Revestir de Cristo

Início do recesso escolar. Entre reuniões do conselho de classe e a preocupação com o desempenho e o comportamento dos jovens, é possível perceber a extensão e a complexidade da Educação.

Ney Lobo (1919-2012), eminente Professor Espírita, curitibano de nascimento, utilizou em uma de suas obras a expressão “afloramento das perfeições” para explicar a encarnação e, consequentemente, os desafios da Educação do Espírito. Quanta sensibilidade!

Afloramento é sinônimo de exteriorização das potencialidades do ser. Reencarna-se para que as perfeições sejam trabalhadas, e não como o senso comum entende, que a reencarnação é para trabalhar as mazelas da alma. É uma mudança sutil, como sutil é o progresso do Espírito.

Por isso o Professor Ney Lobo diz, em outro momento de sua profunda obra, que potencial é aquilo que é, antes de ter sido. Pensamento, talvez, inspirado em Aristóteles quando se utiliza da metáfora da semente para explicar ato e potência.

E essas reflexões desencadeiam uma série de outras reflexões subjacentes, quando, no afã de asserenar a mente diante das circunstâncias e dos desafios, o cristão busca beber na fonte de água viva o elixir do esclarecimento e da luminosidade capaz de sobrepor os impedimentos transitórios. Não há absolutamente nada na Terra, que resista ao Amor do Cristo. Absolutamente nada é capaz de ser mais poderoso do que o Amor Daquele que demonstrou o que é capaz uma alma com suas potencialidades afloradas...

Por isso recordamos da mensagem de Paulo de Tarso aos Gálatas (3:27), quando disse que “porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo”.

É o próprio Paulo de Tarso quem nos socorre no esclarecimento dessa passagem, quando em carta aos Colossenses (3:10), explica que essa mensagem significa “(...) vestistes do novo, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”.

Por maior que seja o desejo de amparar, carregar, apontar os perigos do caminho, o papel do educador é de educar-se, revestir-se de Cristo, no sentido de vestir do novo, daquilo que renova para o conhecimento pleno. O que nos lembra a frase que circula pelas redes sociais (alguns atribuem a Einstein, mas não confirmamos), que “não podemos resolver problemas usando o mesmo tipo de pensamento que usamos quando os criamos”.

Conhecimento que ilumina caminhos, que fortalece os passos em direção ao mais Alto. Conhecimento que transforma e permite que aflore o potencial daqueles Espíritos reencarnados com a linda missão de serem uma versão melhor deles mesmos, porque o potencial é latente em cada um. O papel do educador, que somos todos, de alguma forma, pais, instrutores, tutores, expositores, entes queridos, é identificar o potencial em cada criança, jovem e adulto, estimulando-os na exteriorização dos valores perenes, vivenciado pelo Maior Educador que a Terra já viu. Como se diz no popular, "pessoas apontando defeitos já existem demais"...

É um trabalho de preparação para a Vida Futura (Evangelho Segundo o Espiritismo), cuja floração começa agora, “quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória” (Colossenses, 3:4).