de 1970, quando falou em Portugal, Espanha, Itália e França. Ao todo, realizou cerca de 7.000 palestras em todo o Brasil, conhecendo e se tomando amigo de espíritas em diversos municípios brasileiros. Nada o detinha nessa missão.

Como escritor, além de artigos publicados em periódicos como Reformador (órgão da Federação Espírita Brasileira), Obreiros do Bem (da Associação Espírita Obreiros do Bem), Jornal Espírita e a Folha Espírita (ambos de São Paulo), publicou as seguintes obras:


 

1. Ide e Pregai (FEB, 1971)

2. O Espinho da Insatisfação (FEB, 1980)

3. Do Átomo ao Arcanjo (Centro Espírita Casa de Caridade Aureliano, 1984)

4. Na Madureza dos Tempos 

(1987)

5. Aquém e Além da Fronteira de Cinzas (1990), estes três últimos em parceria com Gilberto Perez Cardoso.

Desencarnou, subitamente, em 22 de agosto de 1990, com muitos planos em mente, livros já delineados, no auge do entusiasmo. Deixou extensa sementeira luminosa de realizações e amizades e a promessa, manifestada após a desencarnação, de continuar as tarefas e voltar para cultivar, em espírito, as sementes que tão bem soube plantar.

Seu corpo foi sepultado no dia 23 de agosto, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Rio de Janeiro, tendo comparecido ao local diversos familiares e inúmeros amigos.


 
  


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita