Brasil
por Leonardo Marmo Moreira

Ano 17 - N° 822 - 7 de Maio de 2023

 

Divaldo, 96 anos!


Certa vez, Chico Xavier teria afirmado que “começar é fácil, perseverar é difícil e concluir a tarefa é para poucos”. Essa reflexão faz-nos lembrar do próprio Evangelho: “Aquele que perseverar até o fim, este, sim, será salvo”.

Ao avaliar tais sentenças, é inevitável lembrar de uma figura ímpar na história do Espiritismo: Divaldo Pereira Franco.

Analisar a vida e a obra de Divaldo Pereira Franco não se trata de tarefa trivial. De fato, os números dessa trajetória são gigantescos. Divaldo representa um missionário polivalente, cuja riqueza de habilidades intelecto-morais e áreas de atuação chega a sensibilizar os indivíduos mais talentosos de nossa sociedade. Ademais, sua determinação, consistência e produtividade no trabalho espírita são verdadeiramente inspiradoras para quaisquer trabalhadores espíritas, abrangendo tanto os neófitos como os companheiros mais experientes.

Também é difícil escolher uma área central em seu trabalho, tamanha é a relevância qualitativa e quantitativa de suas respectivas atuações no movimento espírita propriamente considerado e na sociedade como um todo.

Na última sexta – 5 de maio - Divaldo Franco completou 96 anos de idade e 76 anos de oratória espírita. São números impressionantes até mesmo em comparação com outros grandes vultos da história do Espiritismo.

No que se refere à mediunidade, suas manifestações ostensivas superam 90 anos de ocorrências contundentes, as quais são profundamente persuasivas, em função da qualidade, originalidade e coerência de suas informações. Vale frisar que Divaldo sempre atuou na mediunidade e no movimento espírita gratuitamente, em perfeita concordância com as diretrizes de Jesus e Kardec.

A ação de Divaldo também contempla um esforço de renovação, para não dizer de renascimento, do movimento espírita internacional. Ademais, abrangendo integralmente a tarefa espírita, Divaldo sempre valorizou e deu oportunidades a novas lideranças de nosso movimento, a destacar, entre outros, seu fundamental apoio no início das atividades mediúnicas e doutrinárias do excepcional missionário espírita, José Raul Teixeira, o que é, inclusive, enfatizado pelo próprio Raul.

Detentor de um conhecimento espiritualista e espiritista superior e de um carisma acolhedor, Divaldo tornou-se a voz espírita mais requisitada pelos veículos de massa da nossa imprensa, apresentando os princípios espíritas com rara beleza para céticos, leigos e simpatizantes. Outrossim, Divaldo foi convidado, em diversas oportunidades, a atuar como expositor espírita em relevantes instituições, tais como a própria Organização das Nações Unidas (ONU) e diversas renomadas universidades.

Generoso, Divaldo jamais deixou de valorizar importantes nomes do Espiritismo, do presente e do passado, muitos deles, inclusive, até relativamente esquecidos.

Juntamente com devotados colaboradores, tais como Nilson de Souza Pereira, construiu um centro espírita que representa uma referência de qualidade espiritista. Tal excelência não se restringiu ao trabalho exclusivamente evangélico-doutrinário, mas gerou uma obra social de valor inestimável. Nesse contexto, vale frisar que Divaldo adotou cerca de 700 crianças e auxiliou um número incontável de famílias socioeconomicamente carentes.

Na área mediúnica, além da orientação segura à luz dos postulados kardequianos, que dispensou a mãos cheias em suas mais de 20 mil palestras pelo Brasil e pelo Mundo, publicou quase 300 livros psicografados por vários mentores espirituais de notável e diversificada capacidade, tais como Joanna de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda, Vianna de Carvalho, Victor Hugo, Marco Prisco, Otília Gonçalves, Carlos Juliano T. Pastorino, R. Tagore etc.

Possuidor de uma alegria de viver contagiante e permanente, dividiu com o Brasil e com o Mundo seu ideal superior e suas luzes espirituais, contribuindo, significativamente, na formação de várias gerações de trabalhadores espíritas, os quais permanecem nas lides espiritistas em atividades para a divulgação da mensagem da Terceira Revelação.

