Artigos

por Rogério Coelho

 

Os primórdios da religião e as revelações consequentes

 

A atividade religiosa nasceu por instituto mundial de higiene da alma.


“Uma religião que não estivesse, por nenhum ponto, em contradição com as Leis da Natureza, nada teria que temer do progresso e seria invulnerável.” 
Allan Kardec[1]

 

Ensina-nos o Mestre Lionês[2] que “(...) a história da origem de quase todos os povos antigos se confunde com a da religião deles, donde o terem sido religiosos os seus primeiros livros. E como todas as religiões se ligam ao princípio das coisas, que é também o da humanidade, elas deram, sobre a formação e o arranjo do Universo, explicações em concordância com o estado dos conhecimentos da época.  (...) À medida que o homem se foi adiantando no conhecimento dessas leis, também foi penetrando os mistérios da Criação e retificando as ideias que formara acerca da origem das coisas”.

Os nobres mentores espirituais Emmanuel e André Luiz oferecem-nos fartos e ricos subsídios para compreendermos a origem da religião e a sobriedade do Mais Alto em dosar homeopaticamente as Revelações propiciadoras do aprimoramento da humanidade, mostrando-nos não só a bondade do Pai Celestial como dando-nos a certeza de que a Terra não é um barco à matroca como parece ser, mas, ao contrário, possui Governo e as Potestades Celestiais dóceis ao Divino Comando agem incessantemente em nosso benefício.

A Terra assemelha-se a uma casa em reforma... Portanto, ao caos momentâneo se sucederá a paz, a organização e a felicidade da criatura humana.  É só uma questão de tempo...

Narra André Luiz[3]: “(...) ainda na origem dos tempos, estabelecido o princípio da justiça e aflorando a mentação incessante, o homem começou a examinar em si mesmo o efeito das próprias ações de modo a crescer conscientemente para a sua destinação de filho de Deus, herdeiro e colaborador da Sua obra divina. Espicaça-lhe, então, a curiosidade construtiva.

Faminto de elucidações adequadas quanto ao próprio caminho ergue as antenas mentais para as estrelas, recolhendo os valores do espírito que lhe consubstanciam o patrimônio de revelações do Céu, através dos tempos.

Era necessário satisfazer ao acrisolamento do seu veículo sutil, na essência íntima, assegurar-lhe o transformismo anímico, revesti-lo de luminosidade e beleza e apurar-lhe os princípios para que, além do círculo humano, pudesse retratar a glória dos planos superiores. Para isso o pensamento reclamava orientação educativa, de modo a despojar-se da espessa sedimentação de animalidade que lhe presidia os impulsos.

Exigia-se-lhe a depuração da atmosfera vital, imprescindível à assimilação da influência divina. E a atividade religiosa nasceu por instituto mundial de higiene da alma, traçando ao homem diretrizes à nutrição psíquica, vez que, pela própria perspiração, exterioriza os produtos elaborados na usina mental, em forma de eflúvios eletromagnéticos, nos quais se lhe corporificam, em movimento, os reflexos dominantes, influenciando o ambiente e sendo por ele influenciado.

A ciência médica, rica de experimentação e de lógica, surgiria para corresponder às necessidades do corpo físico, mas a tarefa religiosa viria ao encontro das civilizações, plena de inspiração e disciplina, patrocinando a orientação do corpo espiritual, em seu necessário refinamento”.

Complementando as palavras de André Luiz, esclarece Emmanuel[4]“(...) as primeiras organizações religiosas da Terra tiveram, naturalmente, sua origem entre os povos primitivos do Oriente, aos quais enviava Jesus, periodicamente, os Seus mensageiros e missionários.

Dada a ausência da escrita naquelas épocas longínquas, todas as tradições se transmitiam de geração a geração através do mecanismo das palavras.   Todavia, com a cooperação dos degredados do sistema de Capela, os rudimentos das artes gráficas receberam os primeiros impulsos, começando a florescer uma nova era do conhecimento espiritual, no campo das concepções religiosas. Os vedas que contam mais de seis mil anos, já nos falam da sabedoria dos Sastras, ou grandes mestres das ciências hindus que os antecederam de mais ou menos dois milênios, nas margens dos rios sagrados da Índia. Vê-se, pois, que as ideias religiosas nasceram com a própria humanidade, constituindo a alicerce de todos os seus esforços e realizações no plano terrestre”.

Retomemos, para finalizar, o pensamento de André Luiz3“(...) a espiritualidade sublime amparando o homem, jamais lhe menosprezou a sede de consolo e esclarecimento. Quanto mais angustiosos se lhe esboçavam os problemas da dor, com a guerra íntima entre a razão e a animalidade, grande massa de Espíritos ilustrados, mas decaídos de outro sistema cósmico renasceu no tronco genealógico das tribos terrestres, qual enxerto revitalizador, embora isso representasse para eles amarga penitência expiatória.

Constituiu-se desse modo a raça adâmica, instilando no homem renovadas noções de Deus e da vida.  Levantam-se, então, as organizações religiosas primordiais", que sofreriam mais tarde o obscurantismo da densa e negra noite medieval para ressurgir em esplendente madrugada de luz em meados do século XIX, ao ser plasmada na Terra, pelas mãos de Allan Kardec, auxiliado pelos Espíritos Superiores, a esperançosa expressão do "Consolador" prometido por Jesus.

Nasce o Espiritismo, que é a revivescência do Cristianismo Primitivo, sem enxertias dolosas, desenhando o perfil da definitiva, verdadeira e emancipadora Religião do Futuro para gáudio da humanidade até então infeliz e desesperada.        


 

[1] - KARDEC, Allan. A Gênese. 43.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. IV, item 10

[2] - KARDEC, Allan. A Gênese. 43.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. IV, itens 1 e 2.

[3] - XAVIER, F. Cândido. Evolução em dois mundos. 7.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1983, cap. XX.

[4] - XAVIER, F. Cândido. A caminho da luz. 37. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2008, cap.  IX.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita