Internacional
por Thiago Bernanrdes

Ano 17 - N° 833 - 23 de Julho de 2023

 

Madame d'Espérance, uma das grande médiuns da História
 

Elizabeth d'Espérance, ou Madame d'Espérance, cujo verdadeiro nome era Elizabeth Hope, foi médium de grande
projeção, tendo servido de instrumento para as pesquisas encetadas por muitos sábios de sua época.

Nascida em 13 de maio de 1849, em Edimburgo, Escócia, a médium faleceu em 20 de julho de 1918, aos 69 anos, na cidade de Leipzig, Alemanha.

Sua carreira no campo mediúnico alcançou grande notoriedade na Europa, especialmente na Inglaterra, e se estendeu por mais de 30 anos.

Num dos capítulos de sua obra História do Espiritismo, Arthur Conan Doyle dedica a ela um grande espaço e a consigna entre os grandes médiuns do mundo, do período de 1870 a 1900. As informações que se seguem têm como fonte a obra mencionada.

A médium se apresentou em público pela primeira vez, graças à interferência de T. P. Barkas, de Newcastle. A médium era, então, bem jovem e, no entanto, quando em transe, revelava grande discernimento e um grau elevado de sabedoria, bem acima do consenso comum. Inúmeras perguntas elaboradas por Barkas, envolvendo vários aspectos da Ciência, lhe eram apresentadas e as respostas saíam de sua boca com enorme rapidez, geralmente no idioma inglês, embora em certos casos fossem dadas em alemão ou em latim.

A médium viveu em meio dos casos mais estranhos, desde a mais tenra idade, pois, em suas memórias, ela descreve suas aventuras com Espíritos de aparência infantil, que com ela brincavam, altercavam-se e logo após se reconciliavam. Suas faculdades mediúnicas foram das mais portentosas e se intensificaram com o decorrer dos anos, especialmente no campo das materializações, onde conseguiu resultados verdadeiramente impressionantes. Na obscuridade escrevia respostas sofisticadas às questões formuladas por pessoas que as buscavam em uma biblioteca inteira. Tais indagações eram formuladas de forma aleatória, em inglês, alemão ou latim e mereciam respostas no mesmo idioma, sem qualquer espécie de erro de estilo ou de gramática.

Por seu intermédio encetaram-se várias e frequentes experiências com o Espírito de belíssima jovem árabe, de negra e ondulada cabeleira, de pele morena e muito graciosa. A médium demonstrou notável capacidade nos fenômenos de materializações, principalmente na formação de plantas que passavam a ter prolongada duração e que eram colocadas em jardins.

Afirmou o Dr. William Oxley que conseguiu, por meio da médium, a materialização de 27 rosas e outras plantas em uma só sessão. Dentre essas plantas salientava-se uma cujo nome científico era "Ixora Crocata", que foi colocada numa estufa e ali viveu cerca de três meses, quando então se secou.

Oxley também presenciou a materialização, com grande nitidez, de uma jovem de rara beleza, a qual, após apresentar-se em toda a sua magnitude começou a desmaterializar-se, a começar pelos pés, como se fora uma estátua de cera colocada sobre uma placa quente. Vários outros comentários de Oxley estão contidos em sua obra Revelações Evangélicas.

O conde Alexander Aksakof também realizou várias pesquisas com a famosa médium, obtendo resultados positivos, sucedendo o mesmo com o professor Butlerof, catedrático de Química da Universidade de Petersburgo.

Certa manhã, a médium, estando ocupada em escrever algumas cartas comerciais, em dado momento verificou, com espanto, que sua mão havia escrito automaticamente o nome Swen Stromberg. Ninguém soube explicar de quem se tratava. Algum tempo após, quando Aksakof e Buttlerof faziam experimentações no sentido de fotografar Espíritos materializados, atrás da médium apareceu também a figura de um homem. Consultado, o mentor espiritual explicou tratar-se de um personagem cujo nome era exatamente Swen Stromberg, o qual havia desencarnado no dia 13 de março daquele ano, em New Stockholm, e pedia que seus pais fossem avisados sobre o seu falecimento. Os pais, quando viram a fotografia reconheceram de pronto o filho que havia desencarnado.

Na introdução escrita para o livro Shadow Land, de Madame d’Espérance, Aksakof rende um alto tributo a ela como mulher e como médium e diz que, tanto quanto ele, ela se achava interessada em achar a verdade, motivo pelo qual se submetia de boa vontade a todos os testes que lhe impusessem.

Um interessante incidente na carreira de Madame d’Espérance foi seu êxito em reconciliar o Professor Friese, de Breslau, com o Professor Zöllner, de Leipzig. O rompimento desses dois amigos ocorrera por força da profissão de fé espírita de Zöllner. Ocorre que a médium foi capaz de dar tais provas a Friese que ele não mais contestou as conclusões de seu amigo.

A última parte da vida de Madame d’Esperance, passada principalmente na Escandinávia, foi amargurada pela doença adquirida no choque que sofreu no chamado “desmascaramento”, quando o Espírito materializado de Yolanda foi agarrado por um pesquisador desavisado de Helsingfors, em 1893.

No último capítulo de seu livro o assunto é abordado por ela:

“Os que vierem depois de mim talvez venham a sofrer quanto eu tenho sofrido pela ignorância das leis de Deus. Quando o mundo for mais sábio do que no passado, é possível que os que tomarem as tarefas na nova geração não tenham que lutar, como lutei, contra o fanatismo estreito e os julgamentos duros dos adversários.”

Sobre a vida e a obra de Madame d'Espérance, vale a pena assistir à palestra que o estudioso espírita Wanderlino Arruda a ela dedicou e cujo vídeo pode ser visto clicando-se neste link


 
  


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