Representando, indiscutivelmente, um exemplo expressivo de longevidade e fidelidade a Jesus e a Kardec, sempre esteve aberto ao chamado “diálogo interreligioso”, promovendo encontros com líderes de distintas denominações, visando ao fortalecimento da tolerância religiosa em nosso país bem como à troca fraterna de informações entre os diferentes representantes do Espiritualismo como um todo.

Apoiando e sendo apoiado por instituições líderes de nosso movimento, forneceu valiosa contribuição em eventos de variadas abrangências, esforçando para que a unificação do movimento ocorra, tendo por base a união dos confrades, conforme a segura orientação do Espírito Doutor Bezerra de Menezes, que vem agindo intensamente a seu lado, já há muitas décadas.

Aberto às novas tecnologias e estratégias de comunicação, sempre esteve predisposto à participação em trabalhos através de novas ferramentas de divulgação doutrinária.

Inspirado e prudente, soube dosar, com elegância, informações sobre temas polêmicos, não deixando de esclarecer sobre assuntos complexos, a fim de que nosso movimento não ficasse estagnado no tempo. Por outro lado, sua abordagem sempre foi efetuada com muito tato e respeito pelos confrades que apresentavam opiniões divergentes.

Dono de números incontestes em sua obra espírita, permanece atuando de forma alegre e responsável, jovial e conteudista em sua ampla agenda de compromissos doutrinários.

Nem sempre compreendido, soube lidar de forma mui respeitosa com todas as discussões e debates inerentes ao processo inovador da Fé Raciocinada, através da busca, sempre crescente, pela “Aliança entre a Ciência e a Religião”.

Ao cogitarem um filme sobre sua vida, após muita resistência, concordou com a respectiva elaboração, desde que ele, Divaldo, revisasse o roteiro, a fim de que os relatos, sobretudo aqueles referentes às vivências mediúnicas, apresentassem a maior precisão possível, visando ao posterior aproveitamento didático do filme por parte dos estudiosos espíritas e dos simpatizantes do Espiritismo.

Ao tomar conhecimento de uma campanha para submeter seu nome para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz, agradeceu ao carinho e ao reconhecimento dos amigos e confrades que apresentaram a proposta, mas solicitou, de maneira muito delicada, que a campanha fosse interrompida. Fez lembrar o próprio Chico Xavier, que, ao saber do resultado do Prêmio Nobel do ano em que foi candidato, concluiu que ele, Chico, não havia ganhado o “Prêmio da Paz”, mas que tinha permanecido com a “Paz do Prêmio”.

Ainda em plena atividade doutrinária, Divaldo continua sendo uma referência e um professor para todos nós que, nos diversos setores do movimento espírita, procuramos aprender a começar a servir.

Certamente, a atuação de Chico Xavier e Divaldo Franco foram decisivas para que as sociedades brasileira e mundial aceitassem e respeitassem o movimento espírita, favorecendo um desenvolvimento mais tranquilo do trabalho espírita por parte das novas gerações. Realmente, o preconceito contra o Espiritismo foi substancialmente minimizado nas últimas décadas, em grande parte, graças à atuação desses dois baluartes de nosso ideal.

Divaldo, que já foi chamado de “O Semeador de Estrelas” e “O Paulo de Tarso dos tempos modernos”, recebeu um gentil e delicado elogio de Chico Xavier: “Divaldo tem uma estrela na boca”. Ainda assim, o singelo “Tio Di”, enunciado pelas crianças da “Mansão do Caminho”, não poderia ser esquecido por ser utilizado por tantos pequeninos reencarnantes que têm em Divaldo o apoio para o início de suas tarefas na existência física.

Ao concluir nossas despretensiosas reflexões sobre o nobre médium, orador e dirigente espírita, só podemos afirmar: Por tudo o que recebemos de ti, Divaldo, o nosso muito obrigado!

Que Jesus e Kardec continuem abençoando a sua caminhada hoje, amanhã e sempre!

 
  


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita