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por Martha Triandafelides Capelotto

 

Ansiedade


Nós não precisamos ser da área da saúde para percebermos que algo está acontecendo com muitas pessoas, as quais estão recorrendo aos consultórios médicos, principalmente aos terapeutas, queixando-se de síndromes diversas, como depressão, ansiedade, transtorno do pânico, fobias, dentre outras.

Qual seria a razão para esse crescente número de transtornos?

Por incrível que possa parecer, uma das razões encontra-se no desenfreado desenvolvimento da tecnologia, que, ao lado de proporcionar confortos antes inimagináveis, paradoxalmente, vem gerando fatores desencadeantes do estado de ansiedade, atrelado ao excessivo materialismo, que atinge o seu ápice.

Devo destacar inicialmente que não sou avessa às modernidades, tampouco à tecnologia, mas, sim, à forma como essa tecnologia está sendo utilizada em alguns aspectos.

Sempre, de algum modo, procuro lançar informações para que possamos buscar refletir sobre determinados assuntos, movida apenas pelo desejo de que outras pessoas possam inteirar-se de coisas relevantes. Em assim sendo, ao ler uma obra intitulada “A Cura Espiritual da Ansiedade”, de Alírio de Cerqueira Filho, um desejo me impulsionou a escrever e deixar minha contribuição para o despertamento de alguns que já convivem com essas patologias.

Dentre os fatores que podem desencadear a ansiedade destaco o hedonismo (busca desenfreada pelo prazer), o niilismo (crença no nada), o relativismo (todos os juízos são flutuantes e permissivos, as questões morais se tornaram relativas), o consumismo (a palavra de ordem é ter: objetos, coisas supérfluas, informações, relações interpessoais etc.), o erotismo (consumismo do sexo de todas as formas possíveis e imagináveis), a coisificação (o ser humano é transformado em um objeto de consumo e vale pelo que consome), o superficialismo (ansiedade por viver como todo mundo, porque senão será superado), o sentimento de urgência (com o avanço da tecnologia, carregamos nas mãos, o tempo todo, smartphones, tablets, Ipods etc.), fazendo com que muitos vivam num estado de alerta, como se as mensagens não pudessem esperar um minuto, gerando desatenções perigosíssimas, principalmente no trânsito, inversão de valores (o que é principal é colocado como secundário e vice-versa) e, por fim, o vazio existencial (resultado de se colocar o espiritual como secundário ou desnecessário), dentre outros.

E por que foi apontada a tecnologia como fator desencadeante da ansiedade? Não há acima questões de foro filosófico, de visão de vida, independente de quanto estamos modernos? É que, imagino, a tecnologia traz uma quantidade de informações, de vivências dos outros, que passam a ser objeto de consumo por todos. Quase todo mundo posta suas viagens, suas comidas, suas festas, seus sucessos, incitando a uma competitividade desenfreada. “Se eu não tiver ou fizer o que outro tem ou está fazendo, eu sou inferior”, pensam muitos, esquecendo-se de que o mais relevante para todos é sermos melhores, e não termos.

Em assim sendo, há uma necessidade urgente de se mudar esse estado de coisas.

E como fazê-lo?

Mais uma vez, será conhecer essas questões com mais aprofundamento. Estamos condicionados a fugir de nós mesmos, em um processo de autoengano. Vivemos voltados para as coisas externas, em movimentos de superficialidade, que nos atrapalham a marcha evolutiva.

Fundamental será buscar a realidade interior para superar a tendência à acomodação e à fuga ao autoconhecimento. Nossas escolhas não podem operar-se inconscientemente, automaticamente, sem vigilância.

Tecnologia sim, sempre, como facilitadora do nosso cotidiano, porém sem descuidar das questões morais, espirituais que nos levam a um estado de paz interior, de aquietamento de nossa alma, muitas vezes fatigada pelo movimento atordoante, mas que pode ser embalada pela musicalidade do movimento universal.

 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita