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por Jane Martins Vilela

 

Infância


“Apresentaram-lhe criancinhas a fim de que ele as tocasse; e como os discípulos afastassem com palavras rudes aqueles que as apresentavam, Jesus, vendo isso, zangou-se e lhes disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham. Eu vos digo, em verdade, todo aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará. E as tendo abraçado, as abençoou, impondo-lhes as mãos
...” (Marcos, cap. X, v. de 13 a 16.)


Na questão 383 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta qual é a utilidade para o espírito, de passar pelo estado de infância. Os espíritos respondem que encarnando-se para se aperfeiçoar, o espírito nesse período é mais acessível às impressões que recebe e que podem ajudar seu adiantamento, para o qual devem contribuir aqueles estão encarregados de sua educação.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, Santo Agostinho, no capítulo XIV, item 9, comenta que desde o berço a criança manifesta os instintos bons ou maus, que traz de sua existência anterior; é a estudá-los que é preciso se aplicar. Diz ele que todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho e é preciso espreitar os menores sinais que revelem isso e combatê-los antes que lancem raízes profundas. Orienta–nos a sermos como os bons jardineiros, que arrancam os maus brotos à medida que os vê despontar sob a árvore. Se deixais desenvolver o egoísmo e o orgulho, diz ele, não vos espanteis de serdes mais tarde pagos pela ingratidão. Comenta ele que, se os pais fizeram tudo para o adiantamento moral de seus filhos, não têm censuras a se fazer e sua consciência pode estar tranquila se não o conseguiram. O conhecimento da reencarnação dá a esses pais a certeza de que isso é um atraso e que em outra existência conseguirão acabar o que iniciaram nesta.

Vemos a grande responsabilidade da paternidade. Muitos têm filhos sem sequer pensarem nisso. As crianças de hoje pedem socorro.

No mundo, vemos pais e mães, optando, quando o podem, pelo trabalho em “Home Office”, para ficarem em casa e poderem participar da educação de seus filhos, estarem próximos, vê-los crescer. Já experimentaram ver as crianças crescerem sem o amor e a educação que deveriam e os efeitos desastrosos disso e estão escolhendo ficar junto de seus filhos, alguns até alegando que a infância passa rápido e na adolescência partirão de casa, para estudarem mais distante, fazerem faculdade ou trabalharem fora, ou constituírem a própria família.

Na Finlândia, considerado o melhor país do mundo para se viver pela sexta vez consecutiva e verificado que lá é o país mais feliz do mundo, algumas coisas a população vivencia e que poderiam ser exemplos para outros. Valoriza-se o que se tem, sem invejar o vizinho e sem querer parecer mais do que se é. Pessoas ricas levam seus filhos para a escola de metrô ou de ônibus, quando poderiam ir de carro. Dá-se extremo valor à honestidade. Numa avaliação, de 16 carteiras de dinheiro esparramadas nas ruas do país, foram devolvidas 12, considerado um número elevado. Valoriza-se o “verde”, a vegetação. As florestas. As casas abrem-se para o verde, como se estivessem em bosques ou florestas. Deve-se ter verde em casa. As crianças podem brincar soltas, sem necessidade de supervisão. Exemplos falam mais que mil palavras. Muitas casas não têm eletricidade. Não se prendem em televisão ou computadores. Vivem vida simples.

São ricos, mas se portam quase como diz O Livro dos Espíritos sobre o que se precisa para se ter a felicidade na Terra tendo a posse do necessário, sem se perturbarem tanto. Necessária a consciência tranquila, a posse do necessário e a fé no futuro, dizem os espíritos. Como são ricos, têm tudo o que precisam, mas não invejam aquilo que não têm.

Bons ensinamentos para os nossos filhos.

Pobres filhos brasileiros, muitos se sentindo sós e abandonados pelos pais, embora tudo tendo! Não têm a presença dos pais, que é o que mais gostariam de ter. Os pais têm trabalhado demais, para darem a seus filhos os bens materiais que desejaram na infância e que não puderam ter. Querem dar todos os bens materiais e todas as facilidades para seus filhos, esquecendo-se que forjaram sua retidão de caráter com os exemplos e educação de seus pais e com as dificuldades que passaram e venceram.

Não condenamos, nem julgamos. Maravilhoso o desejo dos pais de darem o melhor, mas não se esquecerem que o melhor não são as coisas, são eles mesmos, sua presença, seus exemplos de bondade e de amor, famílias estruturadas em moralidade, amor, respeito.

Conversamos com milhares de crianças em nossa vida, desde seus seis anos de idade, quando já expressam seus sentimentos, até a adolescência.

Pudemos conversar com criança de 7 anos, cujos pais trabalhavam o dia inteiro, voltavam para casa às 19 horas e dormiam às 21 horas e que ela, a criança, ficava acordada, sozinha e vendo tudo o que queria na televisão, até as 2 da manhã. Estava cheia de problemas de saúde e dificuldade de comportamento. Caso só para ilustrar.

Um menino, outro caso para ilustrar, de 8 anos, chorando nos disse que sua mãe não gostava dele, que só gostava de trabalhar e que nas apresentações da escola, todas as mães iam, menos a dele, que estava trabalhando. Passava ao filho, inconscientemente, de que ter coisas materiais e dinheiro era mais importante do que ele.

A criança deseja os pais perto dela, são quem ela ama.

Um outro caso, de uma menininha de 8 anos, cuja mãe nos contou. Essa mãe estava achando que era rigorosa demais com a criança. Não a deixava sair sozinha, nem ir em casas de amiguinhas cujos pais ela não conhecia. Estava se culpando. Presenciou sua filha, em sua casa, brincando com uma amiguinha. As duas conversavam, sem saberem que ela podia ouvir. A amiguinha lhe contou que podia tudo. Saía e voltava quando queria, vestia o que queria, passava esmalte e batom, com 8 anos de idade!

A filha dela então disse a essa amiguinha que queria que a mãe dela fosse como a da amiguinha. Essa então, chorando lhe disse: pois eu queria que a minha fosse igual à sua. A sua cuida de você, ela te ama. A minha, não! Nem liga para mim, nem sabe que eu existo, eu faço o que eu quero e ela não se importa!

Essa mãe, que ouviu isso, sorriu e nos disse que viu que estava agindo certo pela colocação da menininha amiga da sua, de apenas 8 anos!

Como é importante a educação e a presença! Há muitas mães heroicas, se sacrificando no trabalho, longe de seus filhos. Gostariam de ficar com eles e não podem. Precisam trabalhar, para suprirem as necessidades da família, que ficaria em dificuldades, sem seu esforço.

A mulher luta muito por seus direitos, o que é louvável. Deveria nessa situação, tentar uma lei que reduzisse sua carga horária de trabalho para meio período, com salário integral, para poderem ficar com seus filhos mais tempo. As nações desenvolvidas do planeta estão vendo as mães voltando para casa, para ficarem com seus filhos.

Educar é amar, por limites, ter presença, fazer a criança sentir que é amada, do contrário, vai crescer achando que seus pais não a amaram.

Educar é saber também dizer não. Cuidado com meninas de 3 anos, 4 anos, 5 anos, usando esmalte e batom, porque querem imitar as mães, tias, avós... e estão tendo permissão por aqueles que não sabem dizer não. Depois vão desesperados aos pediatras porque suas crianças de 7 anos estão desenvolvendo caracteres sexuais precocemente, com possibilidades de puberdade precoce.

Estão deixando as crianças fazerem o que querem, sem limites, os meninos, muitos agressivos, muitos estagiando na violência. Não é e estranhar quando a violência explode.

Criança deve ser educada no amor e no bem, com disciplina e bondade, gentileza e respeito, com afeto, para ter tempo de crescer e ser aquele ser que pode fazer o mundo um pouco melhor amanhã.

Eduquemos com Jesus. Deixemos as criancinhas irem até ele, passemos seus ensinos para os que amamos. Se não se tornarem as pessoas de bem que gostaríamos, por sua escolha própria, podemos ficar em paz, por termos tentado e feito o melhor. A escolha do caminho é do espírito imortal, mas a orientação da estrada a seguir é de sua família.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